Aberta a temporada de raios na Baixada Santista

Região registra mais de 6 mil raios em três horas durante forte temporal desta segunda-feira (16); números surpreendem especialistas

Por: Rosana Rife  -  18/11/20  -  10:35
Temporal de segunda-feira iniciou período de maior incidência de descargas elétricas na região
Temporal de segunda-feira iniciou período de maior incidência de descargas elétricas na região   Foto: Alexsander Ferraz

Está aberta a temporada de raios na Baixada Santista. O forte temporal da noite de segunda-feira (16) deu início, de forma antecipada, ao período em que há a maior incidência de descargas elétricas na região. Em praticamente três horas, entre 21 horas e meia-noite, foram registrados 6.320 raios entre Bertioga e Peruíbe - mais de 2,1 mil por hora ou 35  por minuto. Os dados são do Grupo de Elétrica de Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).


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>> Gráfico mostra os perigos e cuidados com as descargas elétricas


Os números incluem raios que ocorrem nas nuvens e os que atingem diretamente o solo  (veja detalhes abaixo).  A cidade mais afetada foi Peruíbe, com  385 raios atingindo o solo do Município nas três horas. Santos ficou com a segunda colocação, com 190 descargas no mesmo período.


“Em geral o período de tempestades mais fortes ocorrem entre o final da tarde e o início da noite e essa foi mais tarde. Também surpreendeu pela quantidade, pela  época do ano e por ter se prolongado até a madrugada. Em geral, as chuvas fortes ocorrem mais no verão”, explica o coordenador do Elat,  Osmar Pinto Júnior.


Prepare-se porque, até março, segundo o coordenador do Elat, virão mais raios por aí. “O que a gente tem visto é que, nos últimos anos, as tempestades tem sido mais intensas, como essa. E quanto mais fortes as chuvas maior a probabilidade de haver raios”.


Campeã


Em 2019, foram registrados na Baixada 5.190 raios nuvem-solo e 8.870 raios intra-nuvem, totalizando 14.060 entre 1º de janeiro e 16 de novembro. Este ano, no mesmo período, a totalização chega a 5.764, com 1.628 raios nuvem-solo e 4.136 raios intra-nuvem.


“A Baixada Santista é a região com maior  incidência de raios em todo o litoral brasileiro, que vai desde o Chuí, no Rio Grande do Sul à cidade de  Natal, no Rio Grande do Norte”, acrescenta o coordenador do Elat.


Apesar dos números que chamam a atenção,  a Baixada não chega a ser a recordista no País e no Estado. “O que se destaca nessa grande incidência de raios no litoral brasileiro é que eles ocorrem no verão, quando as pessoas costumam estar nas praias. Isso acaba levando a mortes que são registradas todos os anos”, avalia o coordenador do Elat.


Por isso, é preciso adotar  cuidados quando estiver na rua e, principalmente, se quando for surpreendido por temporais na praia. Uma dica importante, segundo o major Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros, é ficar atento à proximidade que a descarga elétrica ocorre do banhista. Para isso, conte os segundo entre a visualização do raio e o barulho provocado pelo trovão. Quanto menor o tempo, mais perto ele estará.


“A cada três segundos, é um quilômetro de distância e, nesse patamar, você está em perigo e tem que se proteger. Com essa continha a gente consegue perceber quando o raio se aproxima de você", informa o major.


Palumbo explica ainda mais detalhes sobre a  contagem de tempo.  "O flash do raio viaja na velocidade da luz, é instantâneo. E ele queima partículas de oxigênio no caminho que faz para chegar em um ponto na terra ou no mar e essa queima produz um estrondo que é o trovão”.


E ressalta ainda que é necessário deixar a praia assim que for alertado por um bombeiro ou guarda-vidas. “Tem que sair rápido, porque a tendência do tempo que a gente tem entre o flash e o trovão está diminuindo. Não é para ficar em local aberto, nem para um quiosque ou embaixo de árvores, de pontos altos. Mas ir para um lugar  seguro, ou seja, dentro de um carro o ônibus,  de uma edificação, uma casa, que tenha telhado”, completa Palumbo.


Queda de raios na noite de segunda-feira (16)


Bertioga
Raios nuvem-solo:40
Rios intra-nuvem: 191


Cubatão
Raios nuvem-solo:3
Rios intra-nuvem: 7


Guarujá
Raios nuvem-solo: 105
Raios intra-nuvem:584


Itanhaém
Raios nuvem-solo: 230
Raios intra-nuvem:998


Mongaguá
Raios nuvem-solo: 32
Raios intra-nuvem:137


Peruíbe
Raios nuvem-solo: 385
Raios intra-nuvem:2231


Praia Grande
Raios nuvem-solo: 68
Raios intra-nuvem: 295


Santos
Raios nuvem-solo: 190
Raios intra-nuvem: 638


São Vicente
Raios nuvem-solo: 45
Raios intra-nuvem: 141


Total da Baixada
Raios nuvem-solo: 1.098
Raios intra-nuvens:5.222


Cuidados


>Dentro de casa, durante picos de temporais, o ideal é não utilizar aparelhos elétricos e eletrodomésticos, incluindo telefones celulares. 


>Evite contatos com objetos que possuam estrutura metálica, como fogões, geladeiras e torneiras. O uso desses aparelhos é desaconselhável, principalmente, em locais com água, ou com as mãos ou pés molhados.


>Não mude a chave (verão/inverno - fria/morna/quente) do seu chuveiro se ele estiver ligado e, principalmente, nos dias em que estiverem ocorrendo descargas atmosféricas.


>Se tomar choque ao ligar torneiras e chuveiros elétricos, isso indica que existe um problema de aterramento (fio de terra) na instalação.


>Evite falar ao telefone, pois uma descarga atmosférica também pode entrar pela rede de telefonia.


>Se você estiver caminhando com uma mochila com uma armação de metal, retire-a assim que detectar um raio. Certifique-se de deixá-la, pelo menos, 100 metros de onde quer que você esteja se abrigando.


>Cuidado com o rompimento de cabos de energia na rua durante temporais. Fique longe e acione o Corpo de Bombeiros ou ligue para a concessionária de energia elétrica.


>Não utilizem nenhum objeto, como cabo de madeira ou haste metálica, para afastar o fio partido, devido ao risco de choque elétrico.


>Não permaneça em áreas abertas como campos de futebol, praias, quadras esportivas e estacionamentos.


>Não se abrigue em árvores ou debaixo delas.


>Não permaneça em áreas abertas como campos de futebol, praias, quadras esportivas e estacionamentos.


Fonte: Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do INPE, Elektro, CPFL Piratininga, Corpo de Bombeiros


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