Home office na pandemia traz novas famílias para a Baixada Santista
Busca por qualidade de vida em tempos de isolamento social tem atraído novos moradores fixos e temporários
Durante a pandemia de coronavírus, não foram poucas as pessoas que passaram a buscar mais qualidade de vida e trouxeram suas famílias para a Baixada Santista. Com a possibilidade do home office, a correria da capital deu lugar a uma vista para o mar ou mais proximidade com as praias.
Roberto Malavasi, diretor de uma imobiliária em Santos, afirma que a baixa nos juros - que chegou a 2% - ajudou a aumentar essa procura, já que, consequentemente, os empréstimos oferecidos pelos bancos também possuem uma taxa menor.
"As vendas de imóveis cresceram demais. O aluguel sempre rodou bem, mas o que inflou o aumento foi a pandemia. As pessoas passaram a repensar suas vidas em cidades do interior e litoral. Se as pessoas sofriam em cidades grandes como São Paulo, elas passaram a perceber que no home office podem trabalhar em uma cidade próxima da capital mas com a qualidade de vida de quem mora no litoral".
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) apontou em pesquisa uma projeção de 35% na alta de venda de imóveis durante o ano de 2021. A mudança de perfil mudou a necessidade das pessoas: "metade dos clientes que recebemos todos os dias são de pessoas de fora da região, buscando uma qualidade de vida melhor", explicou o diretor imobiliário.
Segundo Roberto, o lockdown trouxe um certo receio na compra de imóveis por conta de medo. "Agora estamos recebendo uma enxurrada de clientes de locação, 20 a 25 por dia. As mudanças vão modificando também os nossos clientes", afirma ele.
O bancário Emerson Guimarães morou por 33 anos na Zona Norte da capital. O paulistano já tinha vontade de morar um pouco mais longe do caos que São Paulo traz, principalmente em termos de locomoção. Ele contou que decidiu se mudar para Santos há um ano, em busca da tão sonhada qualidade de vida.
"Meu trabalho era presencial então eu não podia sair de lá. A empresa teve que se adaptar e em menos de uma semana estávamos todos com equipamento trabalhando em casa. O tempo passou, a empresa viu que o home office funcionava e ainda não há planos de voltar 100% presencial. Me veio uma luz e pensei 'agora é o momento de procurar a qualidade de vida que eu tanto sonho'. Santos foi a primeira praia que eu visitei então isso também remete à minha infância", contou ele à reportagem de A Tribuna.
Mesmo com a possibilidade de um modelo de trabalho híbrido, Emerson garante que ainda compensa saber que está indo a trabalho para São Paulo apenas algumas vezes no mês e vai voltar para Santos no final do dia. O bancário diz que já se sente santista de nascença e está se familiarizando com algumas 'regionalidades': "aprendi que pão francês aqui é média", brincou ele.
