Número de moradores em situação de rua cresce 71,2% em Santos

Dados do novo censo são referentes aos últimos 10 anos

Por: Da Redação  -  16/12/20  -  10:38
O número de moradores em situação de rua cresceu 71,2% nos últimos dez anos em Santos
O número de moradores em situação de rua cresceu 71,2% nos últimos dez anos em Santos   Foto: Matheus Tagé/AT

O número de moradores em situação de rua cresceu 71,2% nos últimos dez anos em Santos, saltando de 507, em 2009, para 868 em outubro de 2019. Os dados fazem parte do Censo da População em Situação de Rua, divulgado nesta terça (15), que possibilitou traçar um perfil desse público, mostrando quantos e quem são as pessoas que fazem das ruas da cidade a própria casa. Os dados servirão para que o Município crie e amplie políticas públicas destinadas a esse segmento da população.


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“O projeto, que é fruto de parceria entre a Prefeitura e Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), é uma proposta de compreensão que vai nortear todas as ações e atendimentos à população de rua. Não só de política de assistência social, mas de saúde, desenvolvimento econômico”, explica o secretário de Desenvolvimento Social, Carlos Mota.


>> Confira outros dados sobre a distribuição da população de rua em Santos


A maioria dos moradores de rua é parda, formada por homens, tem entre 40 e 59 anos, possui Ensino Fundamental incompleto, vive na Vila Nova e Vila Mathias e nasceu no Estado de São Paulo.  “O censo revela a cara e a cor dessas pessoas. A maioria é preto e pobre. Mostra o fosso que existe em relação a elas. As condições de desigualdade em que vivem e que se ampliam nesse momento de pandemia. Para elas, as desigualdades são ainda maiores”, diz a coordenadora do Projeto Integrado de Pesquisa e Extensão sobre população em situação de rua da Unifesp, doutora Luzia Baierl.


Maioria nas ruas


De acordo com censo, o Município conta com 868 pessoas na rua, o que equivale a 0,2% dos moradores da Cidade. Do total, 761 vivem em vias públicas e 107 em locais de acolhimento. Quase metade tem entre 40 e 59 anos (48,4%). Já 37,1% têm entre 25 e 39 anos. Há ainda 6,6% que estão com idade entre 60 a 69 anos.


A maioria (27,7%) possui Ensino Fundamental II (entre o 5º e 9º anos) incompleto. E, 29,4% vive no Município há mais de 20 anos. Pelo resultado da pesquisa verificou-se ainda que 59,7% nasceram no Estado de São Paulo, sendo que 38,2% são santistas e 12,5% são da Baixada.


A maioria (46,7%) se declarou como parda e outras 14,7%, pretas. Homens representam 81,9% e mulheres, 13%. Homens trans e mulheres trans representam 0,2% e 1,3%, respectivamente.  “A autodeclaração sobre raça e etnia foi incluída neste censo. O mesmo ocorreu com a inclusão de identidade de gênero. São novidades importantes”, acrescenta Luzia Baierl.


A maior parte (22%) vive na Vila Nova e Vila Mathias (Centro II). Jardins da Orla é o segundo local onde mais há a presença de moradores de rua (12%) e os bairros Centro, Paquetá, Valongo (Centro I) vêm na sequência, com 10%.


Das pessoas que foram encontradas nos serviços de acolhimento, 41% estavam no Albergue Noturno, casa de passagem conveniada com a Secretaria. Outros 34% utilizam a Seção de Acolhimento e Abrigo Provisório de Adultos, Idosos e Famílias em Situação de Rua (Seacolhe) da Secretaria de Desenvolvimento.


Motivos


Conflitos familiares, uso de drogas e desemprego são os motivos que levam o cidadão a utilizarem as ruas como moradia. Mais da metade deles (54,16%) ganha a vida com reciclagem. Outros 17,27% pedem dinheiro para sobreviver.


Da população que vive nas ruas, 35,2% possuem algum tipo de benefício social como Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou aposentadoria.


Segundo o secretário, um resultado prático do censo será a criação de um comitê intersetorial. “Deve ser publicado no final do ano ou começo do próximo. Esse comitê juntará Administração e sociedade civil organizada para que a gente, com as informações, aprimore a política para a população em situação de rua”.


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