Pandemia causa angústia em gestantes que estão perto de dar à luz

Especialistas alertam, no entanto, que é preciso ter calma e seguir as orientações médicas

Por: Tatiane Calixto  -  30/03/20  -  20:25
Gestantes que fazem os exames corretamente tem índice mais baixo de bebês que nascem antes da hora
Gestantes que fazem os exames corretamente tem índice mais baixo de bebês que nascem antes da hora   Foto: Rogerio Soares/Arquivo/AT

“Estou na 30ª semana de gravidez e angustiada. E se eu for para o hospital e me contaminar?” A preocupação é da fotógrafa e professora Maria Carolina Ribeiro Di Blasi Lopes, de 37 anos. Com medo de entrar em trabalho de parto justamente no pico da pandemia da Covid-19 no Brasil, ela já cogita a possibilidade dar à luz em casa. 


A preocupação é compartilhada por outras gestantes e, segundo especialistas, tem aumentado o agendamento de cesáreas e até pedidos de indução de partos. No entanto, eles alertam que, mesmo diante do cenário de pandemia, o mais saudável é aguardar o tempo do bebê e realizar o parto normal. 


Carolina é mãe de Francisco, de 13 anos, e Maria Clara, de 5. Os dois nasceram de parto normal. Por isso, um parto domiciliar não a assusta. “Vou conversar com minha médica. Eu não estou em uma gravidez de risco, acredito que vai ser mais seguro um parto domiciliar. Tenho medo de ir para o hospital e pegar o novo coronavírus”. 


Thais Barral é doula e afirma que a preocupação entre as gestantes tem crescido. “Tive três casos de mulheres que foram pedir até a indução do parto aos médicos”, conta ela, alertando que isso é um perigo. “Entendo a preocupação delas, mas o mais saudável é aguardar o momento do bebê. Não é aconselhável apressar e nem postergar um parto”. 


Paula Gonçalves dos Santos também é doula e afirma que tem percebido dúvidas das mulheres também em relação ao pré-natal, já que a orientação é de quarentena. “A gente tem orientado que elas fiquem em contato com seus médicos para avaliar quando ir ao consultório e o que fazer”. 


Para ela, é importante ter em mente que o parto domiciliar exige uma equipe dentro de casa. Ela alerta que não são todas as mulheres que podem realizar algo do tipo e as cesáreas são cirurgias que exigem uma recuperação muito mais demorada que um parto normal.


“É importante que as gestantes tenham essas informações e possam tirar dúvidas com profissionais. Elas precisam dessas conversas e dessa atenção”. 


Chefe do Departamento de Atenção Pré-Hospitalar e Hospitalar da Prefeitura de Santos, o médico ginecologista e obstetra Adriano Catapreta também tem percebido o medo entre gestantes e afirma que, no consultório, algumas estão querendo marcar a cesárea, inclusive, antes do tempo previsto, devido à pandemia. A todas, ele afirma que não se deve antecipar o parto e pede calma. 


Segundo Catapreta, apesar de ser uma doença nova, os estudos indicam que as gestantes não teriam maior risco de se infectar ou mesmo de desenvolver complicações graves, caso infectadas. “Também verificamos que não houve transmissão vertical. Isto é, da mãe para o feto. Então, as condutas para o parto não devem ser alteradas”. 


O que é preciso, conforme o médico, é que, assim como toda a população, as gestantes evitem sair de casa e mantenham todas as orientações de higiene. 


Santos


Em Santos, a prefeitura afirma que as maternidades municipais (Silvério Fontes e Estivadores) contam com triagem pela equipe da enfermagem das gestantes que procuram atendimento nas unidades. Caso elas apresentem sintomas similares aos do novo coronavírus, recebem máscara para passar em avaliação médica. 


Os casos leves, que não sejam de trabalho de parto, terão continuidade de acompanhamento na policlínica de referência do bairro onde moram e indicado isolamento social domiciliar. Se estiverem em trabalho de parto e com sintomas leves, terão continuidade do acompanhamento na maternidade seguindo alguns cuidados como uso de máscara e isolamento de outras pacientes. 


Casos graves envolvendo gestantes com sintomas similares aos da Covid-19, continua a prefeitura, são internados e solicitados com urgência vaga para o Hospital Estadual Guilherme Álvaro, referência para o atendimento de casos suspeitos. 


As recomendações são que as gestantes se resguardem e realizem o isolamento social indicado, reforçando as medidas de higiene e procurando pelo pronto socorro obstétrico se tiverem febre persistente, problemas respiratórios como falta de ar e outras alterações significativas no estado de saúde.


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