Moradora de Itanhaém vence a covid-19 após perder tia e se emociona ao reencontrar filho; VÍDEO

Carolina teve 50% dos pulmões comprometidos e viu quase toda a família ser infectada pelo vírus também

Por: Ágata Luz  -  13/06/21  -  11:46
Atualizado em 14/06/21 - 13:27
   Carolina teve 50% de comprometimento pulmonar
Carolina teve 50% de comprometimento pulmonar   Foto: Arquivo pessoal

“Percebi que tinha vencido essa doença no abraço do meu filho”, diz a jornalista Carolina de Alves Huerte Teves, de 27 anos, sobre o momento em que reencontrou o pequeno Henrique após ficar internada por conta da covid-19. Em menos de um mês, a moradora de Itanhaém descobriu que ela própria, a avó, a mãe, o marido e duas tias foram infectados pela doença. Desta forma, com 50% de comprometimento pulmonar, Carolina precisou ficar internada por seis dias.


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Apesar de ter alta no último sábado (5), o vídeo do reencontro entre mãe e filho foi divulgado nas redes sociais nesta quinta-feira (10) pelo marido de Carolina e emocionou internautas. Em conversa com ATribuna.com.br, a jornalista explica como foi o processo de enfrentamento à doença até a recuperação e encontro com o filho, que completou quatro anos na segunda-feira (7).



Segundo Carolina, ela começou a sentir os sintomas no dia 21 de maio: “Apenas uma tosse”. Porém, dois dias depois, ela recebeu a notícia que uma tia havia sido internada com covid-19. “Logo disse para a minha mãe fazer o teste e deu positivo. Foi aí que percebi que eu podia estar também”, relata.


Desta forma, no dia 24 de maio, Carolina e o marido foram fazer o teste. “Nesta altura eu e meu marido começamos a ter muita tosse seca e dor no corpo, fora o desânimo e as dúvidas que eram demais”, explica. De acordo com a jornalista, no dia seguinte o resultado deu positivo: “Aí começou a nossa luta. Eram muitos medicamentos, injeções e exames. Meu filho tinha três anos e ficou com a gente o tempo todo mas, graças a Deus, não teve nenhum sintoma”.


Carolina relata que não tinha forças para fazer qualquer atividade. “Me sentia cansada, só conseguia literalmente ficar deitada”, ressalta. Em meio a tudo que acontecia, a jornalista soube que a avó e outra tia também testaram positivo. Porém, a avó não apresentava sintomas. “No fim, apenas meu filho e meu pai testaram negativo”, completa.


Apesar de estarem infectados, os familiares aguardavam notícia da tia que, até então, era a única que estava internada. “Ela foi melhorando dia após dia, mas em 28 de maio, a minha segunda tia foi internada já na UTI, intubada e em estado bem crítico. Tanto que ela não aguentou e faleceu no dia seguinte”, lamenta Carolina.


Ainda segundo a jornalista, elas eram muito próximas: “Era mais que uma tia, era uma amiga. Minha família evitou de me falar do falecimento dela por medo da minha reação e eu descobri depois de horas”.


Piora no quadro


Após a morte da tia, Carolina apresentou piora. “Eu estava no sétimo dia de sintomas. Foi aí que ‘desandou’ pro meu lado”, relata. A jornalista diz que o marido não dormiu bem por conta da morte na família e acordou às 5h da manhã do dia 30 para tomar medicações e ver a saturação de Carolina: “Estava 87. Fomos correndo para Santos, só deixei meu filho antes na minha sogra. Fiz vários exames e foi detectado que eu estava com mais de 50% de comprometimento pulmonar e precisava de internação”.


Em Santos, Carolina recebeu oxigênio e aguardou vaga para internação em São Paulo, no Hospital IGESP. “A pior parte foi ouvir do médico que eu podia intubar. Pensei que nem tinha me despedido do meu filho, estava perto do aniversário dele de quatro anos e ele já não ia ter mais a mãe”, desabafa.


A jornalista explica que foi para São Paulo em uma ambulância UTI com oxigênio de cinco litros. “Meu nariz queimava, mas era a única forma de respirar”, destaca.


Após chegar na unidade hospitalar, ela passou por diversos exames e recebeu muitos medicamentos. “Até anticoagulante tomei, pois meu sangue já estava coagulando. Foi a pior semana da minha vida”, diz Carolina.


De acordo com ela, a sensação de estar na ala de covid é que o próximo passo é ir para a UTI e morrer: “Eu não dormia direito porque achava que não ia acordar mais”.


Enquanto isso, os boletins médicos de Carolina eram passados para o marido por telefone. “Falavam que eu não tinha previsão de alta, que era grave e a doença é cruel”, ressalta.


Evolução


Na internação que aconteceu do dia 30 de maio até o dia 5 de junho, a jornalista passou quase todos os dias com oxigênio. “O primeiro teste que fizemos sem oxigênio foi na sexta-feira (4). Lembro que o médico decidiu tirar por conta dos meus exames de sangue, mas disse que não era para me animar muito, pois geralmente se tira e volta, porque o desmame de oxigênio é muito difícil”, explica Carolina.


Desta forma, a jornalista ressalta que se apegou em oração: “Sabia que não tinha outra forma de sair dessa se não fosse pela minha fé. Tenho comorbidade por conta da minha obesidade e a tendência era piorar muito rápido”.


De acordo com ela, uma enfermeira fez uma visita na sexta-feira e a viu sem cateter. “Falou que era um milagre eu ter conseguido. Foi aí que eu comecei a chorar e percebi que talvez eu ia passar por essa”, destaca. Carolina diz que, neste dia, foi a melhor noite no hospital, pois ela dormiu bem.


   Família registrou diversos momentos após do dia da alta
Família registrou diversos momentos após do dia da alta   Foto: Arquivo Pessoal

“No sábado (5) pela manhã, estava tomando café e a médica chegou com a notícia da alta. Meu PCR já estava negativo, meus exames estavam ok. Tinha sequelas pulmonares, porém era apenas com o tempo”, ressalta a jornalista, que ligou para o marido na mesma hora. “Fiquei desesperada pedindo para ir logo me buscar. Eu já estava tão mal no hospital que não conseguiam encontrar mais as minhas veias para exames. Sai de lá cheia de roxo”, conta.


Vitória


“Cheguei em casa na hora do almoço e aí teve o vídeo do Henrique me recebendo. Aquele momento foi um marco na minha vida”, relembra Carolina. Ela explica que conseguiu comemorar o aniversário do filho com ele e, apesar de ser a festa mais simples que já fez, foi a mais importante de todas.


“Todos os dias no hospital eu falava para mim mesma e para Deus que eu precisava vencer essa doença pela minha tia que não conseguiu. Era uma forma de honrar tudo que ela fez por nós”, relata a jornalista. De acordo com ela, o apego em Deus é uma das principais dicas para vencer a covid.


   Dois dias após ter alta, o filho de Carolina completou quatro anos e ela conseguiu estar perto dele
Dois dias após ter alta, o filho de Carolina completou quatro anos e ela conseguiu estar perto dele   Foto: Arquivo Pessoal

“Teve um dia que eu simplesmente comecei a chorar porque não aguentava mais e eu pensava ‘Senhor, esse é um exame a menos que eu estou fazendo, me ajuda a suportar’. Acredito que devemos nos apegar na nossa fé e confiar até o último momento”, enfatiza. Segundo ela, a recuperação tem explicação: “Sei que fui curada por Deus e pelos médicos, que não desistiram de mim”.


Apesar de ainda possuir algumas sequelas, como a dificuldade para tomar banho e falar ao telefone, Carolina comemora a vitória contra a doença e pede cuidado para a população. “Precisamos nos cuidar ainda mais com distanciamento, máscara e álcool em gel. Essa doença é cruel e só quem passa pode dizer o quanto ela é destruidora, não só na parte física, mas na parte mental”, finaliza a jornalista.


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