Ônibus intermunicipais têm dezenas de pessoas aglomeradas todo dia em tempos de coronavírus

Usuários reclamam de pontos de ônibus lotados, além da aglomeração dentro do próprio veículo, que tem gente em pé ao lado do motorista na maior parte do trajeto

Por: Nathália de Alcantara  -  08/04/20  -  18:40
Usuários reclamam de pontos de ônibus lotados, além da aglomeração dentro do próprio veículo
Usuários reclamam de pontos de ônibus lotados, além da aglomeração dentro do próprio veículo   Foto: Matheus Tagé/AT

Enquanto milhares de pessoas fazem a sua parte e respeitam a determinação de quarentena em todo o estado de São Paulo, os ônibus intermunicipais jogam contra toda a mobilização para evitar que o coronavírus se espalhe e faça mais vítimas.


Quem precisa trabalhar nesses tempos de pandemia virou refém de um transporte lotado e que expõe seus usuários a muitos riscos de contaminação. 


O vigilante Roberto dos Santos Silva, de 57 anos, tem usado máscara para sair de casa, mas tem medo de pegar o ônibus de sua casa, em Cubatão, até o trabalho, em Santos.


“O ponto de ônibus fica lotado, porque não tem carros suficientes. Aí, o ônibus também fica lotado quando passa. As pessoas abrem as janelas, mas o caminho dura uns 45 minutos e ficamos um em cima dos outros, grudados. Tem gente que vai em pé ao lado do motorista”, desabafa.


O jornalista Alessandro Alberto Pereira, de 47 anos, passa pela mesma coisa. Ele também está sempre de máscara, usa a mão esquerda para passar o cartão-transporte e tocar o botão para descer, mas não consegue fugir da aglomeração.


“Não me sinto mais seguro nos ônibus. Até sexta-feira (3), estava viajando com 5, no máximo 6, pessoas em meus trajetos entre Santos e Cubatão. Desde segunda (6), porém, tenho visto veículos com pessoas em pé, e, com a redução da frota, o tempo de espera fica ainda maior, com as pessoas se aglomerando também nos pontos”, explica ele.


Consultando o aplicativo, ele ainda viu que as linhas que usa, as 906, 917 e 936, têm no máximo dois carros em ação, isso somando ida e volta.


“Por volta das 11h, só havia um veículo da 936 em todo o percurso Ponta da Praia-Vila Natal-Cota. Nesse momento (à tarde), são dois carros. O normal são 5 ou 6 carros espalhados por todo o trajeto”.


Na segunda-feira, o jornalista esperou dois ônibus passarem para entrar só no terceiro.


“Aí, meu tempo entre casa e trabalho saltou de uns 40-50 minutos para cerca de duas horas. Fiz uma reclamação agora há pouco com a ouvidoria pelo próprio aplicativo. Essa redução [de veículos] joga contra a quarentena”.


Resposta


Segundo o secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, houve redução de 75% nas linhas.


“A operação mantida é para que consigamos transportar os trabalhadores que estão em funções essenciais em segurança, para que não haja aglomerações e, fundamentalmente, para que possam sair de casa para o trabalho como são essenciais na nossa vida em distanciamento social”.


Ele pede, ainda, que denúncias sejam feitas pelo site www.emtu.sp.gov.br com fotos, relatos e detalhes de como, quando e em quais linhas houve esse tipo de situação para que seja feita a fiscalização.


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