Obra da Catedral de Santos terá pausa para festa

Igreja receberá fiéis para celebração do centenário da Diocese de Santos. Depois, serviço voltará, sem data de término

Por: Nathalya Dubugras e Igor Castro *  -  27/04/24  -  17:10
Atualizado em 30/04/24 - 19:14
Padre José Myalil Paul acompanha o restauro. Arrecadaram-se R$ 1,4 milhão para os trabalhos de manutenção e conservação do prédio, pelos quais respondem 15 profissionais
Padre José Myalil Paul acompanha o restauro. Arrecadaram-se R$ 1,4 milhão para os trabalhos de manutenção e conservação do prédio, pelos quais respondem 15 profissionais   Foto: Nathalya Dubugras

A Diocese de Santos comemora um século de existência em 4 de julho. Para o evento de comemoração, em 6 de julho, o padre José Myalil Paul, responsável pela Catedral, no Centro, espera 10 mil pessoas e 20 bispos. “O ano santo de jubileu começou em 4 de julho de 2023, e este ano finaliza com a grande comemoração”, diz Paul.


Haverá missa na Praça José Bonifácio, e a imagem da padroeira, Nossa Senhora do Rosário, chegará após passar por todas as 50 paróquias diocesanas, de Bertioga a Peruíbe.


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A comemoração do centenário é importante para os católicos da Baixada Santista, do Vale do Ribeira e do Litoral Norte. A Diocese de Santos coordenou as três regiões por 50 anos, antes que a de Registro fosse inaugurada e ficasse responsável pelo Vale. Posteriormente, surgiu a de Caraguatatuba, para o Litoral Norte.


A Catedral Diocesana, onde ocorrerá o evento, está em reforma desde o início de março. A restauração será interrompida em 20 de junho para que a igreja tenha andaimes retirados e o prédio seja lavado. “As pessoas estão ansiosas. Elas me param na rua para perguntar quando a Catedral irá reabrir”, diz José Paul.


Só depois da comemoração do jubileu, no dia 8 de julho, as obras serão retomadas, “sem data para acabar”, avisa o padre.


As obras
Além da pintura, que já tem 20 anos, as obras incluem o conserto das rachaduras, causadas por infiltrações na estrutura.


Esse reparo está sendo feito antes da aplicação da nova camada de tinta, que vai manter as cores especificadas no tombamento, mais próximas das originais, que são palha, baunilha e cromo para paredes e pilares, e pigmentação azul-claro para as cúpulas internas.


As infiltrações acontecem porque as calhas são pequenas e não comportam os atuais níveis de chuva que atingem a Cidade, segundo o padre José Paul.


O religioso acredita que a constante passagem de caminhões de carga ao redor causa rachaduras no telhado, que também está sendo recuperado.


  Foto: Nathalya Dubugras

Recursos
Para a restauração, foram arrecadados aproximadamente R$ 1,4 milhão. O responsável pela obra, padre Felipe Gonzales, que é supervisor e gestor de projetos do Departamento do Patrimônio Imobiliário e da Arte Sacra, explica que o dinheiro veio da doação do público e de empresas parceiras.


Para a obra, 15 profissionais foram contratados. Cinco deles ficam responsáveis, por dia, pelos serviços de manutenção e conservação da Catedral.


A exemplo dos equipamentos, as tintas são as mesmas utilizadas na construção civil, mas o padre José Myalil Paul explica que, para o trabalho minucioso de restauração dos detalhes das paredes da catedral, a mão de obra qualificada é imprescindível.


“Não acho que a data de entrega importe. O que importa é a qualidade da obra. Tem que ser bem feita”, reforça o padre.


Transferidas
Com a Catedral fechada, as atividades foram transferidas para a Igreja Nossa Senhora do Rosário, que está servindo como uma catedral provisória.


Na igreja, localizada na Praça Ruy Barbosa, também no Centro, transcorrem missas diárias, casamentos e se atende como Secretaria Diocesana temporária, até que a reforma esteja completa.


Há um ossuário com cerca de 2 mil lóculos
Há um ossuário com cerca de 2 mil lóculos   Foto: Igor Castro

Obras, vitrais e uma cripta ‘contam’ histórias, por Igor Castro, colaborador *

Obras do artista Benedicto Calixto, esculturas seculares, vitrais alemães da década de 1920 e uma cripta com túmulos de sacerdotes santistas. Apesar da semelhança com museus, o acervo é preservado na Catedral de Santos. Considerado um dos principais pontos turísticos e históricos da região, o prédio, ao lado do Fórum, tem como marca as cúpulas arredondadas, no estilo gótico, projetadas pelo engenheiro alemão Maximiliano Hehl.


A cripta da Catedral abriga restos mortais de fiéis e membros históricos da Igreja Católica na Cidade, como os bispos dom Idílio José Soares e dom David Picão. Há um ossuário com cerca de 2 mil lóculos divididos em duas partes. Uma delas data da década de 1960, e a outra resulta de uma ampliação, na década de 1970. A cripta é aberta para visitação. Às segundas-feiras, celebram-se missas ali.


A Catedral contém obras de arte, como três marouflages (pintura em tela, colada posteriormente na parede) de artista Benedito Calixto. Foram as últimas obras do pintor e representam Noé, Melquisedeque (figura do Antigo Testamento) e a cena dos discípulos de Emaús, uma das primeiras aparições de Cristo após a ressurreição.


Peças importadas também compõem o cenário da igreja. Dentre eles, vitrais importados da Alemanha, na década de 1920, e a escultura de Nossa Senhora do Rosário, do século 18.


A Catedral mantém, ainda, um altar a Josefina Bakhita, santa negra de origem africana que viveu e morreu na Itália. É o primeiro altar para a santa no Brasil, porque o milagre que levou à canonização ocorreu em Santos.


(*) Reportagem feita como parte do projeto Laboratório de Notícias A Tribuna - UniSantos sob supervisão do professor Eduardo Cavalcanti e do diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes


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