Motoboy que caiu em buraco gigante em Santos ligou para se despedir: 'Pensei que não ia sobreviver'

Leandro fez ligação para a esposa logo após sofrer acidente na Rua Goiás

Por: Ágata Luz  -  26/02/23  -  07:44
Leandro está internado na Santa Casa de Santos, sem previsão de alta
Leandro está internado na Santa Casa de Santos, sem previsão de alta   Foto: Arquivo Pessoal e Reprodução

O motociclista que caiu no buraco da Rua Goiás, em Santos, pensou que perderia a vida no acidente da última quinta-feira (23). Em entrevista para A Tribuna, Leandro da Silva Batistela Ferreira, de 25 anos, contou que estava trabalhando quando sofreu a queda na cratera que se abriu na via. Ele está internado na Santa Casa de Santos, sem previsão de alta.


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Leandro é motoboy há cerca de sete anos e estava trabalhando para uma pizzaria no momento do acidente. “Estava com duas entregas na bolsa. Uma na (rua) Alexandre Herculano e outra para a (avenida) Conselheiro Nébias”, diz o jovem, que mora em Praia Grande, mas atua em um comércio em Santos das 17h às 3h todos os dias.


De acordo com ele, como estava escuro, não deu para ver o buraco de longe. “Quando virei na Rua Goiás, acelerei a moto e coloquei a terceira (marcha). Só vi quando estava em cima mesmo”, relembra o homem, que freou o veículo, mas não conseguiu evitar a queda.


Segundo Leandro, ele não desmaiou e, pelo contrário, lembra tudo o que aconteceu. “Quando eu estava chegando perto que segurei os dois freios, a moto derrapou e já caiu no buraco. Eu voei e passei por cima, só que eu não completamente, tanto é que o meu joelho bateu na quina do buraco e eu cai de lado com a perna toda zoada”, conta o motociclista que teve deslocamento do joelho direito.


A primeira ação dele após a queda foi ligar para a esposa. “Pensei que ia acontecer uma coisa mais grave porque estava sangrando demais. Do jeito que eu estava ali, pensei que não ia sobreviver”, ressalta Leandro, dizendo que lembrou do aniversário do filho - que faz dois anos na próxima terça-feira (28).


Na ligação, ele pediu para a esposa tomar conta dos filhos e disse que amava a família. “Estava tremendo e suando frio, com a boca seca e perna toda torta. Hoje posso não fazer a festa dele (filho), mas só de estar vivo e saber que vou criá-lo fico feliz”, ressalta o homem.


Apesar de também ligar para pedir ajuda dos patrões no momento do acidente, Leandro diz que os moradores dos prédios em volta que acionaram o socorro. O homem foi levado para a Santa Casa de Santos, onde passou por uma cirurgia para colocar pinos no joelho.


Atualmente, os médicos trabalham para evitar que Leandro tenha trombose na perna. Além disso, ele terá que ficar internado até uma nova cirurgia para a retirada dos pinos. “Sem previsão de alta”, diz o paciente.


Indignação

De acordo com Leandro, o sentimento é de indignação. “Há culpados e agora temos que ver quem são e correr atrás porque eu fui vítima. Estava trabalhando em prol dos meus filhos, da minha família e do meu sustento”, enfatiza.


Além do menino que fará dois anos, Leandro ainda é pai de uma bebê de cinco meses e tem um filho de criação de 5 anos. “Agora estou parado. O que eu vou fazer da minha vida? Tenho que esperar me recuperar para ver se vou ficar bom e poder voltar tudo novamente, mas e esse tempo que vou ficar parado?”, questiona o homem.


Cratera gigante na Rua Goiás fez autoridades serem acionadas
Cratera gigante na Rua Goiás fez autoridades serem acionadas   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O jovem afirma que apesar do trauma, não pensa em largar a profissão. “Gosto de ser motoboy, sentir o ar, entregar pizza, eu gosto de trabalhar, não importa se é 10h ou 12h em cima da moto. Gosto de estar fazendo o bem e trabalhando em prol aos meus filhos, que precisam mais do que eu”.


A moto que Leandro dirigia no acidente era alugada, por isso possui seguro, mas o jovem não é registrado no emprego e se preocupa com o futuro da família.


“Vamos lutar (por auxílio da Sabesp), não tem como deixar para lá, pois não sei quanto tempo vou ficar (em recuperação) e não sou registrado. Não tenho benefício algum. Só estou sendo ajudado pelo povo que está sensibilizado pelo que aconteceu”, fala sobre a mobilização que os amigos fizeram na internet para arrecadar recursos.


Leandro ainda relata que representantes da Sabesp entraram em contato na sexta-feira (24), mas a prioridade dele no momento é se recuperar.


Resposta
Procurada por A Tribuna, a Sabesp informou que vem prestando todo o suporte necessário à vítima, "inclusive quanto aos procedimentos definidos pela equipe médica que cuida do caso".


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