Imóvel de até 45 m² se consolida em cidades da Baixada Santista

Adaptados aos novos tempos, apartamentos cada vez menores caem no gosto dos solteiros ou de casais sem filhos ou com apenas um

Por: Marcelo Santos & Da Redação &  -  18/08/19  -  16:20
Tamanho menor de apartamentos traz nova leva de moradores a Praia Grande
Tamanho menor de apartamentos traz nova leva de moradores a Praia Grande   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

Apesar da sedução do mercado por apartamentos espaçosos e de frente para a praia, as unidades de até 45 metros quadrados estão entre as mais comercializadas, conforme pesquisa realizada na Baixada Santista pelo Sindicato da Habitação (Secovi).


De acordo com o estudo, feito em Santos, Guarujá, Praia Grande e São Vicente, a metragem até 45 m² atingiu venda sobre oferta (VSO) de 71,3%. O VSO calcula a relação de quantidades vendidas e o que foi ofertado, apontando o ritmo da comercialização. 


A pesquisa foi realizada de julho de 2018 a junho último pela Robert Zarif Assessoria Econômica. Em quantidades, o melhor desempenho foi das metragens entre 45 e 65 m², com 1.112 unidades vendidas, de 1.252 ofertadas.


Considerando o preço médio do m² na região, de R$ 5,8 mil, conforme o Secovi, a unidade de exatos 45 m² é vendida a R$ 261 mil. 


O preço baixo devido à metragem menor é o principal atrativo, ainda mais em tempos de crise econômica. Mas este apelo não é o único a trabalhar pelo predomínio do imóvel pequeno.


“Isso acontece tanto em Santos como em Praia Grade, e não é só Minha Casa, Minha Vida, mas também no padrão econômico e para a classe média”, afirma o diretor regional do Secovi, Carlos Meschini. 


Por trás desse fenômeno, que se repete em outras cidades do País, estão também a nova formatação das famílias, cada vez menores, e mais pessoas sozinhas. 


Meschini cita os casais cada vez com menos filhos ou que passam pela fase do ninho vazio – quando esses filhos vão estudar fora e não retornam mais ou obtêm o primeiro emprego e se mudam. 


Divorciados e idosos


Há ainda os divorciados, que dependem de apartamentos compactos, ou os idosos. Estes, por uma questão de faixa etária, abrem mão de unidades espaçosas para reduzir custos ou terem menos trabalho. A vantagem é que os arquitetos estão mais atentos a esse grupo e fazem as adaptações necessárias.


O diretor do Secovi lembra que essas unidades pequenas, nas construções modernas, são integradas à área comum para compensar a falta de espaço.


São os novos condomínios com muitos serviços, como lavanderias e espaços de lazer, com despesas que são cobertas pelo condomínio mais barato de uma grande quantidade de apartamentos em uma só torre. 


As novas necessidades também favorecem o formato menor, com espaços compartilhados, e a aversão ao consumismo. 


São pessoas que evitam acumular objetos e roupas dispensando mobília ampla, tudo em nome da sustentabilidade ambiental.


Pesquisas também indicam que aumenta o número de jovens avessos ao carro. Preferem usar aplicativos e gastar em viagens, por exemplo. Meschini, entretanto, lembra que a garagem é uma exigência da legislação do setor.


Perfil é de casal com primeira casa própria


Os apartamentos apertados já eram comuns nas metrópoles mundiais pelos preços caríssimos do metro quadrado. No Brasil, eles chegaram primeiro por São Paulo com nova roupagem, a da sustentabilidade – menor uso de recursos naturais na obra e, depois, para mantê-lo – e da simplicidade devido à falta de tempo. 


Em Santos, os tamanhos cada vez menores, inicialmente por volta de 80 m² e agora rondando os 40 m², geravam espanto no início da década, quando o boom imobiliário caminhava combinado com a alta dos preços.


Mesmo com as modernidades para atender as aspirações de compradores pró-sustentabilidade, em tempos difíceis o preço baixo é a grande sedução do mercado. 


Em Praia Grande, o tamanho compacto permite vender unidades a R$ 170 mil, segundo o diretor de Obras da construtora Credlar, Reinaldo Lozano. Ele se especializou em apartamentos desse porte – um de seus lançamentos tem unidades de 33 m² – e pretende levar a faixa dos 40 m² para São Vicente até o ano que vem. 


De acordo com ele, o comprador de unidades bem pequenas tem perfil misto. São recém-casados ou casais que não querem ter filhos ou planejam apenas um. “Geralmente estão comprando a primeira casa própria”, afirma Lozano.


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