Morador de rua que sonhava com prótese dentária para voltar a trabalhar ganha tratamento

Luiz Carlos dos Santos ouviu o prognóstico de professores dentistas da Unimes, que fará gratuitamente as próteses após reportagem de A Tribuna

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  29/10/19  -  22:03
Luiz vive nas ruas de Santos e vende balas para sobreviver
Luiz vive nas ruas de Santos e vende balas para sobreviver   Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

Apesar de ter apenas quatro dentes, Luiz Carlos dos Santos Silva, de 47 anos, abriu um sorriso. Ele ouviu dos professores dentistas da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) que deve ganhar as tão sonhadas próteses dentárias até o final do ano. Há cinco meses morando nas ruas de Santos, o cozinheiro desempregado quer voltar a trabalhar e não mais ser julgado pela aparência.


A oferta da consulta ocorreu na quinta-feira, quando A Tribuna publicou a história desse pernambucano de Macaparana. A reportagem foi atrás de Luiz Carlos, que vendia doces próximo à Praça José Bonifácio, no Centro, quando foi informado da novidade. A reação foi de extrema alegria: “Amém, amém. Vou ter meus dentes”, comemorou.


Na sexta-feira, às 16 horas, o cozinheiro estava na Unimes. Antes de garantir o tratamento, ele passou por uma avaliação clínica e radiográfica com o dentista e coordenador dos cursos de Prótese e Reabilitação Oral, Convencional e Digital da universidade, Jorge de Sá Barbosa.


“Fizemos o exame para verificar patologias presentes, se tinha alguma infecção. Avaliamos que as infecções gengivais são iniciais e passíveis de tratamento rápido. Também fizemos tomadas radiográficas dos dentes que vão ser tratados e ficarão na boca”, disse Barbosa, que marcou novo encontro com Luiz para sexta.


Na semana passada, ele contou suas dificuldades e, no dia da publicação da matéria, conseguiu garantia de auxílio
Na semana passada, ele contou suas dificuldades e, no dia da publicação da matéria, conseguiu garantia de auxílio   Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

O coordenador acredita que serão necessárias mais quatro consultas antes de Luiz ganhar um novo sorriso. Além do tratamento das infecções, o cozinheiro também passará por um processo de reabilitação e adequação às próteses.


“É um processo bem rápido. Vai passar o final do ano sorrindo e com chance de arranjar um emprego”, disse Barbosa. Empolgado com o tratamento, Luiz conta que a falta de dentes o fez perder oportunidades de emprego, a última em um restaurante em Peruíbe. “Agora, sim. Vou poder mudar de vida”.


Planejamento 3D


Além da consulta clínica e da radiografia panorâmica, Luiz Carlos passou por diversas outras etapas. O rosto e a boca foram fotografados e escaneados em 3D para a elaboração do projeto das próteses. O procedimento, segundo o professor da Unimes, é mais preciso do que o método convencional, com moldes, que também foi realizado.


“A odontologia moderna visa a reestabelecer a estética dentro da face, em uma harmonia total. Vamos unir todas essas imagens 3D para um planejamento digital com as medidas reais e uma precisão micrométrica (por milímetros). É o que há de mais moderno no mundo.”


O dentista explica que, após planejado o caso de Luiz, os arquivos serão enviados para laboratórios. “Será impressa uma base em 3D e, a partir daí, começam a construção da reabilitação, baseada num projeto inicial com a face e as fotografias, e análises digitais prévias.”


Além da consulta clínica e radiografia panorâmica, Luiz Carlos passou por diversas outras etapas
Além da consulta clínica e radiografia panorâmica, Luiz Carlos passou por diversas outras etapas   Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

Barbosa explica que 90% do processo da confecção das próteses do morador de rua é digital, o que reduz muito o tempo do serviço. “Mas a grande vantagem nisso tudo é a previsibilidade. É feito um projeto, mais ou menos como o de um arquiteto, e nisso (dentistas e paciente) olhamos esse projeto para discutir se está bom ou não com todos os parâmetros científicos, o que permite conduzir o caso já sabendo onde vai chegar”, detalha.


Valor


O tratamento e o projeto de prótese digital realizados por Luiz Carlos, se cobrados, custariam cerca de R$ 8 mil, segundo Jorge de Sá Barbosa, dentista e coordenador dos cursos de Prótese e Reabilitação Oral, Convencional e Digital da Unimes. O procedimento convencional custaria, aproximadamente, a metade.


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