Baixada Santista pede que Governo do Estado permita flexibilização

Prefeitos dizem foi erro classificar a região como zona vermelha, com máxima restrição

Por: Maurício Martins  -  28/05/20  -  03:00
Atualizado em 28/05/20 - 03:06
Região foi colocada na categoria vermelha, onde não há qualquer flexibilização
Região foi colocada na categoria vermelha, onde não há qualquer flexibilização   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) pediu ao Governo do Estado que reveja o nível de classificação da região no Plano São Paulo (que estipula regras para flexibilização da quarentena) e permita a retomada gradual das atividades econômicas. O plano estadual, apresentado nesta quarta-feira (27), mantém a Baixada Santista na primeira (vermelha) das cinco etapas, com a restrição máxima. 


Além da região, somente o Vale do Ribeira e a Grande São Paulo foram classificados na zona vermelha (para os locais que registram altas taxas de ocupação de UTI e evolução na contaminação pelo coronavírus) e deverão manter as mesmas regras de isolamento social em vigor desde o dia 24 de março. A Capital, embora seja o epicentro da epidemia no Brasil, com maior número de casos, ficou de fora e poderá iniciar a retomada.  


O presidente do Condesb e prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), explica que em reunião por videoconferência entre os prefeitos, na tarde desta quarta, foi feito um balanço da situação regional e os dados não batem com os usados pelo Estado para classificar a Baixada como vermelha.  


Outro encontro virtual foi feito em seguida, com o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, para solicitar a mudança para a etapa 2, laranja, que dá às prefeituras a possibilidade de implantar seus planos e iniciar a retomada. 


“Nos critérios estabelecidos pelo Estado, há um conflito dos números estaduais com os dos municípios. Colocamos os argumentos técnicos, com base na matemática, e não há motivos para que a Baixada esteja na zona vermelha e a Capital na zona laranja. Procuramos demonstrar o equívoco e aguardamos a reclassificação em caráter imediato”, diz Barbosa, garantindo que o secretário prometeu analisar os dados.  


Segundo ele, o principal item que o Estado levou em conta foi a capacidade hospitalar, colocando a taxa de ocupação de UTIs acima de 80% e o número de leitos intensivos abaixo de 3 para cada 100 mil habitantes. “A divergência ocorreu na contagem da rede privada. Temos 15,7 leitos para cada 100 mil e ocupação de UTI de 60 a 65%”, afirma o prefeito.  


Questionado se não seria um risco flexibilizar cm os casos ainda subindo, Barbosa ressalta que seria de forma gradual, controlada e responsável. “Não estamos falando de virar a chave e abrir tudo. Não teremos atitudes irresponsáveis, só queremos autonomia para tomar a decisão, o que não é permitido na fase vermelha.  


O prefeito de Itanhaém, Marco Aurélio (PSDB), pontua que entende o momento de preservar a vida das pessoas. “Porém, existem divergências entre os dados do Estado e os números oficiais dos municípios. Estamos reivindicando uma análise mais aprofundada e alteração com urgência da classificação”. 


Segundo o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB), a Cidade tem 21% dos leitos ocupados. “Estamos na zona verde (quarta etapa) em Praia Grande nesse quesito”. Mourão diz que “quando se pega a média regional, que calculamos, não estamos na zona vermelha que nos encaixaram”. 


Antes da decisão estadual, o prefeito de São Vicente, Pedro Gouvêa (MDB), já fez um planejamento para reabrir as atividades a partir de 1 de junho. A medida foi divulgada por ele nesta quarta, durante transmissão ao vivo nas redes sociais.  


Estado explica 


Em nota, o Governo Estadual afirma que o plano prevê a retomada consciente da economia no Estado, de acordo com critérios estritamente técnicos. “A classificação das fases da quarentena, de forma heterogênea e regionalizada, foi embasada na disponibilidade de leitos e evolução das taxas de contaminação em cada localidade”.  


A Tribuna questionou sobre a possibilidade de a região decidir de outra forma, contrariando o Estado. “A Baixada Santista deverá manter o isolamento, sem flexibilização. As regiões poderão ser reclassificadas para fases de menor restrição a partir do momento em que forem observados indicadores de saúde estáveis”.


Logo A Tribuna
Newsletter