“Nunca imaginei na minha vida que fosse passar por isso”. O desabafo é de Isaías de Paula, pai de Lucas Martins de Paula, de 21 anos, brutalmente espancado e assassinado ao sair da casa noturna Baccará, em Santos. O caso completou um ano nesta semana, com dois réus presos e dois foragidos. Desolada, a família pede justiça e promove um ato pela conscientização contra a violência.
Isaías lembra que a relação familiar com o filho era de harmonia. “Ele era muito dedicado nas coisas que fazia, desde pequeno, nos estudos... Sempre teve vontade de aprender”. Lucas cursava o 4º ano de Engenharia Elétrica e trabalhava em uma prestadora de serviços.
Pai e filho tinham o hábito de surfar juntos em Santos. “A gente sempre se organizava para o Lucas trabalhar de manhã e ir surfar à tarde, era um parceiro”.
Um ano de saudade
Após um ano do crime, Isaías falou sobre o sentimento de revolta, e como lida com a dor da perda no dia a dia. “É um momento muito difícil para mim, para minha esposa e para minha filha. É uma situação que eu não consigo mensurar, não dá para falar ‘a dor é assim’. É um negócio absurdo. Então, a gente luta para ir levando a vida da gente, mas é uma montanha russa. É absurda a dor da falta que ele faz”, desabafa.
De acordo com o pai, não há um minuto sequer em que passem sem pensar no filho. “A dor chega a ser insuportável. No dia a dia, a gente procura dar continuidade às nossas vidas, mas às vezes dá uma sensação de que a gente não vai conseguir ir adiante”.
Luta por justiça
A fim de divulgar a violência sofrida pelo filho, a família pede que o caso não caia no esquecimento. Apesar do sentimento de revolta, o desejo de que a justiça seja feita e os culpados sejam presos prevalece. “A gente vai conseguindo driblar aquela sensação de ódio que a gente sente por ter perdido um filho da maneira como foi. Uma agressão daquela, uma covardia, ele sem chance nenhuma de escapar dali”.
Para trazer a questão novamente à tona, uma manifestação foi organizada pela família e será realizada no próximo dia 28 de julho, um dia antes da morte de Lucas completar um ano. O intuito, de acordo com Isaías, é ressaltar que a violência existe e deve ser combatida.
A manifestação acontecerá na Praça das Bandeiras, na orla do bairro Gonzaga, em Santos, onde será estendida uma faixa. Em seguida, o grupo marchará até a Praça Independência, onde haverá um abraço simbólico em memória a Lucas.
“Hoje, a gente tenta conscientizar o maior número de pessoas para que, por meio desse manifesto, possam levar essa ideia de justiça para outros, e que não passe despercebido", explica o pai. “A vida de um jovem e de qualquer pessoa não pode ser ceifada do jeito que foi. Meu filho não tinha nenhuma doença, ele foi brutalmente assassinado”, finaliza.