Documentário sobre Moacir dos Santos estreia quinta-feira nos cinemas

"Moacir - O Santista que Conquistou os Argentinos" fala do músico que tentou carreira artística na Argentina

Por: Lucas Krempel  -  13/11/18  -  15:22
  Foto: Divulgação

Os ídolos santistas no futebol sempre encontraram dificuldades para receber o respeito dos argentinos. Pelé, Robinho, Neymar, nenhum deles conseguiu ser unanimidade vestindo a camiseta do Peixe. O Rei, por sinal, quase sempre é desdenhado pelos mais velhos. Quando estive em Buenos Aires, em 2008, muitos gostavam de citar jogadores de outros clubes brasileiros, os elegendo como “melhor que Pelé”.


Se os ídolos da região não agradaram por lá (muito em função das derrotas que impuseram aos argentinos), um santista, na área musical, conquistou nossos hermanos: Moacir dos Santos. E o reconhecimento veio por meio do audiovisual. Na quinta-feira (15), chega aos cinemas o documentário Moacir - O Santista que Conquistou os Argentinos.


Autor de inúmeros sambas, tangos, marchas de carnaval e boleros, Moacir deixou Santos, sua terra natal, e migrou para Buenos Aires em 1982, perseguindo seu sonho: triunfar como cantor na terra de Carlos Gardel. Sua empreitada, no entanto, não deu certo e Moacir terminou no Hospital Borda, diagnosticado com esquizofrenia paranóica.


“Descobri Moacir há mais de 12 anos, já estava investigando para um documentário chamado Fortalezas. Quando estava gravando no Hospital Borda, conheci Moacir. E ele queria muito protagonizar o filme, que é o primeiro de uma trilogia. Depois fizemos Moacir e Moacir III, que aqui estreia como Moacir – O Santista que Conquistou os Argentinos”, comentou o diretor Tomás Lipgot, que veio a Santos para uma pré-estreia, na segunda-feira (12), no Espaço de Cinema.


Com mais de 200 participações em festivais de cinema pelo mundo, Lipgot dirigiu, além da trilogia, oito curtas-metragens e os longas-metragens Casafuerte (2004), Ricardo Becher, Recta Final (2011), El Árbol de la Muralla (2012) e Vergüenza y Respeto (2015).



Alta do hospital


Para o argentino, a motivação em contar a história de Moacir está relacionada também ao fato de ele ter tido alta do hospital psiquiátrico, algo que não é muito comum na Argentina. “Ele também disse, quando estava internado, que tinha canções próprias. Esses pontos nos levaram ao primeiro filme Moacir. No filme que se seguiu, o último, foi mais para mostrar ele trabalhando, fazendo sua própria produção. Trabalhamos juntos numa área mais ficcional, não tão documental”, comenta o cineasta, sobre o fato de ter gravado um documentário sobre um filme.


Repercussão no exterior


De acordo com Lipgot, o último filme do santista já participou de aproximadamente 40 ou 50 festivais pelo mundo, incluindo América do Sul e Europa. “Moacir é um personagem muito querido, as pessoas têm muita empatia, se emocionam com as suas histórias. Em vários festivais ele também esteve presente apresentando o filme, cantando, lançando sua carreira de músico”.


O terceiro filme da trilogia tem locações bem conhecidas da nossa região. Lipgot conta que firmou uma parceria com a paulistana Miração Filmes para viabilizar as filmagens em Santos.


“Buscamos muitos familiares de Moacir, fomos nos cartórios. Ele dizia que tinha um irmão vivo, mas não encontramos ninguém. Em Santos, filmamos no Morro Boa Vista, onde ele morou, na (escola de samba) X9, que é uma parte muito importante do filme, porque ele recebe uma homenagem da escola. Temos várias imagens no mar e no Centro de Santos também. É a parte mais emotiva do filme, pois foi o seu retorno depois de muitos anos longe daqui”.


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