Baixada Santista terá decisão conjunta sobre reabertura de salões de beleza, barbearias e academias

Paulo Alexandre Barbosa, presidente do Condesb, disse que prefeitos aguardam a regulamentação do ministério. Governo de SP deve se posicionar nesta quarta-feira

Por: Matheus Müller  -  13/05/20  -  11:13
Decreto coloca academias como atividade essencial
Decreto coloca academias como atividade essencial   Foto: Matheus Tagé/AT

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) surpreendeu a todos, inclusive ao ministro da Saúde, Nelson Teich, com a assinatura de um decreto em que considera academias, salões de beleza e barbearias como serviços essenciais, durante a pandemia do coronavírus. O Governo de São Paulo analisou a decisão e se posicionará, nesta quarta-feira (13), sobre o tema. Os prefeitos da Baixada Santista aguardam a regulamentação do ministério.


“Resolvemos aguardar para que possamos ter uma decisão conjunta, de todos os prefeitos”, disse o prefeito de Santos e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), nesta terça-feira (12), após reunião com os líderes da região. 


Vale destacar que apesar da decisão de Bolsonaro, o Supremo Tribunal Federal (STF) deixou a critério de estados e municípios o poder de estabelecer políticas de saúde, como medidas de quarentena e classificação de serviços essenciais. Ao menos 11 estados já se negaram a seguir as novas diretrizes. 


O secretário de Saúde do Estado, José Henrique German, foi questionado, ontem, durante coletiva de imprensa, sobre o decreto presidencial. Ele se limitou a informar que o governador João Doria (PSDB) falaria sobre o tema, hoje, durante novo encontro com jornalistas para atualizar o cenário da pandemia em São Paulo.


Em nota, o Governo de São Paulo informou que o Centro de Contingência da Covid-19 está, desde segunda-feira, analisando tecnicamente o decreto Federal que torna essenciais os serviços de salões de beleza, barbearias e academias. “Além disso, em outra frente, a Procuradoria Geral do Estado analisa juridicamente o decreto”.


Sem saber


A Tribuna também buscou respostas junto ao Ministério da Saúde que, segundo o decreto presidencial, vai regulamentar a decisão. A pasta informou que o ministro já havia se pronunciado na segunda-feira. (11) 


Durante a coletiva citada, porém, o Teich demonstrou desconhecimento sobre a ação tomada por Bolsonaro, perguntando aos jornalistas, inclusive, quais os setores haviam sido acrescidos na lista de trabalhos essenciais (agora são 57).


“Isso não é atribuição nossa, é decisão do presidente. A decisão de atividades essenciais é uma coisa a ser definida pelo Ministério da Economia. O que eu realmente acredito é que qualquer decisão que envolva a definição, de uma atividade ser essencial ou não, passa pela tua capacidade de fazer isso de uma forma que proteja as pessoas”, disse.


O decreto editado por Bolsonaro foi publicado em uma edição extra na tarde de segunda-feira.


Empresários querem a retomada


Em Santos, a dona de um salão de beleza, que preferiu não se identificar, acredita que o serviço prestado mexe com a saúde mental das pessoas, que durante a quarentena ficam mais tristes, deprimidas. “Ajuda com a autoestima”. Apesar disso, ela teme que a decisão do presidente seja apenas política, sem considerar os riscos da crise. 


“Sou autônoma e preciso trabalhar, mas essa não pode ser uma decisão apenas política”. A profissional conta que tem atendido clientes no salão, que fica de portas fechadas. Segundo ela, o atendimento é agendado e só pode entrar uma pessoa por vez no estabelecimento. 


Na visão dela, se fossem adotadas regras para o funcionamento não haveria problema. No entanto, diz entender ser complicado para a Prefeitura controlar as ações, ainda mais por muitos não cumprirem as regras.


Academia


Dono de uma academia também em Santos, o empresário Diego Contesini explica que a maior preocupação está no entendimento sobre o ramo de atividade. Ele entende que o serviço deve voltar por estar relacionado à saúde.


“As pessoas olham muito como parte estética apenas, o que não é. Apenas 10% é estética, enquanto 90% sofrem de condromalácia (problema no joelho), dores articulares, diabetes, hipertensão e os médicos mandam para as academias como tratamento”.


Contesini ressalta que os benefícios também são mentais, pois muitos que sofrem de depressão, bipolaridade, síndrome do pânico, encontram na atividade física mais qualidade de vida.


O empresário diz que o conselho dos profissionais de educação física e a associação das academias criaram uma série de medidas, que seriam ideais para a adaptação das academias, caso o funcionamento seja autorizado.


Um documento com essas diretrizes foi entregue na secretaria do esporte. Nele, os proprietários de academias concordam e se comprometem a seguir as orientações.


“Entramos em um acordo para que todos sigam as restrições, pois sabemos da importância e temos noção do poder da contaminação e dos riscos”.


Salões funcionam e Praia Grande e Guarujá


Em Praia Grande e em Guarujá os salões de beleza já funcionam seguindo algumas restrições. Entre as regras: o atendimento com hora marcada, uso de máscara e disponibilização de álcool em gel. Em São Vicente, a Justiça suspendeu um decreto municipal que permitia a atividade, mas a Prefeitura informa já ter entrado com recurso contra a decisão. As demais cidades aguardam a regulamentação do Ministério da Saúde.


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