Com junção de anos letivos e ensino remoto, aula presencial impõe novos desafios na Baixada Santista

Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou a possibilidade de juntar os anos letivos de 2020 e 2021 e a validade do ensino remoto até o fim do ano que vem

Por: Tatiane Calixto  -  09/10/20  -  11:31
  Foto: Matheus Tagé/AT

Após quase sete meses sem aulas presenciais, esta semana foi de retomada em parte das escolas da região. Mais do que conhecer o que será o novo normal dentro dos colégios, é o momento de pôr na ponta do lápis os desafios e estratégias da Educação a partir de agora. Para tanto, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou a possibilidade de juntar os anos letivos de 2020 e 2021 e a validade do ensino remoto até o fim do ano que vem, como tentativa de minimizar os impactos da pandemia no setor. 


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O texto aprovado no CNE, que precisa ser homologado pelo Ministério da Educação (MEC), permitiria que estados e municípios fundissem dois anos letivos na Educação Básica e mantivessem o ensino remoto até dezembro do ano que vem. 


Também seria possível um ano suplementar para alunos do 3º ano do Ensino Médio, como anunciou que fará a Secretaria de Educação do Estado, com o 4º ano opcional. É um modo de preencher lacunas de aprendizagem de um grupo de estudantes que está saindo da Educação Básica. 


“A junção dos anos letivos não é uma obrigatoriedade. Essa é uma possibilidade para as escolas que não conseguirem cumprir as atividades previstas”, detalha a presidente do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro. Segundo ela, unidades de ensino podem, por exemplo, antecipar o calendário de 2021, iniciando com uma recuperação de conteúdo e, depois, continuar o ano letivo vigente – e, até, estender esse período. 


Conforme Maria Helena, a orientação é que as escolas deem prioridade aos alunos dos 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e do 3º ano do Médio, que são finais de ciclos. “2021 será um ano dificílimo e complexo, e muitas pessoas não estão se dando conta disso. Será preciso muita calma e cuidado tanto com os alunos quanto com os professores”, avalia. 


A presidente do CNE cita casos, como o do Reino Unido, onde as escolas terão até 2022 para recuperar as perdas de aprendizagem ocorridas na pandemia. 


Outra orientação do CNE é que as escolas evitem a retenção. Para Maria Helena, esse ponto pode evitar uma das principais preocupações do momento: a evasão escolar. 


Evasão


A gerente de Gestão do Conhecimento do Instituto Unibanco, Mirela Carvalho, concorda. “Porque o aluno pode olhar para esse ano e pensar: ‘Puxa, já não dá mais para mim, ano que vem eu resolvo’. Ou, pior, ele desistir da escola.” 


Por isso, ao juntar os calendários e evitar a reprovação, Mirela acredita que a escola passa uma mensagem de inclusão e acolhimento ao estudante. O que, segundo ela, não afastará a necessidade de um trabalho intenso de busca ativa, dentro de uma estratégia em conjunto com a assistência social. 


Isso se deve porque a ausência do aluno envolve não apenas a aprendizagem, mas também questões econômicas e, até, de luto. “E esse acolhimento precisa ser para os estudantes e também professores. Ainda assim, não temos realmente a garantia de que conseguiremos equalizar o aprendizado neste período”, considera.


Parte das escolas está retornando


Na Baixada Santista, nenhuma secretaria municipal autorizou o retorno da rede nesta semana. Mas, gradualmente, as escolas particulares e algumas da rede estadual estão voltando às atividades presenciais, com conteúdo ou atividades de acolhimento. 


EE Suetônio Bittencourt: atividades complementares e distanciamento
EE Suetônio Bittencourt: atividades complementares e distanciamento   Foto: Carlos Nogueira/AT

Na quarta-feira, primeiro dia autorizado para a retomada, nove colégios da Diretoria de Ensino de Santos e 43 da de São Vicente retornaram, segundo a Secretaria Estadual de Educação. 


Na rede estadual, as classes só podem ter até 20% do total de alunos por classe e as carteiras são demarcadas para garantir o distanciamento, como feito na Escola Estadual Suetônio Bittencourt, em Santos. 


No colégio particular Novo Tempo, também em Santos, desde o último dia 29, os alunos estão sendo recebidos para atividades de acolhimento. A partir do próximo dia 13, voltam as aulas presenciais. 
“Fizemos uma pesquisa com os pais e alguns segmentos tiveram uma votação expressiva para a volta. No berçário, por exemplo, teve mais de 90%. No dia 29, voltamos com atividades de acolhimento, com as nossas psicólogas, atividades de Educação Física e movimento que têm faltado para as crianças, sempre cumprindo todos os protocolos e práticas para garantir a saúde de todos”, diz Walter Moreira Neto, diretor de Estratégia Corporativa do Colégio Novo Tempo. 


Mas ele conta que são necessárias diversas estratégias. Na Educação Infantil, por exemplo, com um percentual de retorno muito maior que nas outras etapas, as atenções estão voltadas ao presencial. 
“No Médio, temos uma percepção de que os alunos vão preferir ficar em casa, e nosso foco é on-line. Mas isso é muito dinâmico e precisamos agir rápido, além de trabalhar com questões específicas para cada ano.”


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