Aeroporto de Guarujá deve começar a operar no 1º semestre de 2020

Prefeitura abre, no próximo dia 26, a licitação para concessão e obras de adaptação na Base Aérea de Santos

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  19/06/19  -  14:36
Como contrapartida à redução tributária, as aéreas se comprometem a criar 490 novos voos semanais
Como contrapartida à redução tributária, as aéreas se comprometem a criar 490 novos voos semanais   Foto: Rogério Soares/AT

Martelo batido: a Prefeitura de Guarujá descarta aderir ao plano estadual de privatização de aeroportos regionais e manterá cronograma próprio de concessão do futuro Aeroporto Civil da Cidade. A Administração Municipal abre na próxima quarta-feira (26) edital de concessão e de obra para readequar a Base Aérea de Santos, que fica em Vicente de Carvalho.


A expectativa é que o complexo aeroviário metropolitano receba os primeiros voos comerciais no primeiro semestre de 2020. Os prazos foram informados com exclusividade para A Tribunapelo prefeito Válter Suman (PSB), na tarde desta terça-feira (18).


A abertura do processo licitatório ocorrerá em um evento oficial na Base Aérea, com a presença de representantes do Governo Paulista, companhias aéreas e das Forças Armadas. O ato faz parte das comemorações pelos 85 anos de emancipação político-administrativa da Cidade, celebrado no dia 30.


Com a decisão, o governo municipal espera antecipar as obras físicas de adequação do espaço. Especialistas do setor sinalizavam atraso de até dois anos nas operações comerciais no local, caso a Cidade aderisse ao pacote estadual de concessão de outros 21 aeródromos no Interior.


Isso porque o novo projeto teria de passar pela revisão da outorga, já obtida pela Prefeitura no Ministério da Infraestrutura, e também novos estudos de viabilidade econômica. “Existiu um amplo diálogo com o Estado. E tenho certeza que tudo vai correr conforme previamente planejado para termos, definitivamente, o aeródromo civil metropolitano”, afirma Suman.


Prazo


Pelo cronograma municipal, o processo licitatório deve ser finalizado em até 100 dias após abertura da licitação, já contando eventuais recursos e demais pendências burocráticas. Estima-se que as obras de adequação se estendam por cerca de seis meses.


O processo licitatório garante que o espaço receba aeronaves de médio e grande portes, e não aviões com até 30 passageiros e de carga, conforme idealizado pelo Governo paulista para o espaço regional.


Conexão


Suman afirma que a decisão não impede que o complexo local tenha conexão com os demais aeroportos estaduais. Ele explica que o atual projeto absorveu a ideia da gestão do governador João Doria (PSDB), e possibilitará o uso da pista para táxi aéreo (avião de pequeno porte).


“O Estado deu um grande passo (em março passado) para ampliar conectividade (aérea paulista) no momento que reduziu a carga tributária sobre combustível de aviões”, continua Suman.


Ele cita que o equipamento regional ganhou importância com o pacote de incentivo para o setor aeroviário, anunciado pelo governador. A medida deve criar 70 novos voos, sendo seis para cidades paulistas que hoje não são atendidas pela aviação comercial. Entre as novas rotas, lista a Baixada Santista.


A companhia aérea Azul mantém interesse em criar três rotas em Guarujá com aeronaves ATR, com capacidade para transportar até 72 passageiros. As linhas regulares partiriam para o Rio de Janeiro, Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG).


Especialista sugere diversificar receitas


O professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Poli-USP, Jorge Eduardo Leal Medeiros, avalia que o modelo escolhido para dar início às operações vai exigir voos contínuos para tornar o empreendimento rentável. “Aviões de 70 lugares é complicado, pois não geram dinheiro (suficiente) para o aeroporto, que tem que buscar maneiras diferentes para faturar”.


O especialista sugere a utilização do espaço para outros usos comerciais, diversificando as fontes de recursos, como instalação de hoteis e serviços complementares ao turismo.


Conforme o edital, a adaptação do aeroporto militar ocorrerá em duas etapas. A inicial terá cinco anos e prevê a instalação de um terminal provisório para absorver os passageiros de Guarujá, bem como a construção de um píer para embarcações.


O píer é necessário para facilitar o embarque de turistas que chegam via Porto de Santos, pelo Terminal de Passageiros Giusfredo Santini, que também será usado para check in e check out no futuro aeroporto.


Já na segunda fase, será construído o terminal definitivo, bem como ampliados os acessos ao aeroporto, por Guarujá.


Mais rotas com o tempo


O secretário municipal de Desenvolvimento e Porto do Guarujá, Alexandre Trombelli, não descarta um número maior de rotas assim que a vencedora da licitação assuma a operação do espaço. Segundo ele, a pista de pouso e decolagem tem capacidade para ser ampliada – passando dos atuais 1.390 metros para 1.600 metros – podendo receber aparelhos com motor a jato e, inclusive, rotas internacionais.


Estudos de viabilidade econômica indicam que o espaço tem capacidade para atingir 1,3 milhão de passageiros no período de 30 anos. Estima-se que 80 mil pessoas devem embarcar por aqui nos primeiros 12 meses de atividade. No décimo ano de operação, o espaço deve gerar mais de 16 mil postos de trabalhos diretos e indiretos.


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