Fundação Casa tenta renovar com gestão humanizada e moderna

Fundação procura se desvincular da imagem da antiga Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor, antiga Febem

Por: Lucas Pinto & Colaborador &  -  24/10/19  -  00:23
  Foto: Sílvio Luiz/ AT

“Não é um presídio para castigar e nem um depósito de pessoas”, é assim que se tenta definir hoje a Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação Casa), que procura se desvincular da imagem da antiga Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem).


A frase é de Paulo Dimas Mascaretti, secretário estadual de Justiça e Cidadania e presidente da Fundação Casa, que esteve presente ontem de manhã na sede da Receita Federal em Santos para apresentar um novo projeto. Trata-se do #somostodoscasa, plano que procura tornar a gestão da fundação mais humanizada e moderna.


No programa, o intuito é articular a sede da Casa às unidades regionais e valorizar os servidores.


Dessa forma, espera-se que o atendimento aos adolescentes seja melhorado. Luiz Carlos Ribeiro, diretor regional da Fundação no Litoral, prevê resultados positivos.
“É com alegria que a gente recebe esse novo programa. Isso se reflete no corpo funcional, na nossa base, e no atendimento”.


O objetivo atual da Fundação é ser um espaço onde os jovens infratores possam ser reeducados para depois voltarem à vida em sociedade. Mascaretti explica que os adolescentes recebem uma rotina completa de medidas socioeducativas para transformá-los.


“Esse é um trabalho que vem sendo feito e estamos buscando aprimorá-lo”, comenta Mascaretti. Na Fundação, os internos tem uma rotina definida das 7h às 21h, com atividades de educação básica, cursos profissionalizantes, inserção em arte e cultura e atividades esportivas.


Preconceito


Luiz Ribeiro ainda percebe um olhar discriminatório perante a instituição e os jovens atendidos. “Algumas pessoas olham com preconceito. Não podemos esquecer eles são adolescentes, pessoas em desenvolvimento que cometeram um ato infracional, mas tem os mesmos direitos daqueles que não cometeram”.


O presidente da fundação observa a participação dos adolescentes em atividades externas.
“Os jovens tem participado de vestibulares, de olimpíada de matemática e ciências, temos todo um trabalho para reinserí-los na sociedade”, diz Mascaretti. Ele ainda lembra de eventos como a Copa Casa, que em 2019 teve participação de 1,2 mil internos de 80 unidades, com a final realizada no estádio Pacaembu, em São Paulo.


Desafio


Desmistificar o estigma negativo anterior e conseguir a transformação socioeducativo dos menores infratores tem um principal desafio hoje: o pós atendimento.


Depois que a medida de internação se encerra, com tempo médio de duração de nove meses a um ano, a dificuldade é garantir que o trabalho realizado não seja perdido quando o adolescente retorna à comunidade.


Segundo o secretário estadual, esse tópico está no cronograma da fundação. “Temos a ideia de iniciar no ano que vem, na Capital, um programa piloto com esse tema”, aponta Mascaretti.


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