As nove cidades da Baixada Santista apresentaram em julho um saldo negativo de 1.502 vagas de emprego com carteira assinada, mantendo a tendência de queda registrada no ano e ficando na contramão do País, que começou a apresentar recuperação do mês passado, com criação de 131 mil postos de trabalho. Somando-se ao primeiro semestre, isso resulta em quase 17 mil empregos formais perdidos na região em 2020.
O município mais afetado, no mês passado, foi Santos, com o encerramento de 638 empregos. Itanhaém foi a única cidade a fechar o mês no azul.
Os dados são do Cadastro Geral de Empregos e Desempregos (Caged), do Ministério da Economia. O saldo de vagas, que é a diferença entre as contratações e as demissões, é mais do que o dobro do que o verificado no mesmo período do ano passado, ainda apresentado reflexos da pandemia do novo coronavírus.
“A crise violenta que se instalou com o avanço de casos de covid-19 acabou fechando muitas empresas. Mesmo com a retomada das atividades, o nível de desemprego ainda se manterá elevado. O tranco foi tão forte que, em setembro, teremos a divulgação do PIB do 2º trimestre e a queda deve ser de mais de 10%. No ano, a retração deve ficar na casa dos 6%”, analisa o diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.
Demora
A lentidão na retomada das atividades econômicas na região também ajuda a explicar o desdobramento desses números, como explica o economista Jorge Manuel Ferreira.
“Nós fomos muito atingidos pela pandemia. As restrições para a abertura das atividades, situação que agora está mudando um pouco, foram demoradas e isso fez com que muitos empresários não aguentassem. Abrir um shopping por quatro horas, por exemplo, não é economicamente viável. Muitas empresas que inicialmente mantiveram os funcionários, ainda que com corte de salários, acabaram demitindo”.
A economista Karla Simionato concorda com o colega. “A gente ainda continua com um certo isolamento social e isso reflete nos empregos. Porque as pessoas não saem de casa, trabalhando em home office. Várias atividades deixam de ser demandadas. Com isso, empresas fecham ou cortam funcionários”.
A expectativa, segundo ela, é que uma ligeira melhora nesse quadro ocorra no final do ano. “Acredito que haverá melhora entre 20 a 30% em relação ao que temos hoje. Ainda que sejam empregos temporários, já é alguma coisa. Mais que isso, somente se surgisse uma vacina com eficácia elevada contra a covid-19”.
Esperança
A geração de empregos só deverá retornar a patamares semelhantes ao registrado na fase anterior da pandemia daqui a dois anos, acredita o diretor da Anefac. “A Economia do Brasil vai melhorando gradativamente, mas não voltaremos tão cedo ao patamar anterior. A expectativa é que isso ocorra em 2022. Isso se não houver uma segunda onda de infecções, porque isso gera mais pessimismo, uma vez que poderá levar as pessoas a um novo isolamento”.
Mas, para deslanchar, será necessário também investimentos em capacitação de profissionais, diz o economista Hamilton de Oliveira Marques. “O Poder Público precisará investir na qualificação dos trabalhadores para que os empregos sejam retomados. Será necessário ter uma mão de obra preparada a esta nova realidade para sair da crise”.A