Pediatra de Santos alerta sobre vacinação em baixa e ressurgimento de doenças

Entre as 15 vacinas do calendário infantil, metade não bate as metas desde 2015, o que inclui a vacina contra poliomielite

Por: Matheus Müller  -  04/12/20  -  15:50
 É preciso imunizar as crianças contra outras doenças
É preciso imunizar as crianças contra outras doenças   Foto: Matheus Tagé/AT

Enquanto o mundo aguarda  uma definição de vacina contra a Covid-19, que solucione a infecção e disseminação do coronavírus que matou quase 1,5 milhão de pessoas pelo mundo e mais de 174 mil no Brasil, a médica pediatra da Santa Casa de Santos, Maria Heloíza Torres Ventura, alerta: É preciso imunizar as crianças contra outras doenças, como H1N1, sarampo, meningite, poliomielite, varicela, HPV, entre outras. 


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“É um paradoxo. O mundo todo atrás de uma vacina, sendo que temos doenças tão graves ou mais graves como sarampo e meningite. As doenças estão aí”, reforça a profissional, que observa uma constante queda na imunização das crianças. O Ministério da Saúde revela que as coberturas vacinais estão em queda há 5 anos e não atingem nenhuma meta no calendário infantil desde 2018. 


Maria Heloíza ressalta que neste ano, por conta da covid-19, o índice de vacinação caiu ainda mais, e acredita que a situação se deva ao medo que as pessoas têm do contágio de coronavírus na rede de saúde. “Elas devem vacinar, se proteger e vacinar”.  


Outro motivo para a redução da taxa de vacinação é a sensação de segurança, efeito dos resultados das próprias vacinas. “Elas são eficazes, e como as pessoas pararam de ver casos de doenças, como sarampo e poliomielite, acreditam que estas sumiram, mas não, estão aí. A vacinação é a rede de proteção para sociedade e sem imunização o perigo pode voltar”.


A falta de imunização já deixa marcas no mundo. Se não neste ano, devido à quarentena, 2019 teve o maior número de mortes por sarampo dos últimos 23 anos, com 207,5 mil vidas perdidas, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). 


No Brasil, foram 15 mortes e mais de 13,5 mil casos confirmados da doença. Dos óbitos, 14 foram registrados em São Paulo, que não tinha mortes há 22 anos. 


Recentemente, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a OMS, divulgaram um comunicado conjunto manifestando preocupação com a queda de até metade nas taxas de imunização contra doenças como poliomielite e o próprio sarampo, já citado. 


Ajuda no diagnóstico


A médica ressalta que além de proteger as crianças e evitar o ressurgimento de doenças, tais imunizações podem facilitar diagnósticos e tornar tratamentos mais eficazes. “Quando a criança está vacinada, já é um diferencial para o diagnóstico. Porque, por exemplo, os sintomas do H1N1 são bem semelhantes aos da covid-19 na infância”.


Caderneta em dia


A pediatra reforça a importância de os pais e responsáveis completarem a caderneta de vacinação das crianças. Caso tenham perdido o papel com as anotações das doses aplicadas, a orientação é que procurem a unidade de saúde onde foram realizadas as últimas imunizações, pois há um cadastro de cada munícipe no Sistema Único de Saúde (SUS). 


“Todas as vacinas são importantes”


Maria Heloíza explica que mais de uma dose pode ser ministrada, por dia, na criança. Ela ressalta que mais detalhes são informados na chegada às unidades. 


São questões técnicas, as vacinas de vírus atenuados, como a febre amarela, varicela, sarampo, por exemplo, precisam de 30 dias entre uma dose e outra. Já as imunizações com bactérias mortas, como poliomielite, influenza e HPV podem ser aplicadas no mesmo dia. 


Volta às aulas


A médica ressalta que na quarentena o contágio de doenças diminuiu, o que mascara as baixas taxas de vacinação infantil. Segundo ela, se as crianças não forem vacinadas antes da retomada das aulas, o cenário previsto é de aumento na disseminação de vírus e bactérias.


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