Idoso morre após ter atendimento negado por enfermeira e falta de vaga em UTI no Litoral de SP
Ele enfrentou saga para cuidar do quadro de saúde desde 6 de abril
Atualizado em 20/04/24 - 08:57
Valmir Vidichosqui, de 65 anos, faleceu na quarta-feira (17) em Itanhaém, no Litoral de São Paulo. Ele estava internado no Hospital Regional, após sofrer um infarto na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município e ter o atendimento negado por uma enfermeira.
O idoso estava acompanhando a mulher e a enteada, ambas com dengue, na UPA quando sofreu uma parada cardíaca, no último dia 6 de abril. Recepcionistas o encaminharam para a triagem, mas a enfermeira recusou o atendimento, pois não havia uma ficha previamente preenchida. O homem foi reanimado três vezes no chão da recepção.
"Se ele tivesse sido atendido, ele poderia ter tido uma chance!", disse Michelle Schmidt, enteada mais velha de Valmir, à reportagem de A Tribuna.
Segundo ela, o paciente foi transferido para o Hospital Regional de Itanhaém na terça-feira (9), mas só foi para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) na quinta (11).
"A UTI de Itanhaém não é uma UTI cardiológica, como ele precisava. Era uma UTI comum, sem os aparelhos que um paciente cardiológico precisa. Ele seria transferido para o Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, na quinta (18), mas, infelizmente, não deu tempo", relatou a enteada.
De acordo com Michelle, Valmir precisava fazer um tratamento de cateterismo - uso de um tubo flexível extremamente fino e longo, na artéria do braço ou da perna do indivíduo, que é conduzido até o coração para remover acúmulos de placas de gordura, colesterol, cálcio e outras substâncias encontradas no sangue.
A enteada também disse que o idoso ficou na UTI até terça-feira (16), quando foi transferido para um quarto na parte da tarde. No dia seguinte, durante a hora do banho, Valmir passou mal e precisou voltar para a UTI, mas não havia vagas.
Por volta das 15h30, a família recebeu a notícia de que ele sofreu outra parada cardíaca e faleceu. O funeral e sepultamento ocorreram na quinta-feira (18), às 14h, no Cemitério Municipal. Valmir deixou esposa, cinco filhos e um neto.
Em nota, o Hospital Regional Jorge Rossmann (HRJR) lamenta o falecimento do paciente e informa que a equipe médica prestou toda a assistência necessária. "Ele foi recebido na unidade como vaga zero, ou seja, foi atendido de prontidão. O paciente esteve na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de 10 a 16 de abril e, por ter apresentado melhora em seu quadro, foi encaminhado à enfermaria, mas voltou para a UTI no dia 17 de abril. Um cateterismo foi agendado em outra unidade no dia 18 de abril, no entanto, devido à gravidade do seu quadro, foi cancelado. O HRJR fica à disposição para quaisquer esclarecimentos e apoioàfamília".
