Desde dezembro, quando sofreu um acidente de moto e teve que amputar parte da perna, o promotor de vendas Edson Pereira Bezerra, de 43 anos, não imaginava ser capaz de voltar a atividades que antes eram simples para ele, como jogar vôlei. Mas, após quatro meses de reabilitação, já encara a vida de outra forma.
“Não tive grandes traumas, mas não tinha ideia de como seria a vida. Nem imaginamos o que podemos fazer, mas descobri que tudo é possível. Basta saber o caminho a seguir”, diz ele, que participou, na quinta-feira (30), das disputas de jogos adaptados do Centro de Reabilitação Lucy Montoro, em Santos.
Durante dois dias, cerca de 80 pacientes que estão em tratamento com lesões medular, encefálica e amputados participaram da competição, nas modalidades de tênis de mesa, vôlei sentado, arco e flecha, dama e xadrez adaptado. A ação é promovida duas vezes por ano e serve para integrar aqueles que são atendidos na unidade estadual e introduzi-los no esporte adaptado.
Todas as modalidades trabalham uma habilidade específica do paciente. No tênis de mesa, por exemplo, são desenvolvidos o equilíbrio, a coordenação motora e o deslocamento com cadeira de rodas. No vôlei sentado, o foco está em postura do tronco, deslocamentos laterais, exercícios com peso do corpo no chão, agilidade, coordenação e interação em grupo.
A faxineira Lucicleide Menezes de Brito, de 47 anos, também sai do jogo vitoriosa, mas não tem nada a ver com o placar da partida. Atropelada ao atravessar a rua, no Jóquei Clube, em São Vicente, ela teve que amputar uma perna e reaprender a viver. Foram nove meses de reabilitação até ser liberada para voltar à rotina.
“Quando isso acontece, parece que o mundo acaba, mas, com o tempo, aprendemos que é um recomeço”, diz ela, que, após a disputa no Lucy Montoro, se arrumava para voltar para seu dia de faxina.