Discutida há anos na Baixada Santista, a implantação do BRT (Bus Rapid Transit, em inglês, ou ônibus de trânsito rápido, em livre tradução) ganha ao menos uma luz no fim do túnel. A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) publicou no Diário Oficial do Estado, na última semana, a conclusão do chamado projeto funcional.
Para que saia do mundo das ideias e ganhe vida, o BRT precisaria, ainda, de um projeto básico e outro executivo – este, com a descrição minuciosa dos trâmites de engenharia.
No planejamento divulgado, a linha do BRT interligaria 30,4 quilômetros do Litoral Sul, passando do Bairro Caiçara, em Praia Grande, até São Vicente.
Segundo o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB), apesar de ainda não ser o projeto executivo, esta não é a ideia que a Cidade defende, pois forçaria os moradores a viajarem por um percurso desnecessário.
“Ele sai de Samaritá (São Vicente) pela parte lateral da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega e vai até a Vila Caiçara percorrendo um trecho onde não passa ninguém. Vai forçar o passageiro a sair de Boqueirão, São Jorge, Vila Sônia, todos os bairros da região norte da Cidade, para depois ir a São Vicente. Não é o caminho natural”, argumenta.
Traçado proposto
Segundo o prefeito, outra proposta foi enviada no ano passado e reiterada neste ano para que se prolonguem os trilhos do VLT, passando da Avenida Angelina Pretti, na Área Continental de São Vicente, por 3,8 quilômetros, até o Terminal Rodoviário Tude Bastos, onde deveria sair o BRT Litoral Sul, pelas marginais da rodovia.
“Na época, o Governo Federal tinha se proposto a financiar a execução da obra. Tinha disponibilizado um valor alto, e as prefeituras apresentaram sua proposta. Eles continuaram com o projeto conceitual e não avançaram”, diz Mourão.
Segundo o prefeito, a última noticia que o Município recebeu é a de que continuam revendo o estudo.
Reavaliações
A EMTU reitera a informação de que a Secretaria de Transportes Metropolitanos está reavaliando todos os projetos da pasta para priorizar os que se encontram em fase adiantada de execução. No entanto, não informa quais são.
A EMTU nem sequer responde qual o modelo atualmente considerado como a melhor solução à região. Negou à reportagem detalhamento ou entrevista a respeito.
Perguntada se a conclusão do projeto funcional significa que a ideia será executada da maneira pensada inicialmente, a EMTU respondeu que “poderão ser analisadas, futuramente, novas soluções ou adequações que se integrem ao VLT a partir de São Vicente e sejam necessárias à melhoria do sistema de transporte metropolitano no Litoral Sul”.
Momento é favorável, diz Condesb
Segundo o prefeito de Peruíbe e também presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), Luiz Maurício (PSDB), este é o melhor momento para se discutir o transporte metropolitano da região.
O presidente, que tomou posse no órgão menos de um mês atrás, conta que, nas reuniões anteriores, não foi definido um posicionamento das cidades como favoráveis ou contrárias a um projeto ou outro.
“A ideia é que se coloque isso em discussão nos próximos meses, inclusive porque há vontade do governador João Doria (PSDB) em tratar da concessão de estradas. Seria o momento adequado de incluir o projeto.”
De acordo com Maurício, a ideia proposta pela Prefeitura de Praia Grande para o Litoral Sul é bem aceita.
“Se você perguntar para qualquer prefeito do Litoral Sul, inclusive aos prefeitos do Vale do Ribeira, não tenha duvida que vão fazer coro a essa ideia”, diz.
A próxima reunião do Condesb deve ocorrer no dia 23, com a possível presença do secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann Ferreira, sobre os hospitais da região. Segundo Luiz Maurício, o pedido foi do prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), e acolhido pelos demais.
Assim, a discussão sobre transporte deve ficar, pelo menos, para maio.
VLT avança no terceiro trecho
A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) contratou, no dia 1º, a empresa que fará os estudos ambientais do terceiro trecho do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que ligará Barreiros a Samaritá, na Área Continental de São Vicente. Os estudos compreendem a ligação dos bairros de São Vicente interligados pela ponte A Tribuna e não incluem Praia Grande.
A empresa contratada é a Walm Engenharia e Tecnologia Ambiental Ltda., que terá 300 dias para executar o serviço, por aproximadamente R$ 700 mil, segundo o site diariodotransporte.com.br.
O trecho Barreiros-Samaritá terá 7,5 quilômetros de extensão, com quatro estações de embarque e desembarque e está em fase de projeto–adiado e sem nova data definida.
Segundo a EMTU, o edital do projeto executivo desse trecho está em desenvolvimento. Apesar de em notícias anteriores a empresa dar previsão de entrega para 2023, ao custo estimado de R$ 467,7 milhões, desta vez não se respondeu em quanto tempo a execução se tornará realidade.
Trecho 2
Em maio, será divulgado qual dos sete consórcios e três empresas ficarão responsáveis pelas obras da segunda fase do VLT– trecho que ligará a estação Conselheiro Nébias ao Valongo. A previsão, segundo o Governo do Estado, é que as obras se iniciem no próximo semestre.
Serão oito quilômetros, 14 estações e investimento previsto de R$ 280 milhões.