Trânsito mata menos, mas mais ciclistas morrem na Baixada Santista

Mortes com bicicletas subiram 57,1% de janeiro a julho, na comparação com igual período do ano passado

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  05/09/19  -  01:18
Especialista no setor destaca a ausência de um plano integrado cicloviário
Especialista no setor destaca a ausência de um plano integrado cicloviário   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O número de mortes no trânsito recuou 4,85% nas nove cidades da Baixada Santista entre janeiro e julho, na comparação com igual período do ano passado. Porém, a quantidade de óbitos em acidentes com bicicletas disparou 57,1%. Um especialista no setor aponta a ausência de um plano integrado cicloviário e falhas nas ações educativas como razões para a alta.


Os dados foram tabulados por A Tribuna, com base nas estatísticas do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado (Infosiga-SP). Homens e jovens continuam sendo a maioria das vítimas.


Em sete meses, houve 157 mortes, frente a 165 no ano anterior. Levantamento do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito indica que 94% dos acidentes com mortes decorrem de falha humana (imprudência, imperícia ou negligência). 


Cinco cidades conseguiram baixar o número de vítimas. Santos teve a maior queda percentual (-42,4%). Peruíbe (-40%), Praia Grande (-26,6), Bertioga (-16,7%) e Guarujá (-9%) fecham a lista. Itanhaém (72,7%) teve a maior alta, de 11 para 19 óbitos (72,7%). Em Mongaguá (40%), Cubatão (35,3%) e São Vicente (18,5%), o número de óbitos também subiu. 


Para o sociólogo e especialista em Educação e Segurança no Trânsito Eduardo Biavati, o excesso de velocidade e a imprudência dos condutores são os principais motivos para os acidentes. “Cidades que conseguiram reduzir as mortes no trânsito diminuíram as velocidades permitidas nas vias urbanas”, observa. 


O mapeamento do governo estadual aponta que quatro em cada cinco acidentes foram provocados por homens e 21,65% das vítimas tinham entre 18 e 29 anos.


Mais da metade das colisões (54,15%) ocorreu nos períodos noturno (das 18 horas à meia-noite) ou de madrugada (da zero às 6h).


Bicicletas


De todos os tipos de veículos, a bicicleta foi o único no qual houve aumento de mortes, na Baixada Santista, ao se compararem os primeiros sete meses de 2018 e os deste ano.


Das mortes nas vias da região, 21% aconteceram com esse meio de transporte. Em números absolutos, 33 ciclistas morreram nos sete primeiros meses no ano, enquanto, em 2018, foram 21 óbitos.


Cubatão e São Vicente foram os municípios com os maiores números de mortes em bicicletas. Itanhaém e Bertioga aparecem na sequência. Mongaguá e Peruíbe não tiveram registros de óbitos por ciclistas.


Apesar de ampliar a malha exclusiva para bicicletas, Santos teve uma elevação de 25% – passando de quatro mortes no ano passado para cinco neste.


“Os atropelamentos acontecem, geralmente, nos trechos curtos e que não contam com ciclovias ou ciclofaixas”, resume o presidente da Associação Brasileira de Ciclistas (ABC), Jessé Teixeira Félix.


Praia Grande (-57,14%) e Guarujá (-40%) foram as únicas que apresentaram quedas em mortes de ciclistas. Félix recorda que essas duas cidades são as que mais investiram na abertura de ciclovias nos últimos anos.


“Faltam faixas exclusivas interligando todas as cidades. Há mais de 12 anos o plano metropolitano cicloviário está parado”, afirma.



Idosos: 4 em cada 10 óbitos


Dos pedestres atropelados e mortos na região, de janeiro a julho, 37,5% tinham mais de 60 anos. Das 48 pessoas mortas neste ano, 18 eram idosas, cita o levantamento. No mesmo período de 2018, foram 54 casos, dos quais 22 de pessoas acima de 60 anos (40,7%).


O especialista em Educação e Segurança no Trânsito Eduardo Biavati afirma que o planejamento urbano desconsidera o envelhecimento da população.


“São semáforos com tempo curto para a travessia dos pedestres com mais de 60 anos, calçadas com obstáculos ou em tamanho insuficiente para uma boa circulação.” Outra medida seria limitar a velocidade nas vias, diz.


Prefeituras


Cubatão 


A prefeitura diz ter firmado acordo com estado, de R$ 700 mil para readequações e melhorias das vias com altos índices de acidentes com vítimas. 


Guarujá 


Diretoria de Trânsito afirma ter aumentado a fiscalização, reforçado a sinalização viária e adotado campanhas educativas para reduzir o número de mortes.


Itanhaém


Há campanhas educativas nas escolas e nas ruas, diz a prefeitura.


Mongaguá


A prefeitura afirma estudar constantemente as sinalizações viárias, verticais e horizontais e campanhas de conscientização sobre o trânsito seguro.


Peruíbe 


A administração afirma manter vias e melhorar a sinalização viária, para segurança no trânsito.


Praia Grande


A administração diz que as ações de educação viária, engenharia de tráfego e fiscalização de trânsito contribuíram às constantes reduções no número de acidentes ocorridos na cidade. 


Santos


Para a prefeitura, os números caíram devido a ações de educação, fiscalização e engenharia de tráfego executados pela prefeitura e pela CET. 


São Vicente


A Secretaria de Trânsito e Transportes credita o aumento aos acidentes em rodovias que cortam o município. Diz fazer campanhas educativas sobre os cuidados que os ciclistas devem ter no trânsito. 


A Prefeitura de Bertioga não respondeu até o fechamento desta reportagem


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