Com pacientes de cidades vizinhas, Santos tem 55% dos leitos covid-19 ocupados

Os vicentinos, por exemplo, ocupam 22% das clínicas médicas e 10% das UTIs

Por: Matheus Müller  -  29/04/20  -  17:22
Secretário de saúde mostra preocupação com os números e o relaxamento da população
Secretário de saúde mostra preocupação com os números e o relaxamento da população   Foto: Arquivo/Irandy Ribas/AT

Santos atingiu, nesta terça-feira (28), 55% de ocupação dos leitos para tratamento contra o coronavírus. O índice leva em conta as 303 vagas na rede pública e outras 293 da rede particular. O secretário de Saúde da cidade, Fábio Ferraz, revela preocupação com os números e aponta um crescimento diário de 2% a 3% de pacientes internados – no último domingo (26) o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) havia anunciado 52% da taxa de ocupação.  


Boa parte dos leitos em Santos estão ocupados por moradores de municípios vizinhos. Os vicentinos, por exemplo, ocupam 22% das clínicas médicas e 10% das UTIs.


Ferraz aponta que essa situação aumenta a preocupação, pois o planejamento para o atendimento, principalmente dos casos de covid-19, é feito pensando nos santistas. “Temos aproximadamente 40% de munícipes de outras localidades (na rede pública e privada)”.


Segundo o secretário, os hospitais particulares têm contribuído bastante com informações de pacientes em tratamento do novo coronavírus, o que ajuda a prefeitura a avaliar ações e decidir os próximos passos.


Entre esses dados está a taxa de ocupação nas UTIs para adultos da rede particular. Das 102 vagas, 74% já estão ocupadas. Segundo o secretário, esse é um sinal de alerta, pois, no Brasil e no mundo, primeiro observa-se a saturação do sistema privado.


Avaliação


Ferraz destaca que os números são fundamentais para a adoção de medidas, entre elas a revisão da quarentena. Ele acredita que a Baixada Santista atravessa o período mais crítico, final de abril e começo de maio, como já havia sido apontado por epidemiologistas.


“Isso (estatísticas) interfere diretamente nas decisões, que são baseadas em evidências técnicas e em elementos científicos. Percebemos um gráfico crescente (da doença), e temos uma oferta significativa de leitos para tratar covid-19. Ficamos atentos e preocupados. A gente inibe qualquer ação concreta para o relaxamento do afastamento social”.


Alerta


O secretário lamentou a atitude de parcela da população que, no domingo (26), esteve na orla da praia. “Percebemos o relaxamento. Boa parte daquelas pessoas, que estavam sem máscaras, infelizmente, daqui a 10 dias vão buscar os serviços (de saúde), porque o tempo de incubação do vírus é de 10 dias”.


Ferraz alerta que o contágio é iminente, porque “o vírus está em circulação na cidade” pelo número de pacientes com a doença confirmado. “Boa parte da população, aliás a grande maioria, vai ser contaminada e não vai precisar de internação, mas outra parte vai precisar”.


Mais leitos


O gestor da saúde pública explica que a UPA Central conta com mais dois pavimentos preparados para atender pacientes com covid-19 e outros dois hospitais estão sendo preparados para atender uma eventual demanda. São eles, o Hospital da Zona Noroeste (terminando a obra) e o Hospital Vitória (estão sendo instalados os equipamentos).


Como o gasto com funcionários é alto, Ferraz afirma que os leitos só serão abertos caso  realmente haja necessidade.


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