Motoboys de aplicativos organizam por WhatsApp paralisação no País

Ato teve inspiração na greve dos caminhoneiros de maio de 2018, que se deu sem o protagonismo dos sindicatos e foi tocada por lideranças desconhecidas do setor.

Por: Da Redação e do Estadão Conteúdo  -  01/07/20  -  17:25
Para estabelecimentos com delivery, corte de jornada e salários em 50%
Para estabelecimentos com delivery, corte de jornada e salários em 50%   Foto: Matheus Tagé/AT

Sob desconfiança das empresas de aplicativo e donos de restaurantes, motoboys e entregadores cruzaram os braços, nesta quarta-feira (1º), em uma paralisação dos serviços nas principais cidades do País. A mobilização, organizada por WhatsApp, tem inspiração na greve dos caminhoneiros de maio de 2018, que se deu sem o protagonismo dos sindicatos e foi tocada por lideranças desconhecidas do setor.


Dezenas de trabalhadores dos principais app da região aderiram ao ato. Sem organização definida, participantes avaliam que houve pouca adesão na região. A manifestação aconteceu das 9h30 até o meio-dia, na Praça da Independência, no Gonzaga, em Santos. 


"Acredito que ainda o desconhecimento colaborou para a pouca adesão, mas estamos conversando e nos articulando para um próximo ato", explica o motoboy Bruno Soren. 


As principais pautas, aqui na região, são o aumento da remuneração por quilometragem e seguro de vida pago pelas empresas de aplicativo. "Corremos riscos todos os dias e não temos respaldo dos aplicativos", afirma João Vinicius, motoboy que também atua em Santos. Dezenas de motoboys se reuniram na tarde desta quarta-feira (1º) para definir os próximos passos. 


Na manifesta desta quarta, se reuniram motoboys dos principais aplicativos como iFood, Rappi, Loggi e Uber Eats. O Gonzaga reúne as principais redes de fast-food e shopping centers - pontos que, tradicionalmente, concentram boa parte dos pedidos.


Bikeboys também param em apoio aos entregadores
Bikeboys também param em apoio aos entregadores   Foto: divulgação

Reivindicações


A pauta de reivindicações engloba desde a definição de uma taxa fixa mínima de entrega por quilômetro rodado até o aumento dos valores repassados aos entregadores por serviços realizados. A categoria também cobra das empresas uma ajuda de custo para a aquisição de equipamentos de proteção contra a covid-19, como máscaras e luvas. As empresas afirmam que estão fornecendo os equipamentos.


No Rio de Janeiro, líderes do movimento acreditam que adesão pode alcançar 70% dos entregadores. Mas, em todo o País, nem os aplicativos, nem os donos de restaurantes acreditam na força da paralisação.


"Conversei com donos de bares e restaurantes e nenhum deles se demonstrou preocupado. Os motoqueiros com quem conversaram disseram que vão trabalhar normalmente", diz o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci.


Segundo fonte próxima à direção de um aplicativo, as empresas vêm monitorando o movimento e não esperam a adesão prometida. Em caso de redução na oferta de entregadores, a estratégia passará por aumentar a remuneração disponível, na tentativa de seduzir colaboradores a abandonar o protesto.


Não é a primeira vez que os entregadores se organizam em torno dessas pautas. Em abril, eles realizaram um buzinaço em São Paulo e, em junho, um protesto. O Sindimoto, que representa a categoria em São Paulo e, segundo os motoboys, não participou da organização da greve, aderiu ao movimento e convocou uma concentração em frente à sua sede, na zona sul da cidade. "Nós vamos finalizar o ato com um grande buzinaço em frente do Tribunal Regional do Trabalho", diz o presidente Gilberto Almeida dos Santos.


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