Criança com doença rara tem 30% de chance de encontrar doador de medula, segundo médicos

Especialista explica os riscos do transplante. Yasmim, de 7 anos, tem apenas 3 meses para encontrar um doador

Por: Marcela Ferreira  -  21/01/20  -  11:24
Agora, criança precisa encontrar um doador de medula óssea que seja 100% compatível
Agora, criança precisa encontrar um doador de medula óssea que seja 100% compatível   Foto: Daniela Marques/Arquivo pessoal

Lutando pela segunda vez contra a leucemia mieloide aguda (LMA), a pequena Yasmim Marques Brito, de 7 anos, tem 30% de chance de encontrar um doador de medula óssea compatível, segundo um especialista. A família, de Cubatão, pede ajuda.


O tempo dado para a família de Yasmim encontrar um doador 100% compatível foi de três meses. Mãe, pai e irmã de um ano da menina fizeram o teste, cujo resultado eles devem conhecer até esta sexta-feira (24). Caso a família não seja compatível, será feita busca em todos os bancos de doadores nacionais e internacionais. "Ela continua firme como uma rocha", diz a mãe, Daniela Marques de Araújo Brito.


A oncologista pediátrica do Graacc, Ana Virgínia, conta que a LMA é uma doença decorrente da proliferação desordenada de células de origem mieloide da medula óssea (fábrica do sangue). “É uma doença rara e corresponde a apenas 20% das leucemias agudas na infância. De forma geral, a chance de cura em 5 anos é de 68% em pacientes com idade inferior a 15 anos”.


A doença, apesar de ser bem conhecida entre médicos, é rara na infância, segundo a oncologista. “É uma doença bem conhecida, embora rara na infância, quando comparada às Leucemias Linfoides Agudas, que são as mais comuns nessa faixa etária”, diz.


O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que para cada ano do biênio 2018/2019 foram diagnosticados 5.940 casos novos de leucemia em homens e 4.860 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5,75 casos novos a cada 100 mil homens e 4,56 casos novos para cada 100 mil mulheres. A LMA é um dos tipos mais comuns de leucemia em adultos. Ainda assim, de forma geral, é bastante rara, representando cerca de 1% de todos os cânceres.


Os sintomas mais comuns de LMA são palidez, fadiga, hematomas, sangramentos espontâneos, inchaço das gengivas, dor nas pernas ou dor nas costas, aumento do baço e fígado. Também, pode haver ínguas, trombose de vasos sanguíneos e febre. Além disso, em alguns subtipos de LMA, como na LMA M2, pode ocorrer a formação de cloromas, que são tumores de células mieloides leucêmicas fora da medula óssea. O local mais comum de surgimento de cloromas é a região posterior aos olhos, entretanto, podem ocorrer em qualquer local do corpo, inclusive no tecido dos olhos, como foi o caso de Yasmim.


O diretor clínico e coordenador do Centro de Transplantes de Medula Óssea do Graacc, Victor Gottardello Zecchin, conta que o transplante de medula pode oferecer riscos. “O transplante sempre tem riscos, tanto pela quimioterapia e/ou radioterapia utilizada para acabar com a medula doente, como por infecções, sangramentos, possível rejeição da medula nova ou ataque exagerado da medula óssea ao receptor, o que recebe o nome de ‘doença do enxerto contra o hospedeiro’, explica.


Entretanto, todos os riscos são levados em consideração para indicar o transplante, de acordo com o médico. “Assim, só é indicado o transplante quando a chance de ficar curado da leucemia supera o risco do procedimento”.


O especialista ainda faz o alerta para a importância da doação de medula óssea. “Somente 30% dos pacientes com indicação de transplante de medula têm um doador totalmente compatível. A segunda opção, quando não encontrado um doador familiar totalmente compatível, é um doador compatível não aparentado. Hoje também existe a possibilidade de usar um doador haploidêntico - com metade da compatibilidade, em geral pai, mãe ou mesmo um irmão”, finaliza.


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