ACS 150 anos: História em desenvolvimento

Associação Comercial de Santos, a quinta mais antiga do Brasil, comemora aniversário na próxima terça (22)

Por: Rosana Rife  -  19/12/20  -  14:55
Evento acontece no auditório da Associação Comercial de Santos (ACS), na quinta (6)
Evento acontece no auditório da Associação Comercial de Santos (ACS), na quinta (6)   Foto: Divulgação

A história e o desenvolvimento da Cidade não seriam os mesmo sem a existência da Associação Comercial de Santos (ACS), que completa 150 anos, nesta terça-feira (22), renovando os planos para impulsionar o crescimento econômico do Município. 


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“O grande papel da associação comercial é organizar e planejar os rumos da Cidade através da sociedade civil e dos empresários e auxiliar o governo para que a gente consiga atingir esse objetivo”, avalia o presidente da entidade, Mauro Sammarco.


O surgimento da instituição em 1870 – primeira do Estado de São Paulo e quinta do Brasil (atrás de Rio de Janeiro, Bahia, Pará e Pernambuco) – modificou os rumos de Santos e, até hoje, exerce papel fundamental em busca de soluções que estimulem negócios para seus associados e a sociedade como um todo.


“A Associação sempre exerceu esse papel de protagonismo e liderança”, diz o presidente da ACS, Mauro Sammarco. Inovar e estar à frente, seja de demandas dos empresários ou na busca por novos mercados, sempre fez parte dos objetivos da instituição. Tanto que agora, um dos lemas, chama-se trabalho colaborativo. “Isso fortalece ainda mais o papel de união entre os setores para um bem comum”. 


Novos rumos


Um exemplo dessa vertente é o projeto Novos Rumos, lançado este ano, junto ao Núcleo Jovem, em parceria com a Prefeitura, que visa detectar demandas de serviços e produtos e que já apresenta resultados, conta Sammarco.


Segundo ele, o projeto-piloto surgiu a partir da necessidade de empresários locais por uma tinta especial para contêiner. Ela é usada para habilitá-lo a receber alimentos e não existe fornecedor local para isso.


“O trabalho é capacitar algum fornecedor da região para passar a oferecer o produto. O objetivo da Associação (com o projeto) é auxiliar o mercado a entender quais são as oportunidades e dar todo apoio na parte de consultoria, levantamento de dados. A gente estuda, até no futuro, ter linhas de financiamento para poder gerar mais negócios e empregos”.


Para 2021, há desafios como trazer mais indústrias pra a Cidade, ligadas ou não ao setor portuário, ajudar na ampliação dos números de setores como turismo e comércio. 


“O lojista pode, cada vez mais, se inserir no comércio eletrônico e a Associação auxiliar em uma grande cadeia de distribuição. Para o pequeno lojista, que não tem capacidade de se organizar para isso, a gente pode dar um suporte nesse sentido. Acho que isso seria uma grande alavanca para o comércio da Cidade”.


Orgulho


Sammarco é o 39º a ocupar o cargo de presidente da ACS, missão que considera uma imensa responsabilidade, mas que o deixa muito orgulhoso. “Olhar para trás e ver o que a Associação já fez pelo comércio, comércio internacional principalmente, nas exportações de café, o que já fez pela Cidade, nos projetos em que já esteve envolvida, é motivo de muito orgulho”.


Segundo o historiador Sergio Willians, o cargo de presidente da ACS está, historicamente, entre os três cargos mais importantes da Cidade. “Tem uma equivalência de importância ao do prefeito e ao do provedor da Santa Casa – instituição mais antiga que o próprio Município. Então, historicamente, são os três cargos mais importantes da Cidade”. 


Economia cafeeira está na raiz da fundação


A economia cafeeira no País foi um dos grandes estímulos para o desenvolvimento de Santos e um dos motivos para o nascimento da Associação Comercial de Santos (ACS), em 1870. A Cidade pedia por ações que auxiliassem e organizassem o escoamento do produto pelo Porto. 


“Quase 90% da produção passou por Santos. Por conta disso, a Cidade, com características coloniais, meio desorganizada, precisava de um rumo. E essa organização passava pela necessidade de se criar uma entidade para promover esse trabalho”, conta o historia Sergio Willians.


E, a partir das mudanças implementadas, quadruplicou o escoamento do produto pelo Porto. “Porque os homens que a compunham tinham influência no governo imperial”. 


A influência da ACS se mantém ao longo da história e pode ser confirmada ao nas paredes da sede da instituição, na Rua XV de Novembro, 137, Centro Histórico, onde são encontradas dedicatórias e assinaturas de vários presidentes da República, como Wenceslau Brás, Eurico Gaspar Dutra, Juscelino Kubitscheck, Jânio Quadros, Ernesto Geisel, Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff. 


“Vir a Santos e passar na Associação é quase um protocolo. Quando o imperador Dom Pedro II vinha, por exemplo, passava pela ACS, e isso acompanhou o desenvolvimento da Cidade”.


Mais setores


Mas a ACS também deixa marcas em outros setores, como o cultural. “Os detentores dos recursos estavam aqui e quando enxergavam que tinham como contribuir, com aportes financeiros, faziam. Foi o caso da construção do Teatro Guarany”, diz Willians.


A fama de Benedito Calixto também teve participação da ACS. Ele começou sua trajetória como artista plástico. “Ele fazia pinturas de anúncios em muros. Viram o potencial dele e o próprio Nicolau Vergueiro (primeiro presidente da ACS) e outros grandes nomes resolveram ajudá-lo e pagaram curso na França. Em retribuição, Calixto fez alguns quadros e deixou aqui”. 


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