Moradores da Barreira do João Guarda apontam abandono e cobram autoridades

Medo de novos deslizamentos na Rua Uruguai fez com que vizinhança deixasse os imóveis em Guarujá

Por: Rosana Rife  -  06/03/20  -  09:26
  Foto: Rosana Rife/AT

A Rua Uruguai, na Barreira do João Guarda, em Guarujá, está deserta e foi praticamente abandonada pelos moradores. Alguns passam apenas para retirar pertences. Eles temem que novos deslizamentos ocorram a qualquer momento e reclamam da falta de atenção da prefeitura. Autoridades negam o abandono, mas reconhecem desencontros.


"O pessoal abandonou as casas por conta própria. Ninguém da Defesa Civil veio aqui verificar a situação", diz o autônomo Luiz Paulo Dias da Rocha, de 30 anos, mostrando a rocha que está quase grudada no fundo da casa dele.


A mulher e as duas filhas, de 5 meses e 10 anos, estão na casa da sogra e, apesar da situação, desde terça-feira (3), ele ajuda no trabalho de buscas a vítimas na comunidade. "Perdi muitos amigos. Tenho que ajudar. Machuquei o pé. Mesmo assim, vou ficar no apoio. Mas acho que a prefeitura tinha de olhar para todo mundo".


Prejuízos


O pedreiro Jorge Souza Gomes, de 40 anos, saiu de casa momentos antes de a moradia desabar, alertado pelos gritos dos vizinhos. Ele dormia com a mulher e duas filhas, de 7 e 8 anos. "Descemos correndo pelo meio do mato. Meio sem saber para onde ir".


Ele conta, ainda, que gastou mais de R$ 2 mil em materiais de construção nos últimos meses. Agora, não sabe o que fazer. "Perdi tudo: fogão, geladeira, máquina de lavar, a TV que ainda estou pagando... Foi tudo embora".


Ele espera por um auxílio para poder recomeçar. "Minha mulher tem cadastro na prefeitura, mas nunca chamaram para ter direito a uma casa própria. Se a gente tivesse um lugar melhor, não estaria aqui. Ninguém estaria. Ainda agradeço porque estamos vivos".


Respostas


O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Walter Nyakas Junior, diz ter conhecimento da situação na Rua Uruguai e informa que foi fixado um ponto na comunidade para que as pessoas procurem representantes do órgão e façam os pedidos necessários. “Às vezes, há desencontros entre as equipes e os moradores”.


Já o geógrafo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) Marcelo Gramani explica que passou pelo local junto com uma equipe da Defesa Civil municipal. “Lá, prestamos orientações aos moradores, porque ali é área de risco”.


O prefeito de Guarujá, Válter Suman (PSB), também diz que há atendimento aos moradores da Rua Uruguai. “Nesses locais mais comprometidos, está havendo atenção, sim. Pontualmente pode haver falha aqui ou acolá. Mas, existe um trabalho constante do município”.


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