A chance de um adeus mais digno no Dia de Finados; confira horários de cemitérios e missas

Parentes de vítimas da covid-19 poderão viver o rito de passagem

Por: Rosana Rife & Da Redação &  -  02/11/20  -  13:20
Em Santos, cemitérios foram reabertos na última quinta-feira, após meses de restrições
Em Santos, cemitérios foram reabertos na última quinta-feira, após meses de restrições   Foto: Matheus Tagé

Os cemitérios da Baixada Santista estarão abertos nesta segunda-feira (2) para o Dia de Finados, com horários extensos para visitação. Para muitas famílias que perderam parentes vítimas de covid-19, a data deve representar a chance de uma despedida mais digna. Na região, mais de 2,1 mil pessoas morreram da doença e, na maioria dos casos, os familiares não tiveram direito a realizar o velório e o enterro foi rápido e restrito.


As medidas, necessárias para evitar a proliferação do novo coronavírus, impuseram um luto ainda mais dolorido nos últimos meses. Para religiosos e psicólogos, agora pode ser o momento de colocar as emoções no lugar. Ainda assim, a pandemia segue exigindo cuidados e as autoridades pregam o respeito às medidas de higiene durante as visitas e a necessidade de se evitar aglomerações.


Rito de passagem


Na cultura ocidental, o velório é considerado um ritual de passagem para a despedida, sendo o momento de dar adeus e ver o ente querido pela última vez, como explica a psicóloga e professora da Unimes, Sandra Terricone. “O rito de passagem vai nos ajudar emocional e psiquicamente na elaboração dessa perda. Sem isso, você descumpre esse desenlace, fica uma história inacabada”.


Em situações normais, muitas pessoas têm dificuldade ao lidar com o luto. No contexto da pandemia, “ele se tornou uma sombra maior, uma tragédia”, acrescenta a psicóloga.


Sem esse processo, diz a psicóloga e coordenadora do Núcleo de Psicoterapia da Baixada Santista e Vale do Ribeira, Carolina Príncipe Lopes, é como se fosse retirado uma parte da história dessas famílias.


“À medida que isso ocorre, perde-se um pouco da identidade. Aquele momento do velório é fundamental para ‘cair a ficha’. Você fica olhando, chora, não acredita, sai da sala, volta, vai confirmar se o corpo está ali. Quando não tem isso, fica uma mistura até meio delirante de que a pessoa pode voltar”.


Superação


Portanto, o Dia de Finados deste ano não será somente uma visita aos cemitérios. “Muitos parentes vão vivenciar suas perdas e dores agora, podendo velar seus mortos” analisa Sandra, contando que atende uma paciente com câncer de mama e que perdeu o marido de 49 anos para a covid-19, em abril.


“Ele deu entrada no hospital e morreu em 24 horas. Fecharam o caixão e ela não o viu mais. Agora, ela me diz que vai conversar com ele, que vai enterrar e velar o marido”.


Para Sandra, uma forma de reduzir a dor causada pela perda e falta de uma despedida pode ser a realização de encontros virtuais entre os familiares. “A dor, se compartilhada, diminui. Você divide com os outros seus sentimentos, emoções e angústias”.


Religião serve como apoio e conforto na hora da dor


As religiões também ajudam a dar conforto e esperança a famílias enlutadas que, além da dor da perda, ainda enfrentam a falta de uma despedida e enterro dignos por conta da pandemia. Ter como última lembrança de um ente querido a entrada dele em um hospital “torna a dor ainda mais forte”, explica o pastor da Igreja Bola de Neve, Éric Vianna.


Segundo Vianna, buscar conforto em Deus pode ser um caminho para superar a perda e seguir em frente. “Olhando pra esse cenário caótico, o mundo procura uma esperança, uma forma de crer novamente. Uma das palavras mais pesquisadas no Google nesse tempo de epidemia foi Deus. Se tem alguém que pode sustentar quem está de luto em um momento tão difícil como o que enfrentamos é Ele”.


Esperança é a palavra destacada pelo padre da Igreja Bom Jesus da Ilha Diana, de Santos, Claudenil Moraes da Silva. “Finados é sempre uma celebração de esperança, a certeza de que a vida neste mundo é finita, mas a vida em Deus é eterna”. 


Já para o espiritismo, o luto não tem um significado de perda, o que torna a forma de encará-lo mais consoladora, diz o diretor do Departamento de Doutrina da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, Marco Milani.


“Nós entendemos que as pessoas permanecem ligadas pelo pensamento. Então, qualquer pensamento que se dedique a um ente querido, ele vai, de alguma maneira, estar em sintonia. Nesses momentos, com essas lembranças boas, os espíritos que já desencarnaram vão se sentir reconfortados”.


O fato de não encarar a morte com um fim ajuda enfrentar a dor da ausência. “Não quer dizer que a gente não vá sentir, mas entendemos que a pessoa receberá o que estamos pensando para ela”.


Horários dos cemitérios e das missas


>>Cemitérios


- Bertioga: das 7h às 17h
- Cubatão: <MC3>das 8h às 17h
- Guarujá: <MC3>das 8h às 17h
- Itanhaém: <MC3>das 8h às 17h
- Mongaguá: <MC3>das 6h às 18h
- Praia Grande: <MC3>das 7h às 18h
- Peruíbe: <MC3>das 8h às 17h
- Santos: <MC3>das 7h às 17h
- São Vicente: <MC3>das 8h às 18h

>>Missas


Bertioga
- Igreja São João Batista: 7h, 10h e 19h
- Riviera: 9h
- Indaiá: 10h30


Cubatão
- Cemitério: 8h e 10h
- Nossa Senhora da Lapa: 19h
- São Francisco de Assis: 8h e 19h
- São Judas Tadeu: 10h e 18h (na Capela Nossa Senhora Mãe da Igreja)


Guarujá
- Cemitério de Vicente de Carvalho: 10h e 16h
- Nossa Senhora de Fátima e Santo Amaro: 8h, 10h e 19h
- Senhor Bom Jesus: 10h
- Capela São João Batista: 8h
- Santa Rosa de Lima: 10h e 18h
- São José: 19h
- Nossa Senhora das Graças: 7h, 9h e 19h30


Itanhaém
- Igreja Matriz de Sant’Ana: 12h e 18h
- Nossa Senhora de Sion: 9h


Mongaguá 
- Cemitério da Igualdade: 10h e 17h
- Nossa Senhora Aparecida: 19h


Peruíbe
- São João Batista: 9h e 19h
- São José Operário: 8h e 19h


Praia Grande
- Cemitério: 8h, 12h e 16h
- Nossa Senhora das Graças: 8h e 18h30
- Santo Antônio de Pádua: 8h, 10h, 17h e 19h
- São Gaspar Bertoni: 8h
- Nossa Senhora de Fátima: 8h
- São Pedro Apóstolo: 9h, 11h, 16h30 e 19h


Santos
- Memorial Necrópole Ecumêmica: 10h e 15h
- Capela Santa Isabel: 16h
- Nossa Senhora do Rosário: 9h e 17h
- São Paulo Apóstolo: 12h e 18h
- São Judas Tadeu: 19h
- São João Batista: 19h
- Jesus Crucificado: 8h
- Nossa Senhora da Assunção: 19h
- São Benedito: 10h e 19h
- Nossa Senhora Aparecida: 9h e 19h
- Convento do Carmo: 18h
- Sagrado Coração de Jesus: 16h
- Santo Antônio do Embaré: 7h e 10h
- São Thiago Apóstolo: 10h
- Capela do Espírito Santo: 8h
- Senhor dos Passos e Senhora das Dores: 9h e 18h30
- Santa Margarida Maria: 8h, 10h30 e 17h
- Nossa Senhora dos Navegantes: 18h
- Capela Santa Edwiges: 19h30
- Coração de Maria: 19h
- Santa Cruz: 9h30
- Nossa Senhora do Carmo: 10h
- Rosário de Pompeia: 8h e 17h
- Capela Bom Pastor: 18h
- São João Paulo II: 17h
- Sagrada Família: 19h
- São Jorge Mártir: 11h
- São José Operário: 8h e 19h


São Vicente
- São Vicente Mártir: 8h, 10h30 e 19h
- Capela Nossa Senhora Aparecida: 9h
- Capela Santo Antônio: 17h
- São Pedro, O Pescador: 9h e 17h
- São João Evangelista: 8h
- Cristo Operário: 9h30
- Nossa Senhora Auxiliadora: 9h e 15h
- Bom Jesus dos Navegantes: 19h
- Nossa Senhora do Amparo: 9h e 17h
- São José de Anchieta: 8h, 10h e 19h
- Nossa Senhora do Perpétuo Socorro: 7h30 e 17h
- Nossa Senhora da Esperança: 10h e 19h


Fontes: prefeituras e Diocese de Santos


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