'A Baixada Santista tem uma tendência à fase amarela', diz secretário estadual

Para o Secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, Marco Vinholi, a região tem feito um bom trabalho no combate à pandemia de coronavírus

Por: Nathália de Alcantara  -  12/06/20  -  21:27
Secretário diz que cidades deveriam seguir recomendação do Estado e flexibilizar só no dia 15
Secretário diz que cidades deveriam seguir recomendação do Estado e flexibilizar só no dia 15   Foto: Roberto Casimiro/ Fotoarena/ Estadão Conteúdo

A decisão da Prefeitura de Santos de reabrir estabelecimentos que até então funcionavam de forma limitada ou sequer abriam as portas em pleno feriado é motivo de preocupação para o Secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, Marco Vinholi.


Em tempos de pandemia de coronavírus, a região foi reclassificada da fase vermelha para a fase laranja, mas o governador pediu que a Baixada Santista iniciasse a flexibilização só após a próxima segunda-feira, o que não foi atendido pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), em Santos, por exemplo.


Depois de 80 dias fechados e muitas reivindicações, comércio de rua, hotéis e outras atividades (exceto shoppings, bares e restaurantes) reabriram as portas nesta quinta-feira (11), com horário reduzido e uma série de regras de restrição.


Mas o secretário, em entrevista exclusiva para ATribuna.com.br, chegou a pedir que a recomendação do governador fosse atendida e o assunto fosse pensado com cuidado.


Marco Vinholi tem 34 anos, é nascido em São Paulo e formado em Administração de Empresas pela PUC/SP, com especialização em Gestão Empresarial pela FGV. Foi deputado estadual e líder do PSDB na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Confira o bate-papo completo abaixo.


Quais critérios foram levados em conta para a reclassificação da Baixada Santista pelo Governo do Estado?


Os critérios são aceleração de óbitos, de casos e de internações, a chamada evolução da pandemia. Outro critério é a quantidade de leitos hospitalares por 100 mil habitantes e a taxa de ocupação desses leitos. Os índices da Baixada Santista melhoraram de forma geral, levando a região da fase vermelha para a fase laranja.


Se os números piorarem com a flexibilização de diversos setores, o que poderá acontecer daqui para frente?


Se os números piorarem, retrocederemos para a fase vermelha. Isso seria feito em sete dias e, para avançar para uma fase com mais setores abertos, o prazo é de 15 dias.


O governador pediu que a flexibilização na Baixada Santista acontecesse só depois do próximo dia 15, o que não aconteceu. Santos e outras cidades anteciparam a reabertura em pleno feriado. Qual a sua opinião a respeito dessa decisão tomada?


A quarentena tem a duração de 15 dias. Ela é prorrogada por esse período. Fazer a abertura antes do tempo vai contra o decreto do Estado e a situação seria irregular. A essa questão, adiciono mais uma. Apelo que possam retardar o retorno, uma vez que a Baixada Santista tem um forte apelo turístico e fazer isso num feriado como esse pode gerar um risco contundente para a região. Ainda mais em um momento em que se acaba de sair da fase vermelha para a fase laranja. Então, eu indico fortemente para que não façam isso.


Como é lidar com as demandas da região e avaliá-la como um todo, já que as cidades têm características tão diferentes?


A gente tem de analisar cada uma das cidades com as suas caractéristicas. Temos um diálogo aberto. Eu tenho um diálogo com todos os prefeitos que é sempre intenso e sem qualquer tipo de distinção. Temos uma organização da saúde já posta, que decide os hospitais estruturantes e organiza a vida das pessoas da Baixada Santista. A gente sempre busca isso.


O senhor está sempre em contato com todos os prefeitos ou principalmente com o Paulo Alexandre Barbosa, presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb)?


O contato com o Paulo é constante, ms falo com praticamente todos os outros prefeitos ao menos uma vez por semana. 


Como o senhor avalia a Baixada Santista com relação ao enfrentamento da pandemia? A lição de casa está sendo feita?


Eu vejo a região com bons olhos. Estou desde o início deste processo e fizemos um estudo epidemiológico que identificou de maneira pioneira no Estado a evolução da pandemia na Baixada Santista, uma pratica importante. Na sequência disso, vieram as preocupações com os feriados e os bloqueios, além de questões relacionadas ao turismo na região. Pudemos conduzir bem todos esses assuntos, prefeituras e Estado. Depois, houve um aumento na capacidade de leitos, uma capacidade que se fortaleceu muito. Se pegarmos os números antes da pandemia e agora com certeza nós mais do que dobramos essa quantidade. E isso é um marco muito forte na região. A Baixada Santista é não só a região com maior número de casos e óbitos, mas com a maior média de população idosa do Estado. Chegar numa situação de reabertura, de fase laranja, de tendência à fase amarela, é uma construção muito forte. Todas as ações em conjunto, entre as prefeituras e o Estado, têm sido muito bem sucedidas.


Em quanto tempo o senhor acredita que chegaremos na fase amarela? É possível fazer uma previsão?


Olha, a região tem uma tendência à fase amarela e isso vai se consolidando ao longo dos próximos dias. Mas é impossível afirmar quando isso acontecerá. Eu não quero vir aqui amanhã e você dizer que a tendência era essa, mas termos uma regressão. Tudo relacionado a pandemia pede que a gente cuide dos dados dia após dia. Temos sim essa tendênia de melhora para iniciar o processo de retomada. Por isso pedimos a consciência das pessoas, porque tudo foi conquistado graças ao isolamento social praticado por todos. É impossível afirmar quando chegaremos ao amarelo, as esse é o caminho. O que a gente pede é que as pessoas façam a retomada de forma consciente para não termos uma regressão.


Está previsto algum investimento para Baixada Santista que não tenha a ver com a pandemia de coronavírus?


Nós fizemos os convênios que o governador tinha prometido na ocasião das chuvas (que caiu sobre a Baixada Santista e provocou deslizamentos de terra em morros de Santos, Guarujá e São Vicente na madrugada de 3 de março, deixando mortos, feridos e desabrigados). O valor é de R$ 50 milhões, com um impacto muito grande. Nós conseguimos concluir esse convênio. O dinheiro foi para obras de enchente e vai significar melhorias para as cidades. Em tempos de pandemia, poder cumprir a palavra e fazer esse investimento é algo extraordinário.


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