Peruíbe planeja retomar atividades no Lamário Municipal

A Prefeitura de Peruíbe quer reativar a extração da lama negra e retomar 100% do uso do Lamário Municipal até 2020. A estimativa é do prefeito Luiz Maurício (PSDB), que pretende entregar em breve os documentos exigidos para renovação de licença ambiental pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

Segundo o prefeito, apesar de não ser possível dar um prazo para que a Cetesb libere a licença, há esperança de avanços. Assim, em vez de aplicação de lama negra só no rosto para melhorar a pele, pacientes com dores, artrite, artrose e outros problemas de saúde poderiam voltar a se beneficiar com banhos na piscina de lama. “Será um ganho para saúde e o turismo da Cidade”.

Entrave

O engenheiro e diretor do Departamento de Meio Ambiente do Município, Marcelo Moro, explica que desde 2015 a extração foi suspensa por falta de licença ambiental. Em 2017, tratativas foram reiniciadas e houve a exigência de diversos estudos. 

“Nesse período, mudaram os sistemas de licenciamento da Cetesb e do Departamento Nacional de Mineração. Surgiu a necessidade de apresentar plantas georreferenciadas, estudo da vegetação, memoriais descritivos e outros”.

A empresa contratada para fazer esse serviço, a Geoplan Topografia, concluiu os estudos em janeiro, mês em que a Prefeitura protocolou a documentação na Cetesb. Em maio, o órgão ambiental pediu mais dados.

Contrapartidas ambientais foram cumpridas, como o restabelecimento de uma das jazidas de lama exploradas, com replantio da vegetação nativa.

Quanta lama?

A demora se deu porque o espaço onde está a lama negra fica numa área de 42 mil metros quadrados de mangues próximos ao Rio Preto. Lá, foram delimitados três terrenos – sendo dois deles da Prefeitura – para os quais se pediu licença ambiental. Estima-se que haja lama negra para 80 anos.
Apesar do tamanho, o terreno não é todo formado por lama terapêutica. Por isso, a licença prevê a extração de locais específicos, denominados painéis. Há seis desses, cada um com 100 metros quadrados. Dentro desses painéis há módulos, onde serão cavados buracos de exploração de nove metros quadrados.

Após o licenciamento ambiental, em cada módulo será possível retirar lama de até três metros de profundidade. Segundo a Prefeitura, só dois módulos foram utilizados na licença anterior. 

Procura

O secretário de Governo de Peruíbe, Eduardo Monteiro Ribas, diz que até 2013, quando o Lamário tinha funcionamento normal, a procura mensal era de 800 a 1.100 pacientes. A estimativa é que essa retomada auxilie a economia local.

Visitantes não faltam. É o caso da professora de Educação Infantil Ana Maria Bataglia Gonçalves, de 59 anos, e o filho, o universitário Lucas Bataglia Gonçalves (foto acima), de 23. Eles são de São Caetano do Sul e estiveram em Peruíbe no último feriado. Foram duas vezes ao Lamário e não se arrependeram. Em especial Lucas.

“Tenho muita espinha e a lama não apresenta os fatores negativos dos cosméticos sintéticos. Já usei até argila, mas a pele resseca e a barba encrava. Com a lama, nada disso acontece”.

Reforma

Apesar de ser utilizado ainda hoje (com a lama retirada antes de 2015), o Lamário Municipal precisa de reforma. Há banheiros interditados, pia quebrada e parede de madeira gasta. Segundo o prefeito, as melhorias saem em cerca de dez dias. 

A Cetesb, perguntada sobre quanto tempo precisará para analisar os documentos restantes, apenas respondeu que o processo está em análise e aguarda mais informações. 

Serviço

Hoje, o Lamário Municipal funciona com lama extraída antes de a licença expirar. Não é permitido levar nada para casa, mas a aplicação é feita no rosto (R$ 5,00) ou no rosto e colo (R$ 8,00) De segunda a sexta-feira, das 8 às 17h, e aos fins de semana e feriados, das 10 às 16h. o endereço é Av. Mário Covas, 204. Não é preciso agendar. Deve-se esperar por 20 minutos antes de retirar as cerca de 10g de lama usadas na máscara facial.