Colégio Stella Maris, em Santos, completa 100 anos

Escola tem 520 alunos de Educação Infantil até a terceira série do Ensino Médio

Por: Ted Sartori  -  28/03/24  -  17:58
Atualizado em 04/04/24 - 19:10
As aulas começaram em 25 de fevereiro de 1924, mas a bênção de inauguração se deu em 28 de março
As aulas começaram em 25 de fevereiro de 1924, mas a bênção de inauguração se deu em 28 de março   Foto: Sílvio Luiz/ AT

Tradicional instituição de ensino de Santos, o Colégio Stella Maris, no bairro Boqueirão, completa 100 anos nesta quinta-feira (28). As aulas começaram em 25 de fevereiro de 1924, mas a bênção de inauguração, pelo então arcebispo de São Paulo, dom Duarte Leopoldo e Silva, se deu em 28 de março.


“É uma responsabilidade enorme, mas gratificante, porque a gente sabe que são 100 anos de história de uma missão que a nossa fundadora (madre Alix Le Clerc) nos deixou. Alimentamos o legado dela e das irmãs que por aqui passaram e toda a comunidade educativa, docentes e discentes", afirma a diretora, irmã Lindaci Torres dos Santos.


Nos primeiros tempos, a escola era mista. Em pouco tempo, passou a admitir só meninas, em uma realidade que durou até 1981.


Atualmente, o Stella Maris tem 520 alunos de Educação Infantil, com 2 anos, até a terceira série do Ensino Médio. “A grande maioria (dos alunos) é de filhos e filhas de quem já estudou aqui, além de netos, bisnetos e tataranetos”, lista.


A vice-diretora Maria Luiza Perez Lazaro está há 50 anos no cargo, além de coordenadora. Como funcionária, já são seis décadas.


“Todas essas histórias se cruzam com a da minha vida. Entrei menina e hoje sou avó. Minhas filhas e meus netos estudaram. Minha vida foi dentro desta casa, que eu digo que é a de Nossa Senhora porque é o Stella Maris. Então, sou uma pessoa muito feliz. Me realizei como educadora, fui formada pelas religiosas e permaneço até hoje”, comenta.


Gaúcha de Santo Augusto, a mais de 430 quilômetros da capital, Porto Alegre, irmã Lindaci está há sete anos como diretora. Antes, trabalhou por mais de 30 anos nos colégios Madre Alix e Nossa Senhora do Morumbi, integrantes da Rede Alix de Ensino, da qual também faz parte o Stella Maris.


“Trabalhar em rede não significa que tudo está enquadrado. Está interligado, sim, pela sua filosofia e pedagogia, mas há respeito profundo da rede pela realidade de cada cidade onde nós estamos inseridas enquanto escolas. E tem autonomia para isso”, conta.


Eventos e futuro
Para comemorar o centenário, o Stella Maris está envolvido em celebrações. Uma delas, a homenagem da Câmara de Santos ao colégio, na Sala Princesa Isabel, em propositura do vereador Fabrício Cardoso (Pode).


Em 2 de abril, às 19 horas, no Cine Roxy, haverá o lançamento do documentário 100 anos em 100 minutos, contando a história da escola. O trabalho foi desenvolvido em um ano, aos sábados e domingos, pelos professores de História e Geografia e os alunos do Ensino Médio.


Uma missa em ação de graças está marcada para o dia 5, às 19 horas, na quadra do Stella Maris. A celebração será feita pelo bispo de Santos, dom Tarcísio Scaramussa. Em junho, no dia 15, uma festa promovida por ex-alunas, com missa seguida de coquetel, também foi incluída no calendário.


“Para o futuro, é continuar com essa missão, contribuindo com a sociedade, com esses adolescentes e crianças que muito precisam de uma formação. Nosso objetivo é dar continuidade ao que nós nos propusemos há muito tempo”, projeta irmã Lindaci, endossada pela vice-diretora Maria Luiza Perez Lazaro. “Seguiremos preparando essas crianças para que tenham sucesso na vida e sejam cidadãos honrados. É essa a nossa meta.”


Nara, Maria Luiza e Lindaci: histórias que contam parte da vida da escola, na qual estudam 520 alunos. Maioria descendentes de antigos estudantes
Nara, Maria Luiza e Lindaci: histórias que contam parte da vida da escola, na qual estudam 520 alunos. Maioria descendentes de antigos estudantes   Foto: Sílvio Luiz/AT

A relação de Nara Leila Trocoli Novaes, de 70 anos, com o Stella Maris vem desde as primeiras horas de nascida. Literalmente. “Na minha época, a procura era muito grande. Então, fui matriculada no colégio no dia em que eu nasci. Vim ao mundo pela manhã e, à tarde, já estava matriculada.”


Nos bancos escolares da instituição, ela ficou dos 5 aos 17 anos, mesma realidade dos filhos (Paola, de 46 anos, Matheus, de 44, e Fabíola, de 42), e na pré-escola, os netos (João, de 13, e Pedro de 8), que também estudam lá. “Minha família toda é de ex-alunas, porque na época em que estudei era só feminino”, completa.


Quando a filha mais velha, Paola, de 46 anos, completou 2 anos, Nara Leila foi ao Stella Maris matriculá-la. O segundo filho já tinha nascido. A mãe teve uma ideia: perguntou se não queriam que ela fosse trabalhar.


“A vice-diretora falou para mim: ‘Mas como? Você é arquiteta, não fez Pedagogia’. Respondi: ‘Não seja por isso, eu volto a estudar’. Enquanto estudava, já fiz alguns estágios lá. Ao me formar no final do ano, em março do seguinte já estava trabalhando na escola. Foi bem rápido”, conta.


Em 14 anos, Nara trabalhou, pelo menos, dois anos como professora no Ensino Fundamental I e mais 12 de assistente de coordenação no Fundamental II. Embora considere anos muitos bons, as grandes lembranças vem dos tempos de aluna, coincidentemente envolvendo roupas, tanto o uniforme e faixas com cores que determinavam em que série as meninas estavam, quanto as utilizadas em ocasiões mais solenes.


“Na minha época, a gente debutava com 15 anos no Tênis Clube ou no Clube XV. Depois, na manhã seguintes, íamos às 7 horas para a escola mostrar nossos vestidos para as irmãs e freiras que queriam nos ver com roupa de festa, de baile. Era muito gostoso, uma farra. Antes, mas não peguei esse tempo, de minhas primas mais velhas, as mulheres iam no dia do casamento vestidas de noivas, ao sair da igreja e antes de ir para a festa, para receber a bênção das freiras”, conta.


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