Médico revela ter ressuscitado trabalhadores soterrados em desabamento de Guarujá: 'Um milagre'

Profissional explica que homens estavam mortos, mas foram reanimados durante resgate na quinta-feira (2)

Por: Ágata Luz  -  04/12/21  -  11:08
Acidente aconteceu nesta quinta-feira (2)
Acidente aconteceu nesta quinta-feira (2)   Foto: Arquivo Pessoal/Laurin Hernandez e Alexsander Ferraz/AT

O resgate dos trabalhadores feridos durante o desabamento de um muro, em Guarujá, nesta quinta-feira (2), comoveu desde o médico atendente do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até moradores dos arredores que acompanharam o trabalho de longe. Segundo o médico Laurin Hernandez Serra, duas vítimas foram ressuscitadas por meio de procedimentos ainda no local do acidente.


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Apesar do resgate, um homem de 42 anos não resistiu e morreu no Hospital Santo Amaro. A outra vítima que ficou soterrada segue internada em estado grave na unidade e o trabalhador resgatado com ferimentos leves foi liberado após atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Matheus Santamaria – Pam Rodoviária.


Em entrevista para A Tribuna, o médico do Samu afirmou que o socorro durou cerca de uma hora e contou com a participação de pelo menos 50 pessoas, entre profissionais do Samu, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar (PM), Guarda Civil Municipal (GCM) e Defesa Civil.


“Em todo o momento, nós estávamos expostos ao risco de desabamento por conta da estrutura ao nosso lado”, destaca Laurin, dizendo que um dos atendimentos chegou a ser interrompido por conta de um possível deslizamento.


“Foi uma comoção muita bonita em prol de salvar as pessoas, um ato de heroísmo”, enfatiza o médico. Segundo ele, cada equipe teve um trabalho essencial, porém o Corpo de Bombeiros demonstrou muita técnica e sensibilidade ao cavar e remover as pessoas soterradas do local.


Dois homens foram removidos dos escombros já em parada cardíaca. “Quando a gente conseguiu reverter as paradas cardíacas foi uma comemoração em conjunto”, revela Laurin, que chegou a realizar um dos procedimentos de reanimação ainda com a vítima presa nos destroços. "Um milagre".


A emoção chegou ao outro lado da rua, no prédio onde mora a professora Silvia Guerra. “Eu chorei tanto. Na hora que acharam a vítima, começaram a fazer massagem e a pessoa voltou, todo mundo começou a se ajoelhar e chorar”, explica a mulher que notou as diversas sirenes e acompanhou a situação pela janela. De acordo com ela, o cenário era 'horrível', mas o resgate foi emocionante.


O médico do Samu conta que participou de diversos resgates durante a carreira, porém, cada um tem o próprio diferencial. “Um nunca é igual o outro. Todo chamado é uma surpresa porque não é do jeito que a gente imagina, mas sempre há a expectativa de poder ajudar e salvar alguém. Quando vamos para um atendimento, nosso lema é minha vida pela sua”.


No resgate dos trabalhadores, o destaque foi para a ação conjunta entre tantas pessoas. “O gesto foi muito bonito, a energia de todas as pessoas que estavam lá torcendo, nos prédios, na rua. A gente mostra que ainda existem pessoas boas, que pensam nas outras. Podemos ter fé na humanidade”, enfatiza Laurin, dizendo que diversas forças se uniram em meio a um verdadeiro desastre.


“A gente saiu à base de aplausos, todo mundo gritando ‘heróis’. É gratificante”, finaliza.


Relembre o caso

Na manhã desta quinta-feira (2), um muro desabou em uma obra na Av. Leomil, no Centro de Guarujá. Entre os três trabalhadores feridos, um não resistiu e faleceu no mesmo dia no Hospital Santo Amaro.


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