Candidatos são ameaçados por facção criminosa e proibidos de fazer campanha na Baixada Santista

Intimidação, que atinge postulantes do PSDB e partidos aliados, seria retaliação ao governador João Doria

Por: Da Redação  -  11/10/20  -  12:15
Intimidação acontece principalmente em áreas de palafitas e morros da região
Intimidação acontece principalmente em áreas de palafitas e morros da região   Foto: Arquivo/AT

Candidatos a vereador e prefeito em cidades da Baixada Santista estão sendo ameaçados e proibidos de fazer campanha política em comunidades carentes. A intimidação atinge postulantes do PSDB e partidos aliados. Segundo eles, seria retaliação de uma facção criminosa ao governador João Doria (PSDB), por conta de atuação das polícias nesses locais e pelo não atendimento de reivindicações em presídios.  


Em bairros mais carentes da região, principalmente em morros e áreas de palafitas, somente pessoas autorizadas pelos traficantes podem entrar para campanha política. Em muitos desses locais, estão proibidas caminhadas de candidatos tucanos e moradores não podem manifestar apoio ou usar adesivos nos carros.  


A Reportagem entrevistou, sob a condição de anonimato, integrantes do PSDB e legendas coligadas em todas as cidades. Não houve agressão ou ameaças com armas, porém grupos pedem a imediata saída de candidatos em alguns bairros para “o pior não acontecer” e alertam para que não voltem mais.  


Um candidato de São Vicente afirma que não pode pedir votos em ‘quebradas’ há aproximadamente duas semanas e que pessoas foram obrigadas a retirar adesivos que haviam colocado nos carros em apoio à campanha. “Essa ação é em todo o Estado, porque querem prejudicar o Governo (Estadual)”.  


Segundo esse postulante, muitas pessoas que vivem nessas comunidades discordam da proibição, até porque há candidatos do partido que moram nelas, mas nada podem fazer. Houve casos de reuniões políticas marcadas com antecedência nessas regiões ficarem vazias, porque os moradores foram avisados por criminosos que não deveriam comparecer.  


“Os candidatos estão sem poder fazer campanha, sofrendo represálias de uma ordem para atacar o Estado. Então o Governo precisa tomar alguma providência”, diz.  


Outro candidato da Cidade diz que continua nas ruas, mesmo após ameaças. “Me ligam de número desconhecido falando que estão na minha cola, para eu tomar cuidado que não querem ouvir falar de PSDB ou de Doria. Mantenho a campanha com cuidado, indo só indo em casa de pessoas que conheço, para não ter problema”.  


Expulsos 


Segundo um candidato de Cubatão, a informação é de que todos os tucanos e aliados no Estado estão na mesma situação. “Conversamos com candidatos de outras cidades, do Interior, e está tudo igual, com retaliação, recados, ameaças. E o Governo sabe disso, o Doria está sabendo, precisamos de alguma atitude”.  


Um integrante do PSDB de Praia Grande afirma que as lideranças de bairros estão sendo intimidadas para não trabalharem para candidatos tucanos. “Faz uns 10 dias que isso começou, primeiro não levamos muito a sério, mas a pressão começou a chegar nos candidatos. Chegaram a mandar fechar comitê eleitoral em um bairro. É um desequilíbrio que prejudica a campanha”.  


Um postulante de Guarujá explica que ele e outros candidatos foram expulsos de bairros e muitos dos que buscam uma cadeira no Legislativo estão desistindo da disputa. Quem continua andando por esses lugares convive com ameaças. Ele, porém, não confirma que a intimidação é a mando dos traficantes e cita uma possível ação de políticos opositores.  


Em Santos, também há ameaças, mas nem todos os candidatos admitem. Alguns afirmam que andam por todos os bairros, sem impedimento. Outros dizem que nos morros e áreas da Zona Noroeste, tucanos não entram.  


“Está acontecendo em Santos e todos têm conhecimento, não só do PSDB, mas candidatos de toda a coligação. Não podemos panfletar, adesivar, colocar faixa nas casas das pessoas que nos apoiam. Pediram para a minha equipe não entrar em um local e mandaram o recado. Está prejudicando a campanha, porque limita o acesso à população”, reclama um candidato. 


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