Enquanto milhares de pessoas fazem a sua parte e respeitam a determinação de quarentena em todo o estado de São Paulo, os ônibus intermunicipais jogam contra toda a mobilização para evitar que o coronavírus se espalhe e faça mais vítimas.
Quem precisa trabalhar nesses tempos de pandemia virou refém de um transporte lotado e que expõe seus usuários a muitos riscos de contaminação.
O vigilante Roberto dos Santos Silva, de 57 anos, tem usado máscara para sair de casa, mas tem medo de pegar o ônibus de sua casa, em Cubatão, até o trabalho, em Santos.
“O ponto de ônibus fica lotado, porque não tem carros suficientes. Aí, o ônibus também fica lotado quando passa. As pessoas abrem as janelas, mas o caminho dura uns 45 minutos e ficamos um em cima dos outros, grudados. Tem gente que vai em pé ao lado do motorista”, desabafa.
O jornalista Alessandro Alberto Pereira, de 47 anos, passa pela mesma coisa. Ele também está sempre de máscara, usa a mão esquerda para passar o cartão-transporte e tocar o botão para descer, mas não consegue fugir da aglomeração.
“Não me sinto mais seguro nos ônibus. Até sexta-feira (3), estava viajando com 5, no máximo 6, pessoas em meus trajetos entre Santos e Cubatão. Desde segunda (6), porém, tenho visto veículos com pessoas em pé, e, com a redução da frota, o tempo de espera fica ainda maior, com as pessoas se aglomerando também nos pontos”, explica ele.
Consultando o aplicativo, ele ainda viu que as linhas que usa, as 906, 917 e 936, têm no máximo dois carros em ação, isso somando ida e volta.
“Por volta das 11h, só havia um veículo da 936 em todo o percurso Ponta da Praia-Vila Natal-Cota. Nesse momento (à tarde), são dois carros. O normal são 5 ou 6 carros espalhados por todo o trajeto”.
Na segunda-feira, o jornalista esperou dois ônibus passarem para entrar só no terceiro.
“Aí, meu tempo entre casa e trabalho saltou de uns 40-50 minutos para cerca de duas horas. Fiz uma reclamação agora há pouco com a ouvidoria pelo próprio aplicativo. Essa redução [de veículos] joga contra a quarentena”.
Resposta
Segundo o secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, houve redução de 75% nas linhas.
“A operação mantida é para que consigamos transportar os trabalhadores que estão em funções essenciais em segurança, para que não haja aglomerações e, fundamentalmente, para que possam sair de casa para o trabalho como são essenciais na nossa vida em distanciamento social”.
Ele pede, ainda, que denúncias sejam feitas pelo site www.emtu.sp.gov.br com fotos, relatos e detalhes de como, quando e em quais linhas houve esse tipo de situação para que seja feita a fiscalização.