Moradora de Praia Grande conta momentos de terror em Porto Alegre: ‘Deixei tudo para trás’; VÍDEO

Ela está recolhendo doações para enviar ao Rio Grande do Sul

Por: Ravena Soares  -  07/05/24  -  07:58
Atualizado em 07/05/24 - 07:59
Estudante de direito da UFRGS conseguiu embarcar no último voo para SP
Estudante de direito da UFRGS conseguiu embarcar no último voo para SP   Foto: Reprodução e Gilvan Rocha/Agência Brasil

“Deixei tudo para trás”. Foi assim que a estudante de direito, Ketlyn Mikaely Ramos da Rocha, de 20 anos, voltou para a sua cidade natal, Praia Grande, às pressas, no último voo comercial que saiu de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na manhã da sexta-feira (3). (Veja no vídeo mais abaixo)


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Ketlyn mora na cidade há cerca de dois anos, quando começou a cursar direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo ela, foi por volta do último dia 27, um sábado, que começou a chover fora do normal, acendendo um alerta. “Em março, já tinha passado um ciclone e teve bastante chuva. Ficamos uma semana sem luz, sem água. Então estávamos meio que tranquilos por achar que nada seria pior do que já tinha acontecido. Só que, infelizmente, superou”, lembra.


Ela, que é estagiária em um prédio que fica na Avenida Mauá, uma dos locais atingidos pelos alagamentos, conta que, na última terça-feira (30), chegou a ir trabalhar, ainda preocupada com as chuvas. A situação foi se agravar na quinta-feira (2). “Eu já estava ficando apavorada, desesperada, porque as pessoas já estavam morrendo. Nós estávamos vendo o que estava acontecendo no interior”.



Voltando

Com o agravo das chuvas, a jovem que mora em um apartamento sozinha no estado começou a ficar preocupada, assim como a família que estava a quilômetros de distância, em Praia Grande. Com isso, Ketlyn conta que começou a perder o sono e pensar em estratégias para voltar à cidade natal.


“Eu comecei a ficar desesperada, minha família também, eu moro a duas quadras de um rio também que passa no meio da cidade. Ele começou a transbordar”, lembra Ketlyn.


Tanto a estudante, como a família, começaram a pensar em alternativas para trazê-la de volta ao município de Praia Grande. Entretanto, as notícias de voos cancelados e estradas interditadas também percorriam o Brasil. “Minha mãe estava desesperada e eu também. Porque quando aconteceu o ciclone, a gente ficou sem luz, internet e água. Ficamos sem wi-fi e sinal de telefone. Ninguém conseguia me ligar. Eu fiquei quase uma semana sem falar com a minha família”, recorda.


Mas foi na madrugada de sexta-feira que a família de Ketlyn conseguiu comprar uma passagem aérea às pressas. Com apenas a roupa do corpo e uma mochila com um vestido, a jovem foi rumo ao aeroporto. Ela conseguiu embarcar no último voo que saiu do estado para São Paulo.


Ainda no aeroporto, ela viu as cenas de desespero de milhares de pessoas tentando voltar para casa. Ela estava presente quando os voos foram cancelados e lembra dos momentos de terror e desespero dos que ali estavam. ”É uma das piores coisas que eu já passei na minha vida”, destaca.


Em São Paulo

“Quando eu cheguei em São Paulo e peguei o trem, na própria estação onde eu faria a baldeação, estava passando o jornal. O pessoal não tinha muita dimensão, as pessoas não estavam prestando atenção de verdade”, lembra o momento em que chegou em São Paulo, na sexta-feira.


Ela comenta que ficou assustada, porque tinha acabado de sair de um caos e se deparou com uma cidade “normal”. Apesar de estar em segurança, em sua casa no Litoral de São Paulo, Ketlyn diz que não consegue sentir felicidade ou alívio, porque sua vida está sendo construída no Rio Grande do Sul. “Eu não consigo ficar feliz (...) Eu acredito que ainda estou em choque”.


Doações

Para ajudar as pessoas que moram no Rio Grande do Sul, a estudante montou um “ponto de doação”, na Rua Sertanista Gilberto Pinto Francisco Costa, 393. Tupi, em Praia Grande.


Ela está aceitando doações de itens básicos, que serão encaminhados para o estado. “Uma moça se disponibilizou a emprestar dois caminhões da empresa dela, para a gente poder levar essas coisas para o ponto de distribuição, que seria lá em São Paulo, capital”, explica.


Ela também tem compartilhado as informações em seu Instagram.


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