Influencer da Baixada Santista com síndrome rara mostra desafios após perder movimento das pernas

Matheus Brito compartilha o dia a dia de como é enfrentar a doença

Por: Ravena Soares  -  30/04/24  -  08:17
Influencer sentiu primeiros sintomas em trabalho
Influencer sentiu primeiros sintomas em trabalho   Foto: Arquivo pessoal

Um criador de conteúdo e maquiador de Cubatão, cidade da Baixada Santista, foi diagnosticado com uma doença rara. Matheus Brito, de 29 anos, recebeu o laudo de Síndrome de Guillain Barré, após perder o movimento das pernas, em janeiro deste ano. E, desde então, compartilha os desafios da doença nas redes sociais.


Clique aqui para seguir agora o novo canal de A Tribuna no WhatsApp!


O influenciador, que conta com mais de 65 mil seguidores no Instagram e antes do diagnóstico produzia conteúdos voltando à maquiagem, que é o seu meio de atuação. Além disso, ele também trabalhava com eventos.


Diagnóstico

“Eu comecei a sentir um pouco de dor nas pernas. Eu achei que era devido à quantidade de eventos que estava fazendo”, Matheus lembra dos primeiros sintomas da doença, que começaram a aparecer em dezembro do último ano.


Após as festas de final de ano, em janeiro, o homem lembra que acordou em determinado dia e já não conseguia levantar. “Era como se eu tivesse feito exercício físico em academia”.


Ao ir ao médico, Matheus diz que não recebeu um diagnóstico. E aí começou a saga, até um determinado momento em que ele não conseguia mais ficar de pé. Entre idas e vindas ao pronto-socorro, Matheus foi encaminhado a um médico vascular, que apontou que a causa de suas dores e perda de sensibilidade poderia ter sido causada por varizes.


No mês de fevereiro, o influenciador voltou a trabalhar em um evento, onde começou a sentir dores e o peso das pernas. “Voltei para casa com a perna muito cansada e pesada, no outro dia, não estava aguentando andar e minha mãe correu para conseguir uma cadeira de rodas para mim”.


E, em mais uma ida ao médico, a plantonista informou que o problema do criador de conteúdo poderia ser neurológico. Neste momento, o homem que faz o acompanhamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) começou a saga em busca de um especialista, ele tentou até mesmo pelo particular, mas não conseguia encontrar nenhum profissional com agenda disponível. Até que uma amiga conseguiu uma consulta com uma médica em Praia Grande.


Após a realização de exames, foi constatado: Matheus estava com síndrome de Guillain Barré. imediatamente, a médica solicitou sua internação para início do tratamento.


Matheus compartilhava conteúdos de maquiagem e, agora, sobre a síndrome
Matheus compartilhava conteúdos de maquiagem e, agora, sobre a síndrome   Foto: Arquivo pessoal

Internação

Matheus lembra que ficou quase 20 dias internado no Hospital Municipal de Cubatão, onde recebeu o tratamento. Por um período, ele precisou ficar em isolamento para que não pegasse nenhuma infecção, pois sua imunidade estava baixa devido a doença. “Ficar no hospital não é fácil, eu não desejo isso para ninguém”.


Ele ainda acrescenta que ficou assustado com o diagnóstico da doença, mas que hoje tenta enxergá-la de uma forma mais leve. “Você se sente incapaz de fazer as coisas, no meu caso, até para levantar da cama preciso de ajuda (...) a psicóloga [do hospital] tentou deixar as coisas mais claras, de que não era o fim, de que eu voltaria andar, mas é com tempo e paciência”.


Após a alta, o rapaz continuou o tratamento em casa, com fisioterapias e medicações até hoje. “Cada avanço é uma conquista, conseguir andar sem ajuda da muleta, são dois passinhos, é pouco, mas para mim é muita coisa”.


Compartilhando a vida

Para Matheus, que sempre foi ativo, lidar com a Guillain Barré tem sido um desafio. Aos poucos, ele compartilha sua rotina com a doença nas redes sociais, superando seus medos e inseguranças.


Influenciador diz sobre as dificuldades de viver com síndrome rara
Influenciador diz sobre as dificuldades de viver com síndrome rara   Foto: Arquivo pessoal

“Minha relação referente ao diagnóstico hoje, está sendo a melhor possível. Acredito que tudo é questão de tempo (...) ser influenciador, criador de conteúdo, é algo de muita responsabilidade. Eu não gosto de ficar falando de momentos ruins da minha vida com as pessoas, só que tive que mudar um pouco para mostrar o que eu realmente estava passando”.


Ele acredita que compartilhando, ainda que pouco, sua rotina com a doença, possa incentivar outras pessoas - inclusive, conheceu outros pacientes com o mesmo diagnóstico. “Que elas peguem essa história de vida que eu tô tendo para um lado bom, um lado positivo”, diz convicto.


A síndrome

De acordo com o Ministério da Saúde, a síndrome de Guillain Barré é um distúrbio autoimune, ou seja, o sistema imunológico do próprio corpo ataca parte do sistema nervoso, que são os nervos que conectam o cérebro com outras partes do corpo. É geralmente provocado por um processo infeccioso anterior e manifesta fraqueza muscular, com redução ou ausência de reflexos. Várias infecções têm sido associadas à Síndrome de Guillain Barré, sendo a infecção por Campylobacter, que causa diarréia, a mais comum. A incidência anual é de 1-4 casos por 100.000 habitantes e pico entre 20 e 40 anos de idade.


Ainda, segundo o ministério, a maioria dos pacientes percebe inicialmente a doença pela sensação de dormência ou queimação nas extremidades membros inferiores (pés e pernas) e, em seguida, superiores (mãos e braços). Dor neuropática lombar (nervos, medula da coluna ou no cérebro) ou nas pernas pode ser vista em pelo menos 50% dos casos. Fraqueza progressiva é o sinal mais perceptível ao paciente, ocorrendo geralmente nesta ordem: membros inferiores, braços, tronco, cabeça e pescoço.


Atente-se aos sinais

O Ministério da Saúde ainda informa que os sintomas principais da Síndrome de Guillain Barré são fraqueza muscular ascendente: começam pelas pernas, podendo, em seguida, progredir ou afetar o tronco, braços e face, com redução ou ausência de reflexos. A síndrome pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos quatro membros.


Matheus perdeu os movimentos das pernas
Matheus perdeu os movimentos das pernas   Foto: Arquivo pessoal

Logo A Tribuna
Newsletter