O resgate dos trabalhadores feridos durante o desabamento de um muro, em Guarujá, nesta quinta-feira (2), comoveu desde o médico atendente do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até moradores dos arredores que acompanharam o trabalho de longe. Segundo o médico Laurin Hernandez Serra, duas vítimas foram ressuscitadas por meio de procedimentos ainda no local do acidente.
Apesar do resgate, um homem de 42 anos não resistiu e morreu no Hospital Santo Amaro. A outra vítima que ficou soterrada segue internada em estado grave na unidade e o trabalhador resgatado com ferimentos leves foi liberado após atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Matheus Santamaria – Pam Rodoviária.
Em entrevista para A Tribuna, o médico do Samu afirmou que o socorro durou cerca de uma hora e contou com a participação de pelo menos 50 pessoas, entre profissionais do Samu, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar (PM), Guarda Civil Municipal (GCM) e Defesa Civil.
“Em todo o momento, nós estávamos expostos ao risco de desabamento por conta da estrutura ao nosso lado”, destaca Laurin, dizendo que um dos atendimentos chegou a ser interrompido por conta de um possível deslizamento.
“Foi uma comoção muita bonita em prol de salvar as pessoas, um ato de heroísmo”, enfatiza o médico. Segundo ele, cada equipe teve um trabalho essencial, porém o Corpo de Bombeiros demonstrou muita técnica e sensibilidade ao cavar e remover as pessoas soterradas do local.
Dois homens foram removidos dos escombros já em parada cardíaca. “Quando a gente conseguiu reverter as paradas cardíacas foi uma comemoração em conjunto”, revela Laurin, que chegou a realizar um dos procedimentos de reanimação ainda com a vítima presa nos destroços. "Um milagre".
A emoção chegou ao outro lado da rua, no prédio onde mora a professora Silvia Guerra. “Eu chorei tanto. Na hora que acharam a vítima, começaram a fazer massagem e a pessoa voltou, todo mundo começou a se ajoelhar e chorar”, explica a mulher que notou as diversas sirenes e acompanhou a situação pela janela. De acordo com ela, o cenário era 'horrível', mas o resgate foi emocionante.
O médico do Samu conta que participou de diversos resgates durante a carreira, porém, cada um tem o próprio diferencial. “Um nunca é igual o outro. Todo chamado é uma surpresa porque não é do jeito que a gente imagina, mas sempre há a expectativa de poder ajudar e salvar alguém. Quando vamos para um atendimento, nosso lema é minha vida pela sua”.
No resgate dos trabalhadores, o destaque foi para a ação conjunta entre tantas pessoas. “O gesto foi muito bonito, a energia de todas as pessoas que estavam lá torcendo, nos prédios, na rua. A gente mostra que ainda existem pessoas boas, que pensam nas outras. Podemos ter fé na humanidade”, enfatiza Laurin, dizendo que diversas forças se uniram em meio a um verdadeiro desastre.
“A gente saiu à base de aplausos, todo mundo gritando ‘heróis’. É gratificante”, finaliza.
Relembre o caso
Na manhã desta quinta-feira (2), um muro desabou em uma obra na Av. Leomil, no Centro de Guarujá. Entre os três trabalhadores feridos, um não resistiu e faleceu no mesmo dia no Hospital Santo Amaro.