Maternidade para de fazer teste da orelhinha em bebês e mães cobram solução no Litoral de SP

Triagem é considerada fundamental para detectar se o recém-nascido tem problemas de audição

Por: Gabriel Fomm  -  10/04/24  -  07:42
A maternidade fica no Hospital Regional Jorge Rossmann, em Itanhaém
A maternidade fica no Hospital Regional Jorge Rossmann, em Itanhaém   Foto: Luciano Neto/PMI

Fundamental para detectar se o recém-nascido tem problemas de audição, a maternidade do Hospital Regional Jorge Rossmann de Itanhaém, Litoral de São Paulo, parou de realizar a Triagem Auditiva Neonatal, conhecido popularmente como o teste de orelhinha, por conta da falta de um profissional apto a fazer o exame dentro da unidade.


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A empresária Lidiane Cruz, de 26 anos, está há mais de dois meses aguardando para que o filho consiga realizar o teste. O filho dela nasceu no dia 3 de fevereiro e, três dias depois, teve alta hospitalar. Apenas quando estava saindo da unidade, a mãe disse ter sido informada que a triagem não tinha sido feita.


“Fui informada que não tinha sido feito o teste da orelhinha e que eles estariam entrando em contato comigo na próxima semana. Concordei e fiquei aguardando. Quando meu filho estava com 20 dias comecei a ligar na maternidade para perguntar sobre o exame”, comentou a mãe.


A única alternativa que Lidiane tinha era aguardar. Enquanto isso, a mãe começou a procurar por informações e descobriu que o exame, além da importância para o desenvolvimento do recém-nascido, também tinha prazo para ser feito: até no máximo seis meses após o nascimento.


Depois disso, a empresária relatou que começou a ligar toda semana na maternidade e sempre ouvia a mesma resposta sobre a falta de um profissional apto. “Então pedi para eles me darem um encaminhamento para algum outro hospital. Eles falaram que não podia”, ressaltou.


“Quando meu filho estava com 15 dias de vida, a pediatra do posto me pediu esse teste da orelhinha. Ela me deu uma guia e fui atrás desse exame. Fui em outras maternidades e fui informada que teria que ser feito na maternidade onde a criança nasceu”.


Lidiane entrou em contato com amigas que também foram mães recentemente na unidade e descobriu que todas passavam pela mesma situação. Uma delas, inclusive, comentou estar aguardando desde dezembro para a realização da triagem. “A gente está procurando até no particular para fazer, mas ninguém faz”.


“Me sinto incapaz. A gente corre atrás, não consegue, entra em contato com a maternidade, procura uma solução. Eu pedi para eles me darem um encaminhamento, para conseguir fazer em outro lugar e eles falam que não pode, de maneira nenhuma. A gente fica de mãos atadas. Não tem o que fazer”, desabafou a mãe.


Importância do teste

O tempo ideal para a realização da triagem é até 48 horas após o nascimento da criança, segundo a fonoaudióloga Vera Cristina Fernandes Calheiros. O recomendado é que o teste seja feito enquanto o recém-nascido ainda está na maternidade, porém pode ser feito até os 6 meses.


“Após a realização do exame de orelhinha, é possível iniciar o diagnóstico e o tratamento das alterações auditivas precocemente, por isso que é tão importante que o bebê recém-nascido realize esse exame, porque caso haja uma alteração auditiva, ela pode levar meses, até por volta de um ano para ser detectada se a criança não fizer esse exame. Então, a gente pensa muito na prevenção das alterações de audição”, explicou a profissional.


O que diz o estado?

O Hospital Regional Jorge Rossmann de Itanhaém é administrado pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Procurada pela Reportagem, a pasta lamentou o ocorrido e confirmou que a unidade está em processo de contratação de um novo profissional para a realização do teste da orelhinha.


Com a chegada de um novo especialista apto a realizar a triagem, a Secretaria de Saúde garantiu que todos os exames pendentes serão agendados em caráter de prioridade.


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