Artesãos driblam a crise e passam a fazer máscaras em Itanhaém

Integrantes de cooperativa da cidade mudam foco na pandemia

Por: Marcelo Luis & Da Redação &  -  29/04/20  -  22:57
Com deficiência visual parcial, Noêmia Peixoto da Silva supera dificuldades e agora produz máscaras
Com deficiência visual parcial, Noêmia Peixoto da Silva supera dificuldades e agora produz máscaras   Foto: Josy Inácio/Prefeitura de Itanhaém

Boas ideias costumam surgir nos momentos de dificuldade. E, quando essas iniciativas unem a capacidade de fazer o bem e gerar renda, melhor ainda. Foi o que aconteceu na Casa do Artesão-Sutaco, em Itanhaém.


O espaço, mantido pela Secretaria Municipal de Relações do Trabalho, ficaria ocioso na pandemia do novo coronavírus. A paralisação total das atividades comprometeria a renda das famílias que dependem do trabalho desenvolvido na unidade, gerando frustração, tristeza e, em alguns casos, até depressão. 


Mas, a solução veio rápido, ainda no mês de março, quando os primeiros casos de Covid-19 surgiram na região. Liderado pela coordenadora da Casa do Artesão, Simone Faya, um grupo de 35 pessoas que trabalham com artesanato passou a produzir máscaras de tecido e de TNT, que são doadas a servidores municipais, indígenas, famílias de baixa renda e trabalhadores da limpeza urbana.


Uma parte das máscaras é destinada à venda, por meio de um sistema drive-thru. Esse grupo é formado por 32 mulheres e três homens que, graças a esse mutirão solidário, tem se mantido ativo, trabalhando em suas próprias casas na maioria das vezes.


“Para muitos deles, este é o único dinheiro que tem entrado para fazer uma feira e comprar alimentos. São máscaras feitas com amor, que também são doadas a quem precisa. Foi a forma que encontramos de seguir gerando renda sem perder o vínculo social”, explica Simone. Segundo ela, até agora já foram doadas 1.500 máscaras e vendidas aproximadamente 300.


Superação


Uma das artesãs que integra essa cooperativa é Noêmia Peixoto da Silva, de 58 anos. Moradora do Jardim Sabaúna, Noêmia é deficiente visual parcial. É cega do olho direito e possui 27% de visão no esquerdo. Dona de um talento ímpar para transformar objetos de vidro, garrafas e materiais recicláveis em peças de decoração, agora ela se dedica a passar, higienizar e embalar parte das máscaras produzidas. Faz isso em casa e não esconde a satisfação por ajudar.


“É muito gratificante. Estamos vivendo uma época de resgate de valores. E a primeira coisa que vem à mente é o amor ao próximo. Todo mundo tem dificuldades, eu também. Mas, o pouco para um pode ser muito para outro. Acho que a função desse vírus também é melhorar o mundo. Precisamos nos ajudar uns aos outros e às vezes uma palavra de carinho basta”.


O secretário de Relações do Trabalho de Itanhaém, César Augusto de Souza Ferreira, destacou o caráter social dessa iniciativa. 


“Além da política de geração de renda, a Casa do Artesão proporciona a inclusão, a solidariedade e o fortalecimento do vínculo social, fatores que estão sendo fundamentais para ajudar as pessoas a passarem por este momento mais fortalecidas”.


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