Sabesp avança por transposição das águas do Rio Itapanhaú

Cetesb concedeu uma Licença Ambiental de Instalação à empresa, que poderá montar bases antes da grande obra

Por: Matheus Müller  -  15/02/20  -  21:54
  Foto: Rogério Soares/AT

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) recebeu autorização para montar instalações preparatórias para a obra de transposição das águas do Rio Itapanhaú, que deságua no Canal de Bertioga, até a represa de Biritiba Mirim, que pertence ao Sistema Alto Tietê. A empresa prevê transpor 2,5 mil litros de água por segundo para abastecer a Capital. O valor da construção é de R$ 91,7 milhões.


A Sabesp diz ainda não ter recebido a licença para começar as obras do empreendimento (de transposição), mas afirma que o prazo de execução previsto é de 12 meses, após a emissão desses documentos. A empresa garante que “cumpre as determinações previstas na legislação e as obrigações constantes das licenças ambientais”.


A permissão foi concedida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) em dezembro de 2019 e publicada no Diário Oficial do Estado em 10 de janeiro deste ano. Ambientalistas, indígenas e Prefeitura de Bertioga demonstram descontentamento com as intervenções. O Município, inclusive, informa ter um processo judicial em andamento.


“O licenciamento ambiental em questão tem seguido o rito ordinário previsto na Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente [Conama] 237/1997, destacando-se a realização de duas audiências públicas nos municípios de Biritiba Mirim e Bertioga”, diz a companhia, em nota.


O órgão ressalta que, na fase de licenciamento ambiental prévio, instruído por meio do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima), “foram discutidos e analisados os possíveis impactos ambientais decorrentes da implantação e operação do empreendimento”.


A Cetesb informa que também foram “definidas as respectivas medidas preventivas, mitigadoras e compensatórias. Assim como qualquer outro processo de licenciamento ambiental”.


Por fim, a companhia reforça que, durante a fase de obras, são previstas vistorias técnicas periódicas para o acompanhamento das atividades.


Em 27 de janeiro de 2018, cerca de 200 pessoas participaram de atos contra as obras
Em 27 de janeiro de 2018, cerca de 200 pessoas participaram de atos contra as obras   Foto: Rogério Soares/AT

Protesto


Em janeiro de 2018, foram realizados protestos na Rodovia Rio-Santos, que corta o Rio Itapanhaú. A estrada chegou a ser bloqueada. Entre os argumentos contrários, o impacto negativo à fauna, flora, ao próprio rio e desenvolvimento da cidade – comentava-se sobre o crescimento de Bertioga e aumento populacional, que também vai necessitar abastecimento.


Na ocasião do protesto, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) estava na Baixada Santista para outros compromissos e comentou sobre o assunto. Dizia que a transposição seria de “apenas 2 mil litros por segundo” em comparação aos “20 mil litros por segundo” na chegada da foz. A Tribuna entrou em contato com o estado, que delegou a resposta à Cetesb – órgão do governo.


Os opositores à obra de transposição defendem outras medidas para garantir o abastecimento na Capital, como ações para evitar o desperdício, que, segundo o Instituto Trata Brasil, chega a 36% daquilo que é distribuído.


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