Aposentados da Baixada Santista ainda sonham com pagamento do 13º em abril: 'Preciso pagar contas'
Para que isso ocorresse, o Governo Federal teria de depositar o dinheiro antes que a folha de abril fosse rodada
A um dia do fim do prazo para o INSS rodar os holerites do próximo pagamento de aposentados e pensionistas, os segurados da instituição ainda não sabem se receberão neste mês a primeira parcela do 13º salário. Em 2020, por conta da pandemia, a medida foi adotada pelo Governo Federal na folha de abril, paga a partir da última semana de março. Havia a expectativa de que a antecipação ocorresse agora, mas ninguém bateu o martelo em Brasília sobre o tema.
Com base na folha de pagamento do mês passado, estima-se que, na gerência Santos do INSS, o abono de Natal atenda cerca de 321 mil aposentados e pensionistas, injetando cerca de R$ 312 milhões na economia local. Em mais de uma oportunidade, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se mostrou favorável à medida pelo segundo ano seguido, mas o assunto não avançou. E a Previdência costuma rodar a folha de pagamento todo dia 15.
O aposentado Antônio Carlos de Oliveira, 67 anos, faz parte da lista dos segurados que aguardam a liberação. “Eles não resolvem. Não sei se é o presidente Bolsonaro que não assina ou o ministro que não libera. Mas espero o dinheiro para pagar as contas”.
A também aposentada, Josefa Valença, 61 anos, está na mesma situação. “Comecei um tratamento dentário em fevereiro. Mas tive de parar as idas ao dentista. Contava com o 13º para dar continuidade. Mas até agora nada”.
O presidente do Sindicato dos Aposentados, João Inocentini, acredita que o prazo está estourando a ponto de o Governo Federal não conseguir fazer mais nada para agora. “Cada um fala uma coisa e não há nada de concreto. O aposentado não tem mais de onde tirar dinheiro e contava com o 13º. O dinheiro ajuda não somente ele, mas filhos e netos, já que muita gente ficou desempregado com a pandemia”.
Já o presidente da Associação Nacional do Aposentados (Anapi), Antônio Carlos Domingues da Costa, aposta em pagamento do abono somente na folha de maio, depositada entre o final do próximo mês e início de junho. “Não vejo como ocorrer agora. O orçamento foi aprovado, mas o Governo está sem dinheiro”.
Comércio
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista, Omar Abdul Assaf, a entrada do abono de Natal dos segurados do INSS seria uma ajuda imensa para o setor que amarga dias difíceis com lojas fechadas devido às medidas restritivas do Plano São Paulo de combate à covid-19.
“Porque vem um volume grande de recursos para a economia e é muito bem-vindo. Muitos vão pagar dívidas, mas também vão consumir. Gostaria de que esses valores chegassem com as lojas abertas. Ajudaria o comerciante a respirar um pouco”.
O diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, também acredita que a medida traria um pouco de alívio para a economia. “Muitos aposentados estão endividados e ainda ajudam a família. Então, esse recurso irria para paga dívidas e também para o consumo. É fato”.
O INSS informou que a definição do pagamento fica a cargo do Ministério da Economia. Consultada, a pasta disse que não comentaria a situação e nem informou prazo para o depósito do adiantamento.
