Evento em Santos promove inclusão de mulheres na tecnologia

Encontro visa incentivá-las a permanecer em uma área ainda dominada por homens

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  20/03/19  -  18:43
Rita Lino, de 22 anos, é programadora organizadora do encontro que ocorre sábado, em Santos
Rita Lino, de 22 anos, é programadora organizadora do encontro que ocorre sábado, em Santos   Foto: Silvio Luiz

Apesar de mais presentes no mercado de trabalho, as mulheres ainda estão em minoria na área de exatas, que continua dominada por homens. Para mudar essa conta, seis amigas promovem sábado (23) um encontro para conhecer os anseios, medos, propostas daquelas que se interessam, estudam ou atuam na área – como é o caso das próprias organizadoras.


O 1º Encontro de Mulheres na Tecnologia acontece entre 10h e 14h30 na Câmara (Praça dos Expedicionários, 19, no Gonzaga). As inscrições terminaram, mas novas ações estão previstas, assim como o canal no Facebook segue aberto para a troca de informações.


A programadora e desenvolvedora de software e idealizadora do evento, Rita Lino, de 22 anos, aponta que a reunião pretende incentivar a continuidade das mulheres na área. “Esse é um evento inicial. Queremos conhecer as meninas que são de tecnologia da Baixada Santista. Essa reunião tende a mostrar que elas não estão sozinhas na área, que é predominantemente masculina”.


A partir dos vínculos criados, será possível ampliar a troca entre as estudantes e profissionais, criar grupos de estudo e fortalecer a participação delas no segmento. “Neste momento, queremos saber as dúvidas, os sentimentos, os interesses, pois queremos continuar com o projeto. É um incentivo”.


Além de palestras e rodas de conversa, a ideia é ampliar as ações nos próximos eventos. Neste encontro, estão previstas as participações de Paula Santanta, que é arquiteta de soluções e desenvolvedora de sistema, e Iná Sales, que atua há 18 anos na área de tecnologia e é fundadora do grupo Unidos Somos Mais, que presta mentoria a profissionais, principalmente mulheres.


Iná explica que nestas reuniões as meninas costumam ensinar umas às outras a serem de tecnologia e se desenvolverem na área, mas não como elas entram no mercado, preparam o currículo e encaram uma entrevista.


“Não adianta saber programar e não se vender. O grupo [Unidos Somos Mais] trabalha o lado humano. Mostramos a elas que são profissionais boas e qualificadas. As empoderamos. Elas podem ganhar como os homens, pois são capazes de desempenhar as funções tão bem quanto eles”.


Abismo


As mulheres representam 35% dos estudantes matriculados na educação superior em cursos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Muitas delas, porém, resolvem abandonar ou mudar de curso por falta de incentivo, de pertencer ao ambiente ou discriminação.


Os dados acima fazem parte de um relatório publicado, em 2018, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). No material, de 84 páginas, fica evidente a preocupação a necessidade de mudança na criação e educação das crianças.


Essa transformação visa mudar os conceitos e quebrar barreiras. Por muitas vezes, ainda na infância, as meninas são sugestionadas que questões ligadas STEM fazem parte do universo dos meninos e, portanto, pode ocasionar em um desinteresse.


No relatório da Unesco, intitulado como Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática, a ex-diretora-geral da entidade, Irina Bokova, ressalta que o tema é importante e necessita esforços para equilibrar o cenário.


“Precisamos estimular o interesse desde os primeiros anos de vida, combater os estereótipos, formar docentes (homens e mulheres) para encorajar as meninas a seguir carreiras em STEM, desenvolver currículos que sejam sensíveis às questões de gênero, realizar a tutoria de meninas e jovens mulheres e transformar mentalidades”, diz Iná.


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