Construção previa o pior, mas negócios imobiliários surpreendem o setor na Baixada Santista

Pandemia causou tombo nas vendas, porém, compradores voltaram antes do esperado

Por: Júnior Batista  -  20/09/20  -  18:16
Tamanho menor de apartamentos traz nova leva de moradores a Praia Grande
Tamanho menor de apartamentos traz nova leva de moradores a Praia Grande   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

Empresários da construção estão satisfeitos com as vendas. O tombo veio, mas ele foi mais fraco do que se imaginava.


O diretor da Engeplus Construtora, Roberto Barroso Filho, diz que trabalha “sem euforia”. De acordo com ele, a flexibilização das atividades a partir de junho puxou as vendas. “Março, abril e maio foram bem ruins. Junho para cá começou a melhorar, tanto que noto um ligeiro aumento nos preços já, nada absurdo, não chega a 20%, mas houve reajuste”, afirma.


Barroso diz que sentiu as buscas das classes mais altas. Segundo ele, houve 68% de aumento na procura por quatro dormitórios. “Aumentou também a procura por coberturas”.


A diretora da Âncora Construtora, Ângela Rezenda Crego, conta que segurou lançamentos com medo da pandemia, mas foi surpreendida positivamente neste semestre, quando as compras voltaram.


“Há uns três anos, havia uma crise enorme. Ano passado houve uma pequena melhora, começamos a caminhar e aí veio a pandemia. Tivemos distratos (devolução), muitos pedidos para segurar prazos, mas foi muito pouco perto do que a gente esperava. O que vimos foi uma ligeira melhora”, diz ela, que tem ao menos 20% dos clientes como investidores (não pretendem morar).


Já as diretoras da Construperes, Christiane Peres e Andréia Peres, de Praia Grande, afirmam que não sentiram efeitos da crise. A cidade está em contínua expansão populacional, o que mantém as vendas.
“O mercado não está bombando, mas está bom, não parou. Fiz boas vendas na pandemia, não tenho do que reclamar”, diz Christiane.


Praia Grande


Segundo a Prefeitura de Praia Grande, no primeiro semestre foram emitidos 166 álvaras de obras novas, frente aos 160 de igual período de 2019. No acumulado de 2020 já são 252 – em todo o ano passado foram 360. O ritmo está mais aquecido nas avenidas Castelo Branco e Presidente Kennedy (com destaque na Guilhermina, Aviação e Tupi). O Canto do Forte também atrai projetos na região da Castelo Branco e Marechal Mallet.


Lançamentos em ritmo lento


Se por um lado as vendas estão melhores do que se esperava, os lançamentos devem fechar o ano em queda em São Vicente, Santos e Guarujá, segundo dados das prefeituras.


Santos aprovou, neste ano, 24 empreendimentos (apenas grandes edifícios), enquanto que em 2019 foram 72. São Vicente teve, até o momento, 98 projetos autorizados contra 211 do ano passado. Guarujá registrou, em 2019, 664 aprovações contra 126 deste ano.


De acordo com pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), no País, houve queda de 43,9% dos lançados no primeiro semestre sobre igual período de 2019.


O vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, diz que ainda há um certo receio em fazer lançamentos por conta do histórico da crise de 2014 a 2016. Houve um começo de recuperação no passado, que foi paralisado pela pandemia.


Mesmo assim, ele justifica que as vendas não estão andando na mesma velocidade. A queda foi menor e o resultado surpreendeu. “No primeiro semestre, houve queda de 40% nas 131 praças pesquisadas, no entanto, as vendas tiveram queda de 2,2%”.


No primeiro semestre do ano passado, foram 72,7 mil unidades vendidas nessas localidades. Esse ano, foram 71,1 mil.


Petrucci diz que o mercado voltou no que os economistas chamam de V, quando há uma queda forte, seguida de retomada rápida. As taxas de juros mais baixas e o estímulo de programas habitacionais, como agora o Minha Casa Verde e Amarela, contribuem para isso.


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