Caminhoneiros e PM não se entendem em Santos e uso da força é cogitado para impedir protestos

Categoria está de braços cruzados nesta segunda-feira (1º) e se concentra no Viaduto da Alemoa

Por: Rosana Rife  -  01/11/21  -  13:30
 A Polícia Militar acompanha a manifestação dos grevistas no Viaduto da Alemoa
A Polícia Militar acompanha a manifestação dos grevistas no Viaduto da Alemoa   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O clima esquentou no começo da tarde desta segunda-feira (1º) no Viaduto Ariosto Pereira Guimarães, na Alemoa, que dá acesso ao Porto de Santos. De um lado, a Polícia Militar exigiu que os caminhoneiros autônomos que estão em greve no Porto de Santos ocupem uma área restrita no local e não incitem colegas a aderirem à paralisação. Do outro, os profissionais reclamam da atitude dos agentes e dizem ser impedidos de se manifestar.


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De acordo com o representante da Polícia Militar que comanda a segurança no local e conduziu a conversa com os caminhoneiros, por volta das 12h40, os autônomos devem permanecer quietos e sob área reservada. Caso contrário, a PM poderá intervir, com uso da forca, para impedir manifestações e protestos. Quatro alertas foram dados aos grevistas na manhã desta segunda-feira.


Segundo o agente, o embasamento jurídico para esse posicionamento é um interdito proibitório - medida judicial concedida à Ecovias e à Autoridade Portuária de Santos (APS) que impede bloqueios e protestos na área portuária. O documento prevê que os grevistas permaneçam a 500 metros da área portuária.


Reclamações
Do outro lado, alguns caminhoneiros até tentaram argumentar com a PM, sem sucesso, e sobraram críticas à atuação da corporação. "Isso foi um cala-boca caminhoneiro. Essa é nossa indignação, pois mandaram a gente ficar quieto. Não podemos falar nem bater palma. É abuso de autoridade", questiona o caminhoneiro Gilberto dos Santos Rodrigues, de 47 anos.


Desde a madrugada desta segunda, as liminares obtidas pela Ecovias e APS assustaram os caminhoneiros. Eles afirmam que o direto à manifestação foi negado à categoria. O autônomo Marcelo Aparecido Santos da Paz, de 36 anos, conta que foi pressionado por policiais porque teria "acenado para um caminhão parar".


"Eu so acenei para o colega que estava passando para ver se ele parava. Não estava com faixa nem nada. O policial veio, tirou foto da minha CNH e disse que eu seria multado em R$ 10 mil. Isso é uma ditadura. A gente tem direito de se manifestar".


O autônomo João Luiz Costa Souza, 30 anos, também teve os dados da CNH anotados por policiais. "Ele disse que eu seria multado. Não estava fazendo nada. Eu estava no telefone".


Questionada sobre as críticas feitas pelos caminhoneiros em relação à abordagem na madrugada, a Polícia Militar não se manifestou até a publicação desta reportagem.


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