Inverno tem início nesta segunda e deve trazer dias 'congelantes' para o litoral de SP em agosto
Segundo especialista, a previsão é de que o mês seja o 'pico' de frio da nova estação nas cidades da região
O climatologista da ONG Amigos da Água, Rodolfo Bonafim, disse à reportagem de ATribuna.com.br que a previsão é que o inverno deste ano, que começa nesta segunda-feira (21), seja com temperaturas dentro da média tanto na Baixada Santista: 'nem rigoroso e nem ameno'.
Bonafim explicou que toda estação do ano, por exemplo o inverno, tem a data oficial de início, chamada de estação astronômica. Como o inverno começa nesta segunda, essa data é chamada de inverno astronômico. "Essas datas são baseadas em cálculos astronômicos extremamente complexos."
Essa data que marca o início de uma estação, no caso o inverno, não significa necessariamente que estará um dia chuvoso, frio ou ventoso, caracterizando a estação, segundo ele. "O inverno climático, a estação climática, nem sempre coincide com a data oficial astronômica, mas esse ano, coincidentemente, o inverno climático vai coincidir com o astronômico, ou seja, vai ser friozinho, não vai ser um começo de inverno quente e ensolarado como em outros anos."
O climatologista reforça que a classificação de uma estação é realizada pela temperatura média e que isso só é possível calcular com o término dela. "Às vezes as pessoas pensam 'caramba, fez tanto frio, a temperatura chegou a 8°C', mas de repente vai compensar no outro mês chegando a 30°C, o que vai compensando as temperaturas mais baixas, então a gente trabalha com a média."
E como fica o inverno este ano?
"O comecinho do inverno no final de junho vai ser frio, só que em julho a temperatura média vai ser um pouquinho mais alta, em agosto mais baixa e no comecinho de setembro vai subir um pouquinho, então nós estamos prevendo, [mas] só vamos conseguir passar a régua se o inverno foi abaixo ou acima da média quando acabar em 22 de setembro", explicou.
Ele afirmou que para o início do inverno, neste final de junho, as temperaturas permanecem bastante amenas, típicas de frio, mas que em julho a tendência é que seja um mês mais ensolarado. "Vai ter frio [em julho]? Vai ter frio, com massas de ar polares entrando em julho, mas entre essas massas polares vamos ter dias mais agradáveis com mais sol do que teve em junho."
As mudanças intensas serão percebidas ao longo do mês de agosto. "Agosto vai ser um mês mais chuvoso, as chuvas vão voltar com mais força e vai ter dias mais frios do que em julho. Na previsão até agora, salvo alguma coisa extraordinária [que possa acontecer], a gente pode dizer que agosto vai ser o mês mais frio desse inverno agora."
Em setembro, a tendência é que a temperatura suba um pouco mais em relação ao mês anterior. "O finalzinho do inverno deve ser mais ensolarado."
Inverno úmido e com neblina
O climatologista enfatizou que tanto na Baixada Santista quanto no Vale do Ribeira não podemos definir o inverno como uma estação seca. "Estação seca mesmo é só para São Paulo e no interior. Aqui a gente tem meses que chovem menos do que o verão, mas tem sempre chuva aqui."
Entre as previsões do inverno, segundo Bonafim, estão os dias com neblina, que podem ser explicados por causa da temperatura da água do mar que vai esfriando cada vez mais com a passagem de massas de ar frio. "Então esse contato de ar frio com a onda do mar vai deixando ela mais fria. O que acontece? Finalzinho de julho, comecinho de agosto, essa água fria em contato com as massas de ar que vem do continente, que são massas de ar mais quentes vai causando uma condensação, que provoca neblina."
"[Neblina] daquelas que podem parar o porto por algumas horas, as balsas não conseguem atravessar o estuário, isso é uma coisa muito comum e esse ano a gente deve presenciar esse fenômeno também", destacou.
Bonafim disse que estamos fechando esse outono mais úmido do que foi durante o ano passado e o inverno no ano anterior foi mais seco e com mais dias ensolarados.
Crise hídrica
O climatologista alertou sobre a importância do uso racional da água neste período por causa da crise hídrica que o país sofre. "O Estado de São Paulo está dentro, existe uma crise hídrica, agora a Baixada Santista é uma região muito bem servida por rios, nossos rios estão dando conta do recado."
Ele reforçou que o inverno será muito seco em São Paulo e no interior, mas que aqui na região será dentro da média. "Vai chover um pouco menos em julho, mas em agosto já compensa de novo, só que tem uma coisa, continuar fazendo uso racional da água. Fica o alerta porque na pandemia, que ainda não está sob controle, o gasto de água é muito maior."
"Mesmo que a Baixada Santista seja uma região abençoada por muita água, fazer o uso racional da água porque ela pode, inclusive, ser requisita para outras regiões do Estado como o que está acontecendo em Bertioga, no Rio Itapanhaú", alertou.
