Está aberta a temporada de raios na Baixada Santista. O forte temporal da noite de segunda-feira (16) deu início, de forma antecipada, ao período em que há a maior incidência de descargas elétricas na região. Em praticamente três horas, entre 21 horas e meia-noite, foram registrados 6.320 raios entre Bertioga e Peruíbe - mais de 2,1 mil por hora ou 35 por minuto. Os dados são do Grupo de Elétrica de Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Os números incluem raios que ocorrem nas nuvens e os que atingem diretamente o solo (veja detalhes abaixo). A cidade mais afetada foi Peruíbe, com 385 raios atingindo o solo do Município nas três horas. Santos ficou com a segunda colocação, com 190 descargas no mesmo período.
“Em geral o período de tempestades mais fortes ocorrem entre o final da tarde e o início da noite e essa foi mais tarde. Também surpreendeu pela quantidade, pela época do ano e por ter se prolongado até a madrugada. Em geral, as chuvas fortes ocorrem mais no verão”, explica o coordenador do Elat, Osmar Pinto Júnior.
Prepare-se porque, até março, segundo o coordenador do Elat, virão mais raios por aí. “O que a gente tem visto é que, nos últimos anos, as tempestades tem sido mais intensas, como essa. E quanto mais fortes as chuvas maior a probabilidade de haver raios”.
Campeã
Em 2019, foram registrados na Baixada 5.190 raios nuvem-solo e 8.870 raios intra-nuvem, totalizando 14.060 entre 1º de janeiro e 16 de novembro. Este ano, no mesmo período, a totalização chega a 5.764, com 1.628 raios nuvem-solo e 4.136 raios intra-nuvem.
“A Baixada Santista é a região com maior incidência de raios em todo o litoral brasileiro, que vai desde o Chuí, no Rio Grande do Sul à cidade de Natal, no Rio Grande do Norte”, acrescenta o coordenador do Elat.
Apesar dos números que chamam a atenção, a Baixada não chega a ser a recordista no País e no Estado. “O que se destaca nessa grande incidência de raios no litoral brasileiro é que eles ocorrem no verão, quando as pessoas costumam estar nas praias. Isso acaba levando a mortes que são registradas todos os anos”, avalia o coordenador do Elat.
Por isso, é preciso adotar cuidados quando estiver na rua e, principalmente, se quando for surpreendido por temporais na praia. Uma dica importante, segundo o major Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros, é ficar atento à proximidade que a descarga elétrica ocorre do banhista. Para isso, conte os segundo entre a visualização do raio e o barulho provocado pelo trovão. Quanto menor o tempo, mais perto ele estará.
“A cada três segundos, é um quilômetro de distância e, nesse patamar, você está em perigo e tem que se proteger. Com essa continha a gente consegue perceber quando o raio se aproxima de você", informa o major.
Palumbo explica ainda mais detalhes sobre a contagem de tempo. "O flash do raio viaja na velocidade da luz, é instantâneo. E ele queima partículas de oxigênio no caminho que faz para chegar em um ponto na terra ou no mar e essa queima produz um estrondo que é o trovão”.
E ressalta ainda que é necessário deixar a praia assim que for alertado por um bombeiro ou guarda-vidas. “Tem que sair rápido, porque a tendência do tempo que a gente tem entre o flash e o trovão está diminuindo. Não é para ficar em local aberto, nem para um quiosque ou embaixo de árvores, de pontos altos. Mas ir para um lugar seguro, ou seja, dentro de um carro o ônibus, de uma edificação, uma casa, que tenha telhado”, completa Palumbo.
Queda de raios na noite de segunda-feira (16)
Bertioga
Raios nuvem-solo:40
Rios intra-nuvem: 191
Cubatão
Raios nuvem-solo:3
Rios intra-nuvem: 7
Guarujá
Raios nuvem-solo: 105
Raios intra-nuvem:584
Itanhaém
Raios nuvem-solo: 230
Raios intra-nuvem:998
Mongaguá
Raios nuvem-solo: 32
Raios intra-nuvem:137
Peruíbe
Raios nuvem-solo: 385
Raios intra-nuvem:2231
Praia Grande
Raios nuvem-solo: 68
Raios intra-nuvem: 295
Santos
Raios nuvem-solo: 190
Raios intra-nuvem: 638
São Vicente
Raios nuvem-solo: 45
Raios intra-nuvem: 141
Total da Baixada
Raios nuvem-solo: 1.098
Raios intra-nuvens:5.222
Cuidados
>Dentro de casa, durante picos de temporais, o ideal é não utilizar aparelhos elétricos e eletrodomésticos, incluindo telefones celulares.
>Evite contatos com objetos que possuam estrutura metálica, como fogões, geladeiras e torneiras. O uso desses aparelhos é desaconselhável, principalmente, em locais com água, ou com as mãos ou pés molhados.
>Não mude a chave (verão/inverno - fria/morna/quente) do seu chuveiro se ele estiver ligado e, principalmente, nos dias em que estiverem ocorrendo descargas atmosféricas.
>Se tomar choque ao ligar torneiras e chuveiros elétricos, isso indica que existe um problema de aterramento (fio de terra) na instalação.
>Evite falar ao telefone, pois uma descarga atmosférica também pode entrar pela rede de telefonia.
>Se você estiver caminhando com uma mochila com uma armação de metal, retire-a assim que detectar um raio. Certifique-se de deixá-la, pelo menos, 100 metros de onde quer que você esteja se abrigando.
>Cuidado com o rompimento de cabos de energia na rua durante temporais. Fique longe e acione o Corpo de Bombeiros ou ligue para a concessionária de energia elétrica.
>Não utilizem nenhum objeto, como cabo de madeira ou haste metálica, para afastar o fio partido, devido ao risco de choque elétrico.
>Não permaneça em áreas abertas como campos de futebol, praias, quadras esportivas e estacionamentos.
>Não se abrigue em árvores ou debaixo delas.
>Não permaneça em áreas abertas como campos de futebol, praias, quadras esportivas e estacionamentos.
Fonte: Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do INPE, Elektro, CPFL Piratininga, Corpo de Bombeiros