Promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro (sem partida), o ensino domiciliar -
Em 2018, a oferta do ensino domiciliar na Educação Básica foi debatida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na decisão, o STF apontou para a necessidade de lei aprovada pelo Congresso para regulamentar o tema. Agora, o projeto tramita em conjunto com outras sete propostas sobre o mesmo assunto.
Para ele, o projeto não pode permitir uma interferência excessiva do Poder Público. “A educação domiciliar não é apenas uma questão de pedagogia, mas também de liberdade”.
Segundo Dias, em 2019, existiam cerca de 11 mil famílias e 22 mil estudantes entre 4 e 17 anos adeptos ao modelo. “Há uma grande dificuldade de fazer um censo, mas podemos dizer que para cada família praticando ensino domiciliar, existe ao menos mais uma escondida por temer processos”.
Com a pandemia, ele projeta um salto para 25 mil famílias, pois durante esse período muitos pais perceberem que os filhos estavam rendendo mais em casa e optaram pelo modelo.
Para ele, entre os principais pontos positivos do ensino domiciliar está a possibilidade de trabalhar com as crianças de forma personalizada, desenvolvendo aptidões e talentos.
Para Fredric Litto, presidente da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), a socialização pode ser um ponto negativo, mas as famílias conseguem resolvê-lo ao “facilitar a participação dos filhos em jogos esportivos no bairro e em clubes, oferecendo engajamento social”.
Favorável ao assunto, ele enumera pontos positivos, que vão desde a possibilidade de alunos com doenças ou problemas físicos que dificultem o acesso à escola terem o ensino formal até a correção do que enxerga como uma falha estrutural: o excesso de isonomia.
E, para ele, isso exige a definição de prioridades, já que o Congresso tem outras tantas pautas para analisar. “Colocar isso é retirar da pauta emergências como mais recursos para que as escolas recebam os alunos com segurança quando for coerente voltar e garantia de conectividade dos estudantes no ensino remoto, além de temas estruturantes, como a questão da valorização dos professores”.
Para ele, além de não haver nenhuma evidência de que é possível garantir uma aprendizagem adequada neste modelo, a medida pode ser “um passe livre” para o abandono escolar. Isso porque famílias, por diversos motivos, poderiam tirar a criança da escola com esse argumento. O impacto negativo seria grande, já que a escola é um local de proteção social. Sem ela, afirma, há o risco de aumento, por exemplo, de casos de trabalho infantil e abusos.
Para Borges, esse é um debate para poucos, por isso seria melhor focar no reforço ao apoio às escolas de modo a cumprirem o seu papel de maneira eficiente.
“Pulverizar mais este papel é algo que só poderia acontecer com um governo que não tem, claramente, qualquer plano para a Educação”, critica.