Violento e polêmico, Lars Von Trier retorna com A Casa que Jack Construiu

Produção reúne nomes fortes como Uma Thurman e Matt Dilllon no elenco

Por: Rubens Ewald Filho - Crítico de Cinema  -  01/11/18  -  16:11
  Foto: Divulgação

Há algum tempo o famoso e complicado diretor dinamarquês Lars Von Trier fez uma notável carreira graças ao Festival de Cannes, quando foi criando filmes originais e por vezes polêmicos, que fizeram muito sucesso crítico e até popular. Trabalhos como Onda do Destino, Dançando no Escuro (com Bjork), Melancolia, Manderlay, Dogville, Querida Wendy, O Grande Chefe e assim por diante (o IMDB registra 41 créditos).

Quando cometeu o erro de fazer um elogio a Hitler, durante uma edição do Festival de Cannes (que sempre o idolatrou), foi expulso do evento e a brincadeira de mal gosto quase destruiu sua carreira. Foi exilado e levou algum tempo como rejeitado, mas por ser atrevido e famoso conseguiu retornar este ano ainda que sem receber mais prêmios e mantendo o mal estar de detalhes de sua obra. Que muitos ainda rejeitam...

Acho interessante a obra dele desde que vi o longa que o revelou, Elemento de um Crime (1984), com suas ousadas narrativas, sempre duvidosas. Muita gente, porém, reclama dos seus excessos, suas manias e também muito do que esconde ou não explica sobre o uso desnecessário de cenas de sexo (hoje em dia já descartável).

Ainda assim manteve a fama e este filme, A Casa que Jack Construiu, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (1), tem momentos muito sérios e fortes, outros grosseiros (menos que antigamente) nos fazendo pensar mais em influência americana.

Com violência já na primeira sequência, quando uma mulher exuberante (Uma Thurman) pede ajuda para arrumar o seu carro que teve uma parada e precisa ser levada ao conserto. Quem a ajuda é justamente um ator americano que estava meio esquecido, mas retorna também aqui de forma surpreendente, Matt Dillon. Nunca gostei, mas respeitei muito a naturalidade com que enfrenta este projeto tão forte e um personagem tão desagradável. E não vou dizer o que acontece. O fato é que este é daqueles filmes que ou você fica chocado e escandalizado ou vai tornar a respeitar este diretor maluco.

Críticos amigos já disseram que ele é contra a humanidade e devem estar certo. Mesmo com tantas rejeições ele ainda assim cita Hitler (com menos ousadia). Na parte final surge uma figura estranha vivida por um famoso e já bem velho ator suíço Bruno Ganz. O curioso é isso, Trier continua ousado, atrevido, polêmico, discutível, mas ainda assim um grande cineasta. No caso ame-o ou deixe-o.

Não é nada fácil com um filme tão longo, mas das obras dele foi uma das que mais me fez entender e ficar chocado. Certamente não é uma grande pessoa humana, mas tem o talento de um polêmico e atrevido artista.



A Casa que Jack Construiu (The House that Jack Built). Duração: 2h35. Direção de Lars Von Trier. França / Suécia, 18. Roteiro de Jenne Hallund e Von Trier. Com Matt Dillon, Bruno Ganz, Uma Thurman, Jeremy Davies, Siobhan Fallon Hogan, Sofie Grabol, Riley Keogh, Ed Speleers, David Baillie.

Em cartaz no Espaço de Cinema


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