Baixada Santista tem o maior número de mortes por leptospirose do estado

Médicos alertam que as enchentes são fundamentais para a ocorrência da doença, que é transmitida pela urina do rato

Por: Matheus Müller  -  12/02/20  -  09:52
Leptospirose matou 18 pessoas na Baixada Santista em 2019; doença é transmitida pela urina de ratos
Leptospirose matou 18 pessoas na Baixada Santista em 2019; doença é transmitida pela urina de ratos   Foto: Reprodução

A leptospirose, transmitida pela urina dos ratos, matou 18 das 73 pessoas diagnosticadas com a doença em 2019 na Baixada Santista. Trata-se do maior índice registrado no Estado de São Paulo: 23,3% das 77 mortes contabilizadas. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde e têm como base o levantamento dos Grupos Regionais de Vigilância Epidemiológica (GVEs).


Os números regionais são ainda mais relevantes se comparados aos da Capital, que teve 16 mortes entre os 170 casos confirmados, o equivalente a 20,7% de vítimas fatais.


O médico infectologista Marcos Caseiro destaca que a doença é mais comum em épocas de chuvas, por conta dos alagamentos.


“Temos uma incidência muito grande de leptospirose [na região]. É um grande problema. A lepstospira [bactéria] presente na urina do rato se espalha pela água e, em contato prolongado, ocasiona a contaminação”, conta. 


Segundo Caseiro, os corpos dos ratos mortos nos alagamentos também transmitem a doença, que tem sintomas comuns. Geralmente, é uma dor no corpo, febre, calafrios e diarreia.


A orientação é procurar um posto de saúde aos sentir os sintomas citados. “Existe a possibilidade de dar medicação. São antibióticos [específicos]”. O especialista ressalta que os exames para detectar a doença demoram a ficar prontos e, portanto, “os médicos devem ficar atentos, pois, se há demora no diagnóstico, aumentam as chances de o caso ficar mais grave”.


O médico sanitarista Arthur Chioro reforça a necessidade de procurar o atendimento profissional e relatar a exposição aos alagamentos. “A letalidade [da leptospirose] é alta”.


Chioro ressalta que feridas de qualquer tipo são uma porta de entrada para a leptospira, assim como a eventual ingestão do líquido contaminado. “É fundamental desprezar os alimentos e a água de caixas d’água que foram cobertas pela enchente”.


Estatísticas

Estado
Região Casos Mortes
Baixada Santista 73 18
Capital 170 16
Demais regiões 277 43
Baixada Santista
Cidade Casos Mortes
Cubatão 10 5
Guarujá 16 6
Itanhaém 1 0
Peruíbe 3 0
Praia Grande 15 1
Santos 21 4
São Vicente 7 2

Contato e higiene


Caseiro reforça que, hoje, segundo estudos, não há sequer a necessidade de uma ferida para o contágio da doença. Uma exposição prolongada de 10 a 15 minutos já pode fazer a pele absorver a bactéria.


O médico sanitarista orienta a população a higienizar, com água, sabão e álcool em gel, a área do corpo que teve contato com a água da enchente. 


Mais problemas


Além da leptospirose, Chioro defende que as pessoas evitem caminhar em zonas alagadas para evitar problemas como fraturas, torções, choques elétricos, entre outros. Ainda compõem o ranking de ocorrências frequentes os casos de diarreia e a transmissão de hepatite A, que causa sintomas como fadiga, náuseas, dor abdominal, perda de apetite e febre.


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