Artistas da Baixada Santista dançam Villa-Lobos no dia da música Clássica
"Seis Solos para Lobos" busca ressignificar padrões do balé clássico e questionar a elitização da música clássica enquanto dá luz a fragmentos da vida e obra de Heitor Villa-Lobos
Bailarinas múltiplas, que vão além do padrão da pele branca, do corpo magro e da idade juvenil. Músicas clássicas que transcendem a elitização e valorizam a cultura brasileira. É em busca de ressignificar estereótipos dessas expressões artísticas que surge o espetáculo Seis Solos para Lobos, unindo o balé às obras do emblemático compositor Heitor Villa-Lobos.
Realizado por artistas da Baixada Santista, o projeto estreia nesta sexta (5), no Dia da Música Clássica e aniversário de Villa-Lobos. O espetáculo será transmitido às 19 horas pelo canal do Núcleo Pesquisa e Movimento no Youtube e pela página da Prefeitura de Mongaguá no Facebook.
A apresentação será gravada ao vivo, diretamente do Teatro Municipal Raul Cortez, em Mongaguá. Para quem não conseguir acompanhar a programação hoje, Seis Solos para Lobos também será exibido amanhã, domingo e nos dias 12, 13 e 14. Sempre a partir das 19 horas.
Composto por solos e conjuntos de balé, que mesclam o clássico e o contemporâneo, os 45 minutos de espetáculo darão luz a fragmentos da vida e obra de Heitor Villa-Lobos, maestro considerado o maior compositor das Américas e a figura mais significativa para a música clássica brasileira no século 20. Na abertura, ainda haverá uma apresentação especial de música.
Reconhecimento
Seis Solos para Lobos se destacou no edital ProAC Expresso 2020, realizado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado, conquistando a maior nota entre os projetos selecionados no Interior e no Litoral Paulista.
Além disso, o projeto ficou em quinto lugar na classificação geral. Também contemplado pela Lei Aldir Blanc, o espetáculo é realizado pelo Núcleo de Pesquisa e Movimento, em parceria com a Cia de Artes Tribus, ambos de Praia Grande.
Beleza da diversidade
O elenco de Seis Solos para Lobos é composto por 11 bailarinas que dialogam com a diversidade do Brasil. Há bailarinas entre 17 e 45 anos, com múltiplos perfis e diferentes identidades culturais, como explica o diretor do projeto, Daniel Rolim, bailarino profissional e diretor do Núcleo de Pesquisa e Movimento.
“Por que o balé tem que ser da Europa e não nosso? Nesse espetáculo buscamos ressignificar o balé enquanto compreendemos nosso corpo brasileiro e nossa mãe indígena, não nosso padrasto europeu. Traduzimos essa linguagem, também reivindicada por tantos artistas como Villa-Lobos, para dentro da dança”.
Daniel explica que em meio ao processo de desenvolvimento do projeto, que teve início durante a pandemia, surgiram diversas discussões entre o elenco, que deram identidade à apresentação.
“Queremos sensibilizar o público sobre a importância da nossa cultura e nossa essência, trazendo visibilidade ao maestro que marcou nossa história e fez um trabalho que dialoga muito com tudo que vivemos hoje”.
