Fiação de postes gera reclamações e insegurança em Santos

Lei municipal em vigor desde 2016 cria regras sobre serviço e já resultou em 1.241 multas

Por: Matheus Müller  -  20/01/20  -  21:32
  Foto: Vanessa Rodrigues

Emaranhada, com folga ou solta, a fiação dos postes em Santos é vista como um descaso e ameaça à população. O professor e leitor Clovis Pimentel, de 71 anos, denuncia uma situação na Rua Epitácio Pessoa, no bairro Boqueirão, onde um poste metálico parece cortado pela metade, com diversos cabos saindo.


Os fios e equipamentos de transmissão acima dessa estrutura estão baixos, quase ao alcance das mãos. E, não bastasse tudo isso, um cabo ainda aparece jogado entre a calçada e uma das pistas.


“Essa situação está dessa maneira há 20 ou 30 dias. Ninguém faz nada”. Pimentel aponta ter dúvidas quanto à segurança naquela área. “[Os cabos] estão energizados? Não dá para saber”.


Fato é que tal dúvida, quanto aos riscos, sequer deveria existir. Em Santos, existe a “obrigatoriedade de Identificação do cabeamento, alinhamento e retirada de fiação excedente no Município de Santos”, de acordo com a Lei Nº 3.322/2016.


A aposentada Zenita Silva dos Santos, de 74 anos, conta que a grande discussão na Cidade sempre girou em torno de colocar a fiação em tubulações subterrâneas. "Esses cabos são prejudiciais. Viram poleiro, caem e fica o receio. Não sabemos se corremos risco".


Emaranhado de fios e equipamentos ficam ao alcance de pedestres
Emaranhado de fios e equipamentos ficam ao alcance de pedestres   Foto: Vanessa Rdorigues

Três anos de lei


A lei foi sancionada em 14 de dezembro de 2016, mas as empresas só passaram a ser autuadas após 12 meses. O tempo foi dado para que elas se organizassem e identificassem os cabeamentos. De 2017 até a presente data foram aplicadas 1.240 multas, sendo 38 dessas só nos 20 primeiros dias desse ano.


De acordo com a lei, as empresas notificadas a reparar problemas relacionados à fiação e cabeamento terão sete dias para resolvê-los, exceto em casos de emergência.


Essas comunicações são feitas pelas subprefeituras, responsáveis pela fiscalização. Nada impede, porém, que os munícipes registrem queixas na Ouvidoria da cidade.


Árvores escoram algumas das fiações caídas
Árvores escoram algumas das fiações caídas   Foto: Vanessa Rodrigues

Multas


O descumprimento da lei pode acarretar multas de R$ 100 a R$ 3 mil. De acordo com a prefeitura, o Decreto nº 7.819 de 20 de julho de 2017, “estabeleceu que é de competência das subprefeituras, a fiscalização da Lei nº 3.322/2016”.


O texto aponta que o gerenciamento das irregularidades identificadas são de responsabilidade das subprefeituras e das empresas que operam com cabeamento na cidade de Santos. Para abertura dos processos administrativos pelas subprefeituras, são fornecidas informações pela Companhia Piratininga de Força e Luz (CPFL), sobre a identificação da operadora (as) responsável pela readequação.


“O foco da legislação não é a aplicação de multas, e sim, de forma compartilhada, que deva prevalecer o bom senso, o comprometimento e a responsabilidade das operadoras que participam rotineiramente dos serviços que lhes dizem respeito”, diz a nota da prefeitura.


A administração municipal ressalta que “ao tomar conhecimento de uma situação irregular, a subprefeitura aciona diretamente a CPFL, que, dentro das normas e legislações pertinentes, tem a responsabilidade de identificar a operadora responsável pela readequação”.


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