Pai de jovem morto no Baccará lembra momentos com filho e pede justiça: 'Dor absurda'

Lucas Martins de Paula, de 21 anos, morreu após ser brutalmente agredido por seguranças da casa noturna, no ano passado. Dois réus estão foragidos

Por: Marcela Ferreira & De A Tribuna On-line &  -  13/07/19  -  12:05
Jovem de 21 anos morreu após ser brutalmente agredido por seguranças da casa noturna Baccará
Jovem de 21 anos morreu após ser brutalmente agredido por seguranças da casa noturna Baccará   Foto: Arquivo Pessoal

“Nunca imaginei na minha vida que fosse passar por isso”. O desabafo é de Isaías de Paula, pai de Lucas Martins de Paula, de 21 anos, brutalmente espancado e assassinado ao sair da casa noturna Baccará, em Santos. O caso completou um ano nesta semana, com dois réus presos e dois foragidos. Desolada, a família pede justiça e promove um ato pela conscientização contra a violência.


Isaías lembra que a relação familiar com o filho era de harmonia. “Ele era muito dedicado nas coisas que fazia, desde pequeno, nos estudos... Sempre teve vontade de aprender”. Lucas cursava o 4º ano de Engenharia Elétrica e trabalhava em uma prestadora de serviços.


Pai e filho tinham o hábito de surfar juntos em Santos. “A gente sempre se organizava para o Lucas trabalhar de manhã e ir surfar à tarde, era um parceiro”.


Pai e filho mantinham o hábito de surfar juntos
Pai e filho mantinham o hábito de surfar juntos   Foto: Isaías de Paula/Arquivo Pessoal

Um ano de saudade


Após um ano do crime, Isaías falou sobre o sentimento de revolta, e como lida com a dor da perda no dia a dia. “É um momento muito difícil para mim, para minha esposa e para minha filha. É uma situação que eu não consigo mensurar, não dá para falar ‘a dor é assim’. É um negócio absurdo. Então, a gente luta para ir levando a vida da gente, mas é uma montanha russa. É absurda a dor da falta que ele faz”, desabafa.


De acordo com o pai, não há um minuto sequer em que passem sem pensar no filho. “A dor chega a ser insuportável. No dia a dia, a gente procura dar continuidade às nossas vidas, mas às vezes dá uma sensação de que a gente não vai conseguir ir adiante”.


Amigos de Lucas prestaram homenagem com tatuagens de prancha de surfe e ondas, representando as paixões do jovem
Amigos de Lucas prestaram homenagem com tatuagens de prancha de surfe e ondas, representando as paixões do jovem   Foto: Arquivo Pessoal

Luta por justiça


A fim de divulgar a violência sofrida pelo filho, a família pede que o caso não caia no esquecimento. Apesar do sentimento de revolta, o desejo de que a justiça seja feita e os culpados sejam presos prevalece. “A gente vai conseguindo driblar aquela sensação de ódio que a gente sente por ter perdido um filho da maneira como foi. Uma agressão daquela, uma covardia, ele sem chance nenhuma de escapar dali”.


Para trazer a questão novamente à tona, uma manifestação foi organizada pela família e será realizada no próximo dia 28 de julho, um dia antes da morte de Lucas completar um ano. O intuito, de acordo com Isaías, é ressaltar que a violência existe e deve ser combatida.


Lucas é lembrado pela paixão pelo surfe e por se dedicar aos estudos
Lucas é lembrado pela paixão pelo surfe e por se dedicar aos estudos   Foto: Arquivo Pessoal

A manifestação acontecerá na Praça das Bandeiras, na orla do bairro Gonzaga, em Santos, onde será estendida uma faixa. Em seguida, o grupo marchará até a Praça Independência, onde haverá um abraço simbólico em memória a Lucas.


“Hoje, a gente tenta conscientizar o maior número de pessoas para que, por meio desse manifesto, possam levar essa ideia de justiça para outros, e que não passe despercebido", explica o pai. “A vida de um jovem e de qualquer pessoa não pode ser ceifada do jeito que foi. Meu filho não tinha nenhuma doença, ele foi brutalmente assassinado”, finaliza.


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