Comércio aposta na revitalização do Mercado Municipal de Santos

Ao menos cinco frentes de trabalho atuam na obra, que ainda deve durar mais nove meses

Por: Izabelly Fernandes  -  16/04/24  -  16:45
Investimento para revitalização do local chega a mais de R$ 18 milhões
Investimento para revitalização do local chega a mais de R$ 18 milhões   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

Faltam nove meses para o renascimento do Mercado Municipal de Santos. Prevista para ser entregue em fevereiro de 2025, a revitalização do local tem cinco frentes de trabalho com 80 operários ao todo. A mudança na fachada já pode ser notada, e comerciantes do entorno aguardam ansiosamente pelo fim das obras, à espera, também, da volta da clientela.


A secretária de Infraestrutura e Edificações de Santos, Larissa Oliveira Cordeiro, afirma que o térreo terá 18 boxes de segmentos como peixaria, hortifrútis, açougue, temperos, bebidas, laticínios. Ainda: cervejaria, restaurantes e padaria. O mezanino contará com outros 18 boxes com exposições, salão de beleza, venda de joias, artesanato, além de cafeteria e estúdios de tatuagem, piercing, espaços para coworking, ateliê, antiquário e suvenires.


Larissa afirma que a primeira fase, que consiste na troca de cobertura, do telhamento e no restauro da fachada, está terminando. Já ocorre a segunda etapa, para substituição de revestimentos e da fiação elétrica, demolição da parte interna para a montagem de um novo desenho e instalação de reforço estrutural. “É um trabalho difícil e minucioso”, comenta.


Também haverá aparelhos de ar-condicionado, pois o mercado será climatizado. A iluminação cenográfica da fachada, a remodelação da calçada e o preparo de rampas de acessibilidade só deverão surgir quando as obras internas terminarem, devido ao andamento das obras para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) nas proximidades.


Tom original

Larissa menciona que a massa mineral raspada que está sendo usada na fachada foi indicada por órgãos de defesa do patrimônio histórico. O produto, à base de silicato de potássio, mineral duro que propicia acabamento rústico e texturizado, deixou as fachadas do mercado na cor bege claro, de acordo com a tonalidade original do prédio. Construído em 1902, é tombado pelo patrimônio histórico com nível de proteção 2 - de fachadas e telhado.


Também houve recuperação e substituição de esquadrias, que deram lugar a venezianas. Também se trocaram o forro e instalações de água pluvial, puseram-se telhas metálicas, instalou-se um sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) e se impermeabilizou a construção.


  Foto: Alexsander Ferraz/AT

Investimento

O restauro e a remodelação interna do edifício têm custado R$ 24,1 milhões. São R$ 5,3 milhões para fachadas e telhado e R$ 18,8 milhões na parte interna. A verba é do Estado, por meio do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos (Dadetur), e do Fundo de Desenvolvimento Urbano do Município (Fundurb).


Também há modernização do entorno e integração com as futuras estações Mercado do VLT e das catraias.


Para a secretária, as obras resultarão em grande ganho para o comércio e o turismo santistas.


Depois que as obras acabarem, esperança é retomar vendas

Vender mais. É o que os comerciantes do entorno do Mercado esperam. Desde que as obras começaram, principalmente as do VLT, eles relatam queda de até 50% no movimento, e que um vizinho decidiu fechar as portas.


No hortifrúti Tunis, a interdição da rua diante do estabelecimento prejudicou a ida de clientes, explica o dono, Otávio Augusto Petroni Tunis, de 24 anos.


“O impacto tem sido bem significativo. A interdição das ruas dificulta o acesso, as calçadas também estão muito irregulares, a pessoa não tem onde parar e, antigamente, elas conseguiam parar o carro aqui. Temos clientes que eram de Guarujá, Cubatão e outras cidades que vêm de carro e não vieram mais por conta do difícil acesso”, descreve.


  Foto: Alexsander Ferraz/AT

Apesar disso, o comerciante espera que, quando tudo for entregue, a situação melhore. “O Mercado realmente estava bem jogado, de lado, mas agora, com ele reformado e com o VLT, pode trazer mais fluxo de pessoas. A expectativa é que melhore”, avalia.


O comerciante Iran Abif Ocroch, de 88 anos, é um dos donos de uma loja de calçados em uma das laterais do Mercado. Para ele, toda obra gera transtorno, mas traz progresso.


“Eu a acompanho de perto. Acho que está meio lenta, e isso acaba prejudicando o comércio local. Às vezes, clientes que vêm de carro aqui não encontram vaga e vão embora. Então, isso prejudica. Mas temos que suportar, porque é um progresso também, pois tudo é feito para melhorar, e a gente tem esperança nisso”, diz.


Com uma banca de jornal e artigos eletrônicos na esquina do Mercado Municipal, Mario Augusto Couto, 65 anos, conta que passou a fechar o estabelecimento mais cedo por conta da baixa procura após o início das obras. Há 42 anos com a banca no local, ele relata que teve queda de 50% nas vendas e compara o impacto financeiro do momento com o período da pandemia.


“Embora eu tenha tido uma queda de vendas bem maior do que na época da pandemia, eu vejo isso aqui com bons olhos, com esperança, como se fosse uma sementinha que a gente vai colher lá na frente. A nossa expectativa é que até dezembro, pelo menos, nosso trechinho aqui já esteja liberado, e, com a obra concluída, haverá uma grande melhora para todos”, afirma.


André Luiz da Silva, de 50 anos, é gerente de um armazém na frente da futura estação do VLT, ao lado do Mercado. Carregar e descarregar caminhões com produtos se tornou uma tarefa mais trabalhosa.


“É um armazém completo com alimentos, sacarias, e a gente tem dificuldade, pois não acessam carro nem caminhão. Então, a gente tem que carregar em carrinho, ir até a esquina, na Rua Sete de Setembro, para poder fazer esse carregamento. Isso impacta muito, pois demora para o cliente e, muitas vezes, a gente não consegue atender essa demanda”, conta.


Depois das obras, Silva espera que o comércio respire novamente, com reabertura de estabelecimentos.


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